Néctar
CALAR DE AMOR
Beija-me, como beija um beija-flor...
Esse néctar, esse aroma florido
esse doce, do doce amor.
E como uma flor de rosa
abrocharei, a prosa da alegria
nesse momento de esplendor.
E no aroma desse dia
flutuarei com meu sentimentos
sobre o céu da nostalgia.
Beija-me como beija um beija-flor
no calor desses lábios fartos
que por ti, cala de amor.
Antonio Montes
"Existe em mim uma estranha mescla entre o néctar dos deuses e o ácido do limão... Difícil é dosar, para que um não se sobreponha ao outro..."
Marli D.H.F.
Que gostoso me imaginar ser seu beija flor e beijar sua flor, deliciar-me do seu néctar, me perder no meio de suas pétalas sedosas, sentir sua pele quente, úmida e macia, o aroma do seu perfume enebriante e envolvente, encaixar nos seus lábios os meus e entregar -me no seu desejo... provar de você e me perder na fantasia do seu sonho.
Tantas formas de amor que sinto, a confusão me toma os sabores, pois em cada néctar existencial, individual e talvez solido, me complico nas escolhas.
Porem aprendi a apreciar este saboroso conhecimento com você...
Do néctar dos seus doces lábios, mantenho-me afastado do pecado. Mas no fundo a vontade de prova-los.
E da semente nasceu a flor; da flor a abelha pegou o néctar; do néctar surgiu o mel; do mel o urso se alimentou; do urso o desenho se inspirou; do desenho a criança parou; da criança cresceu um sujeito; o sujeito comprou um buquê de flores; das flores sementes caíram no chão; da semente o pássaro se alimentou; do pássaro a moça se inspirou; da inspiração nasceu o amor.
Enquanto Morfeu não me embriaga, experimento o amargo do fel, o azedar do néctar. Quando se ama de verdade, às vezes é preciso soltar a ave, ansiosa por planar na amplidão. É impossível traçar seu caminho entre nuvens tempestuosas outrora céu azul anil límpido. Mas é preciso libertá-la da gaiola, vivendo na dúvida da perca para sempre ou do retorno para casa. Arrependimento inexistente por não podar-lhe a asa, o que seria uma atitude egoísta. Quando se ama, é preciso saber o momento em que se liberta. E o dono, entre aspas, nem tão dono, retorna a ave ao mundo que tanto sonhara. Ao encontro de outra ave. À espera que um dia, ela voe de volta ao ninho.
Fidelidade é... Um néctar raro da rosa, e só é sorvido pelo seleto e também fiel bem-te-vi!
As ilusões das concupiscências da carne, dos olhos, se desvaneceram ao primeiro olhar, voar sobre o jardim paradisíaco.
Metamorfose
Meus poemas
são borboletas...
Que voam...
Em buscar de néctar.
Nos corações de quem os leem.
IPIRANGA
Entre amigos,
gargalhadas,
poemas a declamar,
ouvidos atentos.
Néctar fermentado,
não me faz tremer,
poema citado,
agora podemos beber.
Beber e ler,
antes do sol nascer,
do bar fechar e
o som desligar.
Pés errados no meio fio,
visão embaçada,
palavras dobradas.
Somos tão jovens,
Como Renato,
selvagens.
Bexigas cheias de cerveja,
banheiros do posto am/pm
pensamentos embaralhados,
ser-veja.
Sentir-se sóbrio após mijar,
apenas mais um efeito do álcool,
que resulta em poesia.
ARREDIO
Sou beija-flor a suplicar lhe o néctar
Sou sol ameno a acariciar lhes as pétalas
Sou poesia escrita em tabuletas sem valor
Sou vaso de barro vazio e as vezes arredio
Mas sempre aberto e pronto
A se encher e transbordar de AMOR.
Há frutos que não colhi
Na polpa doce do tempo
Há pingos de néctar
Nos fios de minha memória
Há um eclodir de cores e sabores
Nas ramagens dos meus outonos
E fico a sorver...
A aragem açucarada dos ventos
Presente nos bagos maduros
Dos frutos que não colhi.
Lábios de amoras ao sabor do vento.
Doce, transparente, néctar silvestre
aroma cativante, magicamente envolvente
do campo, da terra, paladar eloquente!