Nem Cicatrizes Deixam
Seus dengos, mimos e chamegos me deixam escandalosamente feliz. O sorriso escancarado no meu rosto denuncia a felicidade que sua presença me traz.
Existem companhias que deixam não somente o céu mais bonito, mas qualquer outro lugar onde ela possa estar conosco.
É impossível precisar o momento, o instante preciso em que os afetos deixam de ter vida para se tornarem apenas pó sob a lápide do esquecimento.
Almas perfumadas sempre deixam por onde passam muito mais do que lembranças e um rastro doce de saudades: deixam pegadas de luz, suavidade, leveza e o inconfundível cheiro de flor.
Algumas lembranças deixam marcas, como pegadas douradas na inestimável curva do sorriso. Outras percorrem caminhos impressos no vinco da face molhada por onde a lágrima passou.
Acho que para alguns mais do que lição, certas pessoas são castigo e, as marcas que deixam em nós podem durar uma vida inteira. Às vezes, até mais de uma vida.
Algumas pessoas são como estrelas: não deixam que a luz do nosso coração se apague nas noites de tempestades e solidão.
Quando as palavras te causarem desconfiança, pare e observe as atitudes, elas jamais deixam dúvidas.
Algumas pessoas são tão inseguras que quando deixam alguma dor no passado voltam com certa frequência a ele para se certificarem de que realmente ela está lá.
Para entrar em um novo relacionamento a gente precisa antes se curar. Pessoas doentes deixam outras pessoas também doentes.
Por isso...
A gente precisa de curar do amor sem sintonia, da doação sem reciprocidade, das promessas não cumpridas e entender que amor não traz em si a certeza da correspondência.
A gente precisa se curar das ofensas que, como tatuagem ficaram impressas em nossa alma
A gente precisa se curar da falta de respeito por nós não só como mulheres, mas como seres humanos.
A gente precisa se curar do silêncio estrondoso que chegavam aos nossos ouvidos com o tom do desprezo.
A gente precisa se curar das palavras ocas, da presença vazia, do abraço frouxo e do beijo morno.
A gente precisa se curar das desculpas esfarrapadas que mais eram uma ofensa à nossa inteligência.
A gente precisa se curar das acusações sem nexo, da falta de confiança e do ciúmes que corroeram a nossa integridade.
A gente precisa se curar das feridas que ficaram abertas no nosso coração.
A gente precisa se curar da infidelidade que abalou o nosso amor-próprio e destruiu a nossa autoestima.
A gente precisa se curar da dor do luto de ter sido viúva de companheiro vivo.
E por fim a gente precisa se curar do vazio de quem foi, levando consigo a nossa razão de viver.
As maiores lições de amor-próprio nós aprendemos com os gatos. Gatos amam, mas não se deixam dominar; gatos são animais livres, independentes e não permitem serem manipulados ou aprisionados. São companheiros, fiéis e, sobretudo, sinceros, se recebem amor ficam, se não recebem vão embora.
Nós não temos controle algum sobre o que os outros nos fazem ou deixam de fazer. Mas temos total controle sobre nós mesmos: focar na lição é um aprendizado, mas focar na dor só aumenta o sofrimento. Você escolhe.