Nem Cicatrizes Deixam
Pessoas fortes são as que mais carregam destroços do que foram na bagagem e cicatrizes sobre a pele e ainda assim seguem inteiras.
As minhas cicatrizes são a prova viva de que eu sobrevivi, de que eu me curei de tudo que me machucou.
Ela exibe as cicatrizes como se fossem lindas tatuagens que a vida fez sobre sua pele e, bela segue pela vida de cabeça erguida, orgulhosa da própria história.
O tempo cura as feridas e deixa as cicatrizes para você lembrar do processo que foi chegar onde chegou.
São tantas marcas
Quantas cicatrizes...
Ao fechar os olhos ainda posso ver
Feridas que não querem fechar
No silêncio do meu quarto
Ouço a música que você mais gostava
Longe...longe
Apenas lembranças
Passos largos
O sorriso
Vejo você dançar
Esboço outro sorriso
Na brincadeira de criança
Um moleque para mim
Sempre alegre
Agradecido
Esse homem estava ali
Forte
Decidido
Quem diria o por vir
Passa o tempo
Passa depressa...
Mas sinto você aqui.
Não é tristeza
Não há mais dor
E sim a saudade que ficou
De tempos bons
De uma vida boa
Do amor que se acabou
Islene Souza Leite
INVENTÁRIO (soneto)
Dos detalhes os anos tomaram conta
Já se foram muitos, algumas cicatrizes
Pois, lembranças, são meras meretrizes
Dum ontem, no agora não se faz afronta
O meu olhar no horizonte é sem raizes
Pouco lembro onde está a sua ponta
Tampouco se existe algo que remonta
O remoto perdido, pois sou sem crises
Gastei cada suspiro pelo vário caminho
Brindei coisas, na taça deleitoso vinho
Na emoção, chorei e ri, a tudo assistia
Em cada tropeção, espinho e carinho
Ali aconcheguei o meu lado sozinho
Não amontoei nada, nas mãos, poesia
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano
CICATRIZES
Muitas dores, por certo, me brotaram
Por certo, em muitas dores eu sangrei
Alguns estrepes, n’alma, me fincaram
Desses o silêncio, o pesar, eu guardei
Das sofrências que dores entrelaçaram
A tua foi a mais acerada, a que chorei
Das tredices que com remorso faltaram
A tua me feriu e o que mais me assustei
De tantas amarguras as juras morreram
O sentimento caído, sensações teceram
Muitas fincaram, doem, e como eu sei!
E se ainda sinto saudades do teu abraço
São suspiros, termo e apenas um pedaço
Do profundo e intenso amor que te dei...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 outubro, 2021, 05’:17” – Araguari, MG
"As cicatrizes são poemas tatuados na pele, versos de dor e superação que narram a saga da nossa existência."
"As cicatrizes que carrego são os meus guias, lembretes constantes da minha força, resiliência e capacidade de superar qualquer obstáculo."
"No mapa da minha vida, as cicatrizes marcam os lugares onde mais cresci e me transformei, tornando-me a pessoa que sou hoje."
"A impermanência da nossa existência tece cicatrizes na alma, criando um reiterado lembrete da finitude humana."
As minhas cicatrizes lembram-me
de que mesmo entrando numa batalha sem espadas e armaduras, isso não me impedirá de que eu lute por mim.
Nas minhas cicatrizes, eu carrego a força e a fé.
Ouvi muitos corações, que amaram felizes e aprofundaram nas suas relações, hoje carregam cicatrizes e magoas das decepções. Amar sem verdade, não é amar, é praticar maldade, quem pratica maldade planta espinho, no tribunal de Deus não tem jeitinho, não tem impunidade, quem faz o bem, colhe as flores, quem faz o mal colhe os espinhos, a vida é cheia de arapucas, se tu hoje machucas um coração de amor, amanhã sentirás a mesma dor.
Coleciono sonhos, amores, cicatrizes.
Toda e qualquer variação do que fui ainda reside em mim.
As decepções e dores passadas, não foram compensadas pelas alegrias de agora. Talvez, nunca serão.
Entretanto, sinto que as primeiras vão perdendo sua força, pouco a pouco, e já não incomodam tanto.
Já as alegrias, essas parecem iluminar mais forte a minha alma, como se eu pudesse percebê-las com novos sentidos.
Descubro em cada caminho novidades e destinos. Existem coleções inéditas a serem formadas.
Como esperar que alguém cure as suas cicatrizes, as suas dores, se você não permitir que um alguém entre de novo no seu coração.