Nascimento e Morte
Grand Finale: Vida e morte em quatro quartos. (25 - 50 - 75)
No final do primeiro quarto, aos 25 anos, aproveitando ou não, deixamos para trás na vida, a verdadeira e real melhor idade. Após termos curtido uma feliz infância, sobrevivendo as turbulências da adolescência, galgamos a maioridade. Lançado nosso barco em alto mar, só nos restou navegar, pois já desperdiçamos nossas melhores oportunidades do nosso tempo, ou não, no primeiro quarto. O gato tem sete vidas, nós só temos quatro quartos. E no primeiro deixamos nossos brinquedos, nossa melhor bicicleta, nossa linda namorada, todas nossas maiores aventuras, nossas bolas de gude, todas aquelas alegres tardes no parque, nossas cafifas, nossas bolas, nossos skates e patins, nossos melhores tablets, quiçá, nossos melhores amigos.
No final do segundo quarto, aos 50 anos, já com filhos da idade do nosso primeiro quarto, ou mais, ofegantes de tanto trabalhar e saudosos do que perdemos de vitalidade, somos aconselhados a tomar suplementos energéticos, pois tudo já vai começar a despencar, daqui até a metade do quarto seguinte, ninguém mais nos segura.
No final do terceiro quarto, aos 75 já estamos bem desgastados, mas bem experientes e velhos, o suficiente, para sermos considerados sábios e bem pacientes, em todos os sentidos, pois é neste momento que descortinamos todo o universo, como se o mundo estivesse na palma de nossas mãos, já bem delicadas, mas compreendendo como tudo funciona, de verdade, sem crer mais em todas aquelas mentiras que, desde a tenra infância, fomos obrigados a acreditar e engolir, goela a baixo, sem sequer poder pestanejar.
Quarto quarto, bem, duvido que a maioria esteja viva neste último quarto, este foi reservado aos possuidores de juizo perfeito, que cuidaram da saúde desde a primeira infância, ou tiveram pais inteligentes ou geneticamente saudáveis e não jogaram esta parte da vida fora, quando iludidos foram por falsas curtições com bebidas, cigarros e alucinógenos mil, inclusive os que, suposta e prejudicialmente, lhes forneceriam asas, sobrevivendo talvez a algum naufrágio do passado. A esta altura do campeonato estaremos todos mortos e caminhando para o devido esquecimento do que, para a maioria, foi uma inútil e miserável vidinha, só nos restando dormir, para sempre, sem ir para lugar nenhum, muito menos lá em cima, uma vez que estaremos todos sem nossas lembranças, sem cérebro e coração, a energia pifou, restou nada para sonhar, melhor esquecer, inclusive dos impostos para pagar, ou não, quem sabe não vão nos cobrar no enterro pela rasa cova, já que nem um crematório público, decente, existe neste país, mas isto já fica para outros cuidarem, fechem a tampa que vamos todos dormir. Ave Caesar morituri te salutant.
Autor: José Elierre do Nascimento
A vida é um sonho acordado com a morte, até que ela nos faça dormir no meio de uma noite, talvez de um dia, quando estivermos já bem cansados e sem forças para mais sonhar.
Viva hoje como se fosse morrer amanha, porque e assim temos que pensar e assim será, porque a morte não avisa e só adianta.
Cristo carrega em Seu corpo as provas de que os salários da Lei, do pecado e da morte foram pagos satisfatóriamente.
Não fiquem em casa com a boca escancarada esperando a morte chegar, abra a porta e saia existe um mundo lindo lá fora.
Em um mundo contemporâneo onