No meu quarto
São três horas da tarde. (...)Trancada em meu quarto, vejo a luz do sol filtrada pelas persianas e ouço, vindos de longe, sons que me parecem do Carinhoso. (...) Para quem escrevo? Para mim mesma? Alguém lerá estas páginas?
O Mundo de Flora
Eu acordo,
abro a janela
e o sol ilumina o meu quarto.
Eu viajo até sua casa
em pensamento
e busco no seu rosto
um sorriso.
Eu te beijo, te abraço
e você nem me nota.
Eu te chamo, grito seu nome
e acabo me dando conta de que é somente uma ilusão.
Eu volto pro meu quarto,
olho pro seu
e vejo que o dia passou,
e eu passei o dia todo pensando em você.
DESENCANTO
Meu quarto outrora,
Habitava sonhos encantados – hoje,
Pesadelos (sombras de sonhos não realizados)
São meus anfitriões, aguardando-me
No limiar do meu sono de desencanto.
Meus pensamentos, que outrora
Deslizavam audazes e intrépidos
Através de minha boca,
Hoje se recolhem e só viajam
Por suas confidentes estradas secretas.
O que me constitui transformou-se
Numa silenciosa montanha
Aguardando a passagem do tempo,
Na certeza de que forças ocultas corroem-lhe a base,
Preparando-lhe a queda final.
O que guardo de belo em mim
São flores de cacto na aridez
Do deserto em que me tornei,
Castigado por “fenômenos climáticos”
Das minhas experiências de vida.
O que ainda me alenta
É a possibilidade de ter sido inventado,
E vivido e sofrido e usado,
Por um engenhoso e mágico inventor
Que saiba e queira e recicle
Os farrapos que sobraram de mim,
Quiçá até queira dar brilho novo
À luz que outrora
Fulgurava em meus olhos
A chuva cai lá fora, mansa, gelada respingando suas lágrimas na janela do meu quarto, e eu aqui atirado a solidão, perdido no meio de livros, olhando o tempo todo para o telefone na esperança de receber a tua ligação. Julguei um dia fazer parte da tua vida, julguei ser importante pra você, mas vi que tudo não passou de ilusão. A tua falta me deprime, me esmaga, me sufoca. Parece que outra vez o destino resolveu me passar uma rasteira. Por que meu Deus, por quê?
“Tô trancado no meu quarto meia noite sem ninguém, eu não durmo mais pra mim ta tudo bem, e lá fora o vento sopra, aquele som que a noite tem, eu não ligo mais ta tudo bem. (...)” Tento dizer que está tudo bem, mais na verdade não está, pois tudo me lembra você, tudo me lembra teu jeito, teu sorriso, teu carinho seria porque eu te amo? Mais como amar e não ter coragem de demonstrar tudo o que sente? Complicado isso, e não tem realmente pra onde correr, pior era passar por uma vida onde tudo era perfeito, na minha mente perfeito, vem após o imperfeito, como você saberia o que é perfeito se não existisse o imperfeito? Como você saberia o que é lindo se não existisse o feio? Como seria para você descobrir o amor se não existisse o ódio? Pra dizer a verdade meu problema é sempre ver coisas perfeitas, onde deveria ser o imperfeito, é ver lindo onde deveria ser feio, é ver amor onde deveria ver ódio, acho que achei uma certa definição para isso, simplesmente os opostos se atraem.
O barulho da chuva no telhado do meu quarto me assusta, me assombra, me inspira ... Aguça meus sentidos e desperta a criatividade que por vezes, parece estar em um coma profundo e sem chances de acordar.
Solidão
Sozinho no meu quarto,minha companheira é a solidão,
Faço dela hoje minha última paixão.
Dei tudo o que tinha: O amor e o coração...
Porém como o resto,foi tudo em vão.
Agora olhando para o passado,pude perceber
Que tive de abrir mão do que amava pra te ter.
Você que me bate e me maltrata sem ver
Solidão,não há mais como te descrever.
Da janela do meu quarto nuvens me sorriem e brincam de desenhar seus olhos que miram na minha direção,cuidando de mim.
Sozinho em meio a densa fumaça que cobre meu quarto, delirando sobre alguns graus de febre e a overdose de remédios, meus fracos pulmões relutam ainda em suspiros para eu não apagar de vez, contudo, não importa, um dia a mais um a menos, lamentos, lamentos, delírios de alguém que já não vive mais, apenas, sobrevive, não espero mudanças, apenas aguardo o final.
A Morte
Em frente à janela
De meu quarto,
Sentada em minha cama,
Eu espero o meu fim.
Creio que muito longe
Já não está.
Eu consigo vê-la no horizonte dos prédios
Que bloqueiam a minha visão do céu.
Eu a vejo, sim.
Eu a vejo em frente a mim
E dentro de mim.
Eu a vejo em minha pele
E em meu coração.
A vejo em minha mente
E em todos os lugares.
Eu consigo senti-la.
Eu sinto sua presença.
Em poucos instantes,
Talvez segundos,
Nós nos encontraremos.
Você e eu.
Morte.
“Falsa realidade”
Só, em meu quarto, me vejo no espelho
Uma face triste, em um dia longo
Que não tem fim. A tarde vem chegando
O sol vai ficando vermelho.
E a sensação de pesar não passa
Estou me maltratando!
Devagar o dia acaba e a noite por chegar,
Deixa-me cada vez mais apreensivo.
Procuro algo para me agarrar.
Tento me agarrar aos meus sonhos,
Sem sair da realidade!
Vou minha vida encenar,
Farei da minha vida ficção,
Algo que eu possa passar e repassar,
Uma representação daquilo que sou,
Uma representação daquilo que quero ser.
Vou tentar viver intensamente a vida,
Fazer acontecer, mudar, me surpreender...
-Sair desse quarto!
24/09/2010
As vezes da janela do meu quarto olho lá pra fora
E penso "Será que a vida vale a pena mesmo?"
E é quando eu lembro da serenidade dos teus olhos
E não preciso mais pensar...
Só me resta aquele leve e conformado sorriso no meu rosto a cada imagem sua que me passa pela cabeça...
Me sinto como um pássaro preso em uma gaiola.
Das grades do meu quarto vejo a vida passar, os pássaros voando, as nuvens passando ganhando formas inusitadas.
E eu aqui no meu quarto solitária.
De uma certa forma eu gosto da solidão, ela me dá inspiração, me faz pensar no que eu sou, em quem eu me tornei. Me faz refletir sobre tudo que eu fiz, sobre o que eu quero fazer.
Enfim, me faz pensar na vida que eu ainda não vivi. E sinceramente tenho medo de que não dê tempo de vive-la.