Nem sei quem sou

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Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que as pessoas me enxergam.

Desconhecido

Nota: O pensamento tem vindo a ser atribuído a Bob Marley e Carlos Drummond de Andrade, sendo muitas vezes confundido com um trecho de um poema de Fernando Pessoa.

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Com perdão da palavra, sou um mistério para mim.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O “verdadeiro” romance.

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QUEM SOU EU

Sou uma pessoa feliz,
Amo muito a vida
E dela sou aprendiz;
Tenho várias paixões,
Mas, como qualquer um,
Possuo imperfeições;
Se os caminhos desta vida
Ainda não sei de cor,
Pelo menos busco,
A cada dia,
Tornar-me alguém melhor.

13 Linhas Para Viver

1. Gosto de você não por quem você é, mas por quem sou quando estou contigo.
2. Ninguém merece tuas lágrimas, e quem as merece não te fará chorar.
3. Só porque alguém não te ama como você quer, não significa que este alguém não te ame com todo o seu ser.
4. Um verdadeiro amigo é quem te pega pela mão e te toca o coração.
5. A pior forma de sentir falta de alguém é estar sentado a seu lado e saber que nunca vai poder tê-lo.
6. Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiveres triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso.
7. Pode ser que você seja somente uma pessoa para o mundo, mas para uma pessoa você seja o mundo.
8. Não passes o tempo com alguém que não esteja disposto a passar o tempo contigo.
9. Quem sabe Deus queira que você conheça muita gente errada antes que conheças a pessoa certa, para que quando afinal conheças esta pessoa saibas estar agradecido.
10. Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.
11. Sempre haverá gente que te machuque, assim que o que você tem que fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso em quem você confia duas vezes.
12. Converta-se em uma pessoa melhor e tenha certeza de saber quem você é antes de conhecer alguém e esperar que essa pessoa saiba quem você é.
13. Não se esforce tanto, as melhores coisas acontecem quando menos esperamos.

A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Quem sou eu? A alegria de quem me ama, a tristeza de quem me odeia e a ocupação de quem me inveja!

Sou o que sou
porque vivo da minha maneira...
Você procurando respostas olhando pro espaço,
e eu tão ocupado vivendo...
Eu não me pergunto,
Eu faço!

Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma ideia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou maduro bastante ainda. Ou nunca serei.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O impulso.

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Você é o que você gosta

Quem sou eu? Quando não temos nada de prático nos atazanando a vida, a preocupação passa a ser existencial. Pouco importa de onde viemos e para onde vamos, mas quem somos é crucial descobrir.

A gente é o que a gente gosta. A gente é nossa comida preferida, os filmes que a gente curte, os amigos que escolhemos, as roupas que a gente veste, a estação do ano preferida, nosso esporte, as cidades que nos encantam. Você não está fazendo nada agora? Eu idem. Vamos listar quem a gente é: você daí e eu daqui.

Eu sou outono, disparado. E ligeiramente primavera. Estações transitórias.

Sou Woody Allen. Sou Lenny Kravitz. Sou Marilia Gabriela. Sou Nelson Motta. Sou Nick Hornby. Sou Ivan Lessa. Sou Saramago.

Sou pães, queijos e vinhos, os três alimentos que eu levaria para uma ilha deserta, mas não sou ilha deserta: sou metrópole.

Sou bala azedinha. Sou coca-cola. Sou salada caprese. Sou camarão à baiana. Sou filé com fritas. Sou morango com sorvete de creme. Sou linguado com molho de limão. Sou cachorro-quente só com mostarda e queijo ralado. Do churrasco, sou o pão com alho.

Sou livros. Discos. Dicionários. Sou guias de viagem. Revistas. Sou mapas. Sou Internet. Já fui muito tevê, hoje só um pouco GNT. Rádio. Rock. Lounge. Cinema. Cinema. Cinema. Teatro.

Sou azul. Sou colorada. Sou cabelo liso. Sou jeans. Sou balaio de saldos. Sou ventilador de teto. Sou avião. Sou jeep. Sou bicicleta. Sou à pé.

Você está fazendo sua lista? Tô esperando.

Sou tapetes e panos. Sou abajur. Sou banho tinindo. Hidratantes. Não sou musculação, mas finjo que sou três vezes por semana. Sou mar. Não sou areia. Sou Londres. Rio. Porto Alegre.

Sou mais cama que mesa, mais dia que noite, mais flor que fruta, mais salgado que doce, mais música que silêncio, mais pizza que banquete, mais champanhe que caipirinha. Sou esmalte fraquinho. Sou cara lavada. Sou Gisele. Sou delírio. Sou eu mesma.

Agora é sua vez.

Martha Medeiros
Crônica "Você é o que você gosta", 2003

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 10 de novembro de 2003.

