Nem tudo e Facil de Cecilia Meireles

O difícil é a moral estática, é mais fácil preparar os homens para a morte que ajudá-los a viver o dia a dia.

É tão fácil desperdiçar nossas vidas: nossos dias, nossas horas, nossos minutos. É tão fácil existir ao invés de viver. A menos que você saiba que existe um relógio marcando o tempo. Muitos de nós mudamos nossas vidas quando ouvimos o relógio biológico, e decidimos ter filhos. Mas este som é um murmúrio se comparado aos sinos da mortalidade.

Tirar a batuta de um maestro é tão fácil quanto difícil é reger com ela a quinta sinfonia de Beethoven.

Pergunta: o que é fácil e o que é difícil? Resposta: formular perguntas como esta é fácil; respondê-las é difícil.

É mais fácil suportar as aflições de estômago cheio.

O cérebro pode ser fácil comprar, mas o coração nunca é comercializado.

Uma tarefa fácil torna-se difícil quando você a faz com relutância.

É mais fácil não dar o poder a certos homens do que impedir que abusem dele.

A preguiça dificulta, a atividade tudo facilita.

O insignificante presume dar-se importância maldizendo de tudo e de todos.

Perdoamos tudo a nós próprios e nada aos outros.

Quem é capaz de suportar tudo pode atrever-se a tudo.

Tudo é relativo, salvo o infinito.

Há homens para nada, muitos para pouco, alguns para muito, nenhum para tudo.

O luxo, como o fogo, devora tudo e perece de faminto.

Tudo o que não é paixão tem um fundo de aborrecimento.

Só o silêncio é grande, tudo o mais é fraqueza.

Apenas o silêncio é grande, tudo o mais é debilidade.

Descontentes de tudo, só nos contentamos com o nosso próprio juízo, por mais limitado que seja.

Suportamos tudo isso, por amor dos eleitos.