Noite
Se aquele hamster da escola nos ensinou alguma coisa, essa coisa é que ir pra casa com uma pessoa diferente toda noite não é nada que você precise se envergonhar
Já estive naquela cama
De quem diz que ama
E não sabe amar
Mesmo que por uma noite
Um único beijo que fosse
Pra saciar o desejo doce
Que a carência insiste em deixar
Queria eu todo dia
Que o dia meu
Fosse todo o dia
Dia e noite
Noite e dia
Ao lado seu
E noutro dia
Repetiria.
Suave música ao fundo
Só a quietude destoa
Baixas vozes melódicas
Aguçam estranhas manias
De empurrar o mundo.
Vento cantando
Sopra feito solidão
Voz única e violão
O mundo se move
Nesta canção.
Canto teus encantos
Repetindo o intérprete
Canto-te em mim
Na minha voz falsete.
Foi-se a meia noite,
A vida, a esta hora,
É o próprio silêncio
Que a gente cala.
Noite
Inúmeras são as noites em que sozinho
permaneço, sem desejo e sem carinho
nem mesmo a lua me faz companhia,
sinto apenas a solidão acompanhada de nostalgia
Muitas coisas preenchem os espaços
vazios do meu coração, que em pedaços
ficou depois da ilusão do nosso amor,
hoje o que resta é apenas os espinhos da flor
Distante surge luz, é uma estrela
que faz aparecer minhas lagrimas por causa dela
Não é saudade daquela ilusão
É medo do escuro, apenas solidão
Logo o sono me conquistará
E tudo irá voltar a mentira
De mais um dia alegre e vazio que termina
E uma noite que começa repleta de neblina
Noite fria
Trouxe a chuva num zumbido
agourento
Vozes a sussurrar recônditos
segredos
Incansavelmente, repetida vezes
Predizendo a longa e ruidosa
tormenta
Vindo do leste em movimentos
ensaiados
Arrastando a madrugada à procura
do amanhecer
Bailando por corredores de
álgido concreto,
Obras de meros mortais
subalternos
Deslizando pela fresta da gasta
janela
Rastejando por entre o estreito
vão da porta,
Como uma astuta e vil serpente
Impregnando o quarto com a
aspereza da noite lá fora
Afagando o espesso cobertor
de lã
Revelando a solidão que o
preenche.
Sobre o amor
Embora eu seja uma serie de "emboras", só tenho pensamentos de amor, porque talvez seja o amor a unificar as peças, os pedaços, os fragmentos e a fundi-los em ouro. E o amor sempre arma sua emboscada ao cair da noite. Amor com letras maiúscula, como escreve Petrarca, como um deus incógnito que, de repente, aparece no seu quarto para rabiscar tudo, remexer as suas vísceras e não lhe deixar alternativa a não ser ficar deitado olhando para o teto.
NOITE CHUVOSA DE INVERNO
Era uma noite de tempestade. O vento forte, que balançava os postes e as árvores da Rua Roberto Konder, entrava parcialmente pela janela do quarto de Camila. A peça se localizava na lateral da casa da família Garcia, um imóvel humilde, de cor verde-floresta, que frequentemente recebia a visita de vizinhos tamanho era o carinho de seus anfitriões.
Camila conseguia sentir o frio do vento invernal. A garota de dezesseis anos, de cabelos castanhos e bem-cuidados, jeans rasgado e camisa xadrez, estava deitada em sua cama encarando o teto. A decisão que tomaria dali a dez minutos poderia mudar a sua vida. Ela achava que nem os seus pais, sentados no sofá da sala e conversando tranquilamente ao som do Fantástico, conseguiriam lhe ajudar.
- Se ao menos o Rodrigo estivesse aqui... Ele saberia o que dizer – suspirou Camila, desolada, lembrando-se do irmão mais velho que saíra para estudar fora no ano anterior.
Camila Garcia entrara em conflito pela seguinte razão: o seu caso amoroso esfriara nos últimos dias. A paixão inicial havia passado. O rapaz, que tanto alegara estar perdidamente apaixonado pela moça, mudara de uma maneira repentina, justificando que necessitava estudar para as provas finais. Camila sabia que estava mentindo.
Entretanto, não era isso que a estava tirando do sério. Era o maravilhoso sorriso de Larissa Santanna, uma garota de sua escola, de lindos cabelos loiros e olhos azuis, líder do grêmio estudantil, que estudava um ano acima do seu; era o carisma em pessoa. Saber que Larissa estaria na festa que estaria começando em dez minutos, no seu bairro, fazia sua cabeça girar e imaginar diversos universos possíveis se fizesse o que o seu coração estava mandando.
Camila, então, se decidiu. Tentaria a sorte nessa noite chuvosa de inverno. Vestiu sua melhor jaqueta, pegou seu guarda-chuva, despediu-se de seus pais e saiu pela porta rumo à felicidade.
Sonhei contigo esta noite
mas não quero nem lembrar
cada detalhe furtivo
que roubou meu descansar
Quero aos poucos me entregar
ao que trouxe o meu desejo
sem, contudo, desvendar
o que move o que não vejo
Quero em mim redescobrir
o destino pelo mapa,
a coragem em sentir
a beleza em ser cascata
É você, e mais ninguém
o que é meu está guardado
no que eu disse sem dizer
na janela do meu quarto
no que eu mato pra viver
na frequência com que calo
Sonhei comigo esta noite
Anjinho da noite, arraste uma cadeira e com as cadeiras arranje um lugar.Me fale de sua vida, de suas idas e vindas na busca de ser feliz em par. Garçom mas um copo sobre a mesa por favor que de goela seca ela não vai parar de chorar. Respire fundo solte os medos por que agora está entre impares como você .
Ouço a voz do silêncio e o calar da noite. Sobre lua e estrela, procuro-te. Sobre o mar e o ar, sinto-te. Faço festa quando a tua imagem, a mim, vem. Defino traços, tatuo espaços, vastos, sobre tudo que de ti há em mim. E sobre tudo que és, nada sou em tua ausência, além da tua presença vivida em canto espectro do meu ser.
Pela noite escura vago...
E um ar impuro trago...
Teus cabelos não mais afago...
A solidão me leva a um profundo lago...
Meu coração sofreu tremendo estrago...
Só o tempo vai me tirar essa sensação de náufrago!
Pedro Marcos
Ano Novo
A vida te espera, e a noite já era! Que este amanhecer te encante, tenha esperança e sonhe a todo instante. Sinta a tristeza se afastar, ponha amor em seu olhar. Com alegria, tenha um lindo dia, neste ano que se inicia!
Breve
A noite leve que de mim fugia
Roubava insípida a minha exaustão
Não inspirava mais humor que o dia
Nem demonstrava por mim compaixão
Era tão breve a vida que partia
Levava intrépida a minha oração
Para que o tempo que de mim corria
Não me roubasse a minha solidão
E mesmo sóbrio, no temor das horas
Eu despertava a minha própria aurora
Cavando o óbvio no jardim do sempre
E mesmo louco, por querer tão pouco
Eu entregava enfim um canto rouco
Ao que de mim corria eternamente
Troco o dia pela noite
Porque a noite não me deixa ouvir nada
A noite trás consigo a lua e a escuridão
Trás consigo o sono e os sonhos
Troco o dia pela noite
Porque durante a noite não vejo ninguém
A noite faz com que todos me deixem em paz
Sem as vozes e as musicas e sem o barulho das maquinas
Durante o dia eu durmo
É o mundo dos sonhos me isola de toda essa algazarra
Me mantendo a salva da loucura das pessoas.