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"Quem você pensa que é?"
perguntou para mim de queixo em pé...
Sou forte,
fraca,
generosa,
egoísta,
angustiada,
perigosa,
infantil,
astuta,
aflita,
serena,
indecorosa,
inconstante,
persistente,
sensata e corajosa,
como é toda mulher,
poderia ter respondido,
mas não lhe dei essa colher.

Quem sou eu além daquele que fui?
Perdido entre florestas e sombras de ilusão
Guiado por pequenos passos invisíveis de amor
Jogado aos chutes pelo ódio do opressor
Salvo pelas mãos delicadas de anjos
Reerguido, mais forte, redimido,
Anjos salvei
Por justiça lutei
E o amor novamente busquei

Quem sou além daquele que quero ser?
Puro, sábio e de espírito em paz
Justo, mesmo que por um instante,
Forte, mesmo sem músculos,
E corajoso o suficiente para dizer “tenho medo”

Mas quem sou eu além daquele que aqui está?
Sou vários, menos este.
O que aqui estava, jamais está
E jamais estará
Sou eu o que fui e cada vez mais o que quero ser
Mudo, caio, ergo, sumo, apareço, bato, apanho, odeio, amo…
Mas no momento seguinte será diferente
Posso estar no caminho da perfeição
Cheio de imperfeições
Sou o que você vê…
Ou o que quero mostrar.
Mas se olhar por mais de um segundo,
Verá vários “eus”,
Eu o que fui, eu o que sou e eu o que serei.

Para quem me odeia

Eu te amo. E não seria metade do que sou sem você, juro.
É seu ódio profundo que me dá forças para continuar em frente, exatamente da minha maneira.
Prometa que nunca vai deixar de me odiar ou não sei se a vida continuaria tendo sentido para mim.
Eu vagaria pelas ruas insegura, sem saber o que fiz de tão errado.
Se alguém como você não me odeia, é porque, no mínimo, não estou me expressando direito.
Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço.
Ainda mais quando é enfática como a sua - todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você.
E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos.
Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que "negativo" significa o melhor resultado possível.
Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar - cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco.
Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando.
Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração.
Bom, como você deve ter percebido, esta é uma carta de amor.
E, já que toda boa carta de amor termina cheia de promessas, eis as minhas:
Prometo nunca te decepcionar fazendo algo de que você goste. Ao contrário, estou caprichando para realizar coisas que deverão te deixar ainda mais nervoso comigo.
Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Sem esquecer de sempre tentar descobrir novos jeitos de te deixar irritado.
Prometo jamais te responder à altura quando você for, eventualmente, grosseiro comigo, ao verbalizar tão imenso ódio. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica.
Prometo, por último, que, se algum dia, numa dessas voltas que a vida dá, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando. Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso.
Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais.

Com amor, da sua eterna.

Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo.

Tenho seis servos que me ensinaram tudo o que sei: O quê?, Porquê?, Quando?, Como?, Onde?, e Quem?

Rudyard Kipling
KIPLING, R., Just So Stories, 1902

Milagres

Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa de especial?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres:
ou ande eu pelas ruas de Manhattan,
ou erga a vista sobre os telhados
na direcção do céu,
ou pise com os pés descalços
bem na franja das águas pela praia,
ou fale durante o dia com uma pessoa a quem amo,
ou vá de noite para a cama com uma pessoa a quem
/amo,
ou à mesa tome assento para jantar com os outros,
ou olhe os desconhecidos na carruagem
de frente para mim,
ou siga as abelhas atarefadas
junto à colmeia antes do meio-dia de verão
ou animais pastando na campina
ou passarinhos ou a maravilha dos insectos no ar,
ou a maravilha de um pôr-de-sol
ou das estrelas cintilando tão quietas e brilhantes,
ou o estranho contorno delicado e leve
da lua nova na primavera,
essas e outras coisas, uma e todas
— para mim são milagres,
umas ligadas às outras
ainda que cada uma bem distinta
e no seu próprio lugar.

Cada momento de luz ou de treva
é para mim um milagre,
milagre cada polegada cúbica de espaço,
cada metro quadrado da superfície da terra
por milagre se estende, cada pé
do interior está apinhado de milagres.

O mar é para mim um milagre sem fim:
os peixes nadando, as pedras,
o movimento das ondas,
os navios que vão com homens dentro
— existirão milagres mais estranhos?

Walt Whitman
WHITMAN, W., Folhas de Erva

Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha, e por isso terei você para sempre.

Paulo Coelho
Brida. Rio de Janeiro: Rocco, 1990.

Nota: Trechos adaptados do livro "Brida".

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Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão. Poderá morrer de saudades, mas não estará só.

Amyr Klink
Livro: Cem dias entre céu e mar

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa
Poesias Inéditas (1919-1930)

Torna-te aquilo que és.

Friedrich Nietzsche
Ecce Homo: Como alguém se torna o que se é. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Nota: A citação, na verdade, pertence ao poeta grego Píndaro, mas foi replicada por Nietzsche no livro "Ecce Homo".

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O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele.

Machado de Assis

Nota: Autoria não confirmada.