Noite
SOLIDÃO ATROZ
Quando fores dormir, ó saudade tenebrosa
na noite negra insone de uma agonia, e não
tiveres por alcova o ardor e o abraço, senão
o silêncio, uma ausência dum dedo de prosa
Adormeça-te, enxugue tua lágrima medrosa
na vil dor, e me deixe nesta aflitiva lassidão
com o meu pranto e o arfar do meu coração
então, não venhas me consolar aventurosa
O suspiro que tem um confidente em mim
pois, o esbaforir há de adormecer o poeta
da insônia sombria dessas noites sem fim...
Dir-te-ei: de que serve a calma completa?
se os teus estardalhaços, nos faz mais sós!
E ao sentimento, falto, uma solidão atroz...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 de maio de 2021 – Araguari, MG
PERJURO
Busco à noite, o silêncio, exausto de saudade
Pois é justo o repouso do sentimento fatigado
Novo instante, entanto! Lembrança que brade
Na emoção solitária. O desassossego acordado
Penitência ou vigília? Eu sei que n’alma invade
Toma de todo o pensamento, cada um pecado
Nesta disputa do coração, tão dura eternidade
Largando o meu olhar no tormento assustado
Bem aberto, tenho a sensação ali dormente
Na escuridão, cego, sinto mais que um vidente
Cada batida, cada som do suspirar no escuro
Assim, de dia a poesia, e de noite, à traição
Por que hão de me tirar a poética e a paixão
Dum amor que não deu, se era pra ser puro!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14/05/2016, 13'40" – Araguari, MG
O CERRADO LÁ FORA
Quanto o manto da noite veste o cerrado
O silêncio invade a alma numa melodia
Num versar tão sensível e tão sossegado
Tal uma sensação de uma erudita poesia
As estrelas no céu, alvacentas e luzidias
Numa harmonia em seu encantado voo
Bailam pra lua em parceiras companhias
Celebrando a magia dum dia que acabou
Escura, sombria, duma vastidão gigante
Odorante, e de um singular inteiramente
Belo, significante, muito a todo instante
E nesta quietação mouca dorme a flora
Numa sedução, e fascínio tão inocente
Do embalar da noite no cerrado lá fora...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 setembro, 2021, 20’44” – Araguari, MG
FRATERNIDADE
Noite iluminada! E o momento inteiramente
De festa. Que familiaridade guarda está hora
Em que tudo é solidarizarão, e a alma sonora
Soam vibrações de alegria, um festejo latente
E um sino entoa, longe, atraente, insistente
Venha a cerimônia do Natal que comemora:
Significação, verdade, a união, noite a fora
Único sentido de carinho para toda a gente
É o Natal! Deixe o contágio te ser integral
Abrace mais, tenha no gesto mais ternura
Faça do momento a fraternidade especial
Natal! Dê glórias, nasceu o Deus Menino
Para salvar. Nos oferecendo mais doçura
Padeceu de amor por nós, o amor Divino!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 dezembro, 2021, 14’43” – Araguari, MG
...Todavia da dor da despedida de um boa noite, tem, também, o reencontro com o bom dia... Na noite que era açoite, o dia se vê em outra via...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
DOR SUPREMA
Cai a noite, é outono, o cerrado chuvoso, prosa
o amplo e deserto céu, místico e tão sombrio
uma saudade rameira de angústia tenebrosa
geme, ladeia, se fazendo de um silente vazio
É noite. Chove. A sensação se vê preguiçosa
que só tortura... a recordação provoca arrepio
porque sofre na poética do bardo calamitosa
que só tem nas sombras de um nublado estio
E a noite adentra, e as saudades, uma a uma
pesam na solidão, e assim, a tristura exuma
acordando no sentimento o aperto que aflora
Ah! Eu quisera, planear a felicidade no poema
dum dito amor, um amor, não a dor suprema...
Chove lá fora! Cá dentro a minha alma chora!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 março, 2022, 17’52” – Araguari, MG
A noite chega, eu fecho os olhos e é você que eu vejo, e logo penso em te dizer; tenha uma ótima noite de descanso digno da mulher maravilhosa que você é, uma noite de descanso digno de uma amazona, que sai todos os dias para batalhar e conquistar o seu. E que ao cair da noite, lembre-se de que você é a poesia de que todo poeta gostaria de recitar, e ao acordar que seu dia seja abençoado, próspero e maravilhoso. 🌌🌹
Eu pertinho de você
A noite é um poema
A lua faz poesia
Sendo nós dois o seu tema.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
25/03/2024
“E respondendo Simão Pedro disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado a noite toda, nada apanhamos, mas, porque mandas, lançarei a rede” (Mateus 5.4)
Que garantia Pedro tinha senão confiar?
Muitas vezes será assim.
Uma palavra dEle.
E nossa obediência.
Num oceano infinito de dúvidas, a certeza de que, Aquele que ordena o lançamento da rede é O mesmo que cumpre Sua promessa.
Às vezes as frustrações são necessárias para desviarmos nosso olhar para novas perspectivas.
Às vezes as rejeições são necessárias para te manter humilde.
Às vezes tudo o que você precisa é exatamente isso que você está enfrentando.
Afinal, se soubéssemos tudo o que Ele (Deus) sabe, nossas preces seriam músicas de gratidão pelo que estamos vivendo hoje…
Quem sabe, um novo ângulo da história está sendo desvendado para você nesses dias?
Quem sabe, na solitude presente o coração de Deus está sendo revelado de uma forma profunda e única?
Quem sabe, onde menos se espera, um cardume de esperança aguarda um coração que, embora frustrado, anseia por lançar a rede?
A melhor “pesca” de todas,
Aquela “maravilhosa” que vem depois da frustração, só acontece depois que você obedece.
E não.
Não estamos falando de pesca.
A noite é uma criança…
Quando foi a última vez que você convidou a "sua" criança para brincar? Não falo do filho, sobrinho ou afilhado. Refiro-me àquela centelha dentro de você, a criança que um dia correu descalça pelos campos da imaginação.
A vida adulta, com suas regras, convenções e o peso da opinião alheia nos afasta da essência do ser. Esquecemos de simplesmente existir, de sentir a alegria pura que pulsava em nossos corações infantis. Mas hoje, algo mágico aconteceu.
De repente, sem aviso, a criança que habita em mim me chamou para brincar. E sem pensar em nada, simplesmente dei as mãos à ela e fui. Abandonei as amarras do relógio, as preocupações que pesavam como pedras, e me entreguei à leveza da infância.
Comi doce, sem pensar no amanhã, aquele turbilhão de açúcar entrando na minha corrente sanguínea, que despertou não apenas as células do meu corpo, mas também a alma adormecida. Cada pedacinho de felicidade era uma rebelião contra a rotina da alimentação saudável, do comportamento socialmente aceitável. Um grito de liberdade.
Quanta rebeldia! Pensei eu, com aquele sorrisinho maroto de criança traquina estampado na cara.
Infelizmente a hora de ir embora chegou. Fui para o carro, a chuva chegou. Um convite irresistível. Vamos esperar a chuva passar ou vamos encarar? Segui o conselho de Lulu: vamos nos permitir! Com minhas amigas, transformei a rua em um palco de memórias, onde as gotas frias lavavam as mágoas e reacendiam a chama da alegria.
A água escorria pelo meu rosto, senti a textura do chão molhado sob meus pés, o cheiro da liberdade invadindo meus pulmões. Por um instante, o tempo parou, e eu voltei a ser aquela criança que não temia a água, não se importava se ia encharcar a roupa, se ia molhar os cabelos, e o mais legal de tudo: eu apenas vivi o momento.
A felicidade era como uma bolha de sabão, leve e fugaz, que explodia em risadas no ar. Descobri que a alegria não precisa de grandes planos, ela se esconde nos detalhes, nos momentos simples que a vida adulta nos impede de ver.
A minha criança precisou ir dormir. A vida adulta me chama de volta, com seus boletos e compromissos. Amanhã Colocarei meu salto, vestirei a armadura da responsabilidade e sairei para “vencer” a vida.
Mas Prometi à minha criança interior que a visitaria novamente, que não a deixaria esquecida em algum canto da memória. E sei que ela estará lá, esperando, com um sorriso travesso um convite para brincar.
Todo dia e toda noite a "Alma" conversa com a "Morte" e diz "Hoje não", mas nem sempre a morte dá ouvidos.
Ao contemplar a imensidão da noite,
me deparo com a incerteza da escuridão. Mas, com foco, força e fé posso vislumbrar o iluminar no raiar de um novo dia.
A aurora dissipando as trevas, iluminando sorrisos, reescrevendo história, trazendo esperança ao meu ser.
Quase de manhã mais uma noite no vazio, me desafio, lá fora o mundo louco sem perdão nem compaixão...
Esta noite está brilhante, não a deixe ir
Estou perplexo, corando todo o caminho para casa
Vou ficar para sempre me perguntando se você sabia
Que eu fiquei encantado em conhecer você também
Naquela noite eu a vi novamente
Foi a primeira vez que toquei sua mão
Ela me fez sentir tão aquecido
Nós conversamos a noite toda
Até o amanhecer nos encontrar.
Eu vou assistir à noite ficar azul claro,
Mas nao é a mesma coisa sem você,
Porque precisa-se de dois para se sussurar,
O silencio não é tão ruim,
Até eu olhar para as minhas mãos e me sentir triste,
Porque os espaços entre os meus dedos
São bem onde os seus se encaixam perfeitamente.