Navios
Dentro da noite
Escura se escondem
Navios mercantes,
Ilusionários e poetas
Sonhadores que amam
E dormem.
Veja o céu, infinito azul..
E as estrelas são como navios a navegar por entre as nuvens
Corais então são as luzes
Brilhantes sobre a cidade.
Olhe, veja quem ficou para trás,
Embora muito distantes
Estejam fora do alcance dos olhos..
Fantamas solitário a gritar,
Por entre o céu que pintado está, numa tela branca, então..
O vento deste mar salgado
Fez os pássaros chorarem.
Retratando um sonho eterno
Um eterno céu de inverno.
E as ondas..
Elas batem no meu rosto
Vento forte puro e seco,
Que me levam para longe e alegram minha casa, velha casa..
E o mar..
Ele disse adeus para a praia
E voltamos a viver solitarios na multidão..
Ilha dos navios de carvão
eu sou o marinheiro mais tímido do cais
embarquei numa viagem sozinho
assim escolhi, menos gente pra cuidar
guardo meus sentimentos num bau
enferrujado pelo sal do mar
e eu sou o assunto sobre o qual menos gosto de escrever
sou sem graça
sou azul
sou feio
e sou poeta
as ondas do mar me embalam
a chuva da manha me acorda
o sol é meu guia
polaris é minha guia
em busca do amor que o homem não deve querer
dentro do deserto de mim mesmo
nadei noite e dia dentro da areia das lagrimas secas
ate chegar numa ilha
a ilha eu
regido pelo canto da sereia Gabi(desculpe por isso)
eu me perdi
eu me achei
eu me larguei
me entreguei e tomei de volta
eu me fiz só
e me fiz um comigo
juntando cada parte espalhada pela praia
e se tornares a perguntar quem sou
eu sou a lua sobre o signo de escorpião
mercúrio rei da salva
eu sou marte genio
eu sou o amor
eu sou o homem
eu sou helom
Ela destruiu todas as pontes, afundou os seus navios, e agora não poderá mais voltar. Sorriu pela ultima vez, e atirou-se na lama de ouro escaldante, me desculpe, eu tentei evitar... Apanhe as suas memórias, abra as janelas do seu segundo rosto, ouça a canção do vento traiçoeiro lhe prometendo um jardim de virtudes e delicias, mas logo abaixo há o braço que sustenta e dobra a sua historia, observe a sua exausta liberdade para depois sonhar que um dia existiu...
Navios navegam mais rápidos, Pipas sobem mais alto e Cataventos se tornam mais fortes e eficazes quando lutam CONTRA o vento, não a favor dele.
Negritude
Ouço o eco gemendo,
Os gritos de dor,
Dos navios negreiros.
Ouço o meu irmão,
Agonizando a fala,
Lamentando a carne
Pisada,
Massacrada,
Corrompida.
Sinto a dor humilhante,
Do pudor sequestrado,
Do brio sem arbítrio,
Ao longe atirado,
Morto e engavetado,
Na distância do tempo.
Dói-me a dor do negro,
Nas patas do cavalo,
Dói-me a dor dos cavalos.
Arde-me o sexo ultrajado
Da negra cativa,
Usada no tronco,
Quebrada e inservida,
Sem prazer de sentir,
Sem desejos de vida,
Sem sorrisos de amor,
Sem carícias sentidas,
Nos seus catorze anos de terra.
Dói-me o feto imposto ao negro útero virgem.
Dói-me a falta de registro,
do negro nunca visto
Além das senzalas,
No comer no cocho,
No comer do nada.
Sangra-me o corte na pele,
Em abertas feridas,
De dores doídas,
No estalo da chibata.
Dói-me o nu do negrinho
Indefeso escravozinho,
Sem saber de razões.
Dói-me o olho esbugalhado,
No rosto suado,
No medo cravado,
No peito do menino.
Dói-me tudo e sobre tudo,
O imporque do fato.
Meus pêsames sinceros à mentira
multicolor da princesa Isabel.
Mas contudo,
Além de tudo
E muito mais por tudo,
Restou-me invulnerável,
Um imutável bem:
Ultrajadas as raízes,
Negados os direitos,
Ninguém roubou-me o lacre da pele.
Nenhum senhor. Ninguém!
Sob o céu de Brasília, as nuvens flutuam,
Lentas e majestosas, como navios no mar,
Cobrindo a cidade em um manto de sombra e luz,
Que nos faz sonhar com um mundo novo a desbravar.
Nessa cidade planejada, onde o concreto é rei,
As nuvens nos lembram da imensidão do céu,
E nos convidam a olhar além dos prédios e avenidas,
E a buscar novos horizontes, novos sonhos a alcançar.
Elas são como um espelho, refletindo nossos pensamentos,
Nossas esperanças, nossas angústias e nossas dores,
E nos lembram de que, assim como elas, somos passageiros,
Nessa jornada chamada vida, que é cheia de amores e dissabores.
Mas mesmo que o tempo passe, as nuvens sempre estarão lá,
Silenciosas testemunhas do passar dos dias e das estações,
E nos lembrando de que, em meio à correria e à pressa,
É importante sempre olhar para cima, e ver a beleza das criações.
Estações
Por versos longínquos viajei meus pensamentos em você
Transpassei veleiros navios sobre um caloroso mar
Pude enxergar obsoletas histórias sobre o significado de um amor
Onde raízes da maldade não caminham
Onde o bem é visto como um espinho
Interiormente incluído no corpo de uma rosa
O equilíbrio do seu olhar ligado ao meu peito
Por estações de um ano todos os dias é você
Em outono o seu perfume clareia o meu amar
O céu alaranjado representa a sua presença em meu ser
Por mais que teus delicados fascínios encontram-se distantes
No inverno sozinho eu me aqueço
Com meu olhar direcionado a lareira
Pego-me imaginando como seria correr contigo em primaveras
Observar teus ondulados cachos sobre a brisa do frescor
Movimentar delicadamente meus dedos em seu rosto
E saber que no verão estarás comigo
Quem dera fosse
Se teu corpo tornasse um só
Se minha alma dividisse em nós dois
Sobre a beira da praia e um sol distante
Sobre a beira do mar e você tão inconstante
Me declarando um amor aquecido como o verão
Sobre o dia em que lhe encontrei caminhando
Deslocando-se em areias brancas
Imaginando as estações de um ano
Fantasiando um homem capaz de vivê-las ao seu lado
Beber cálices amargos
Doce ao final
Doce como o mel
Doce como os teus lábios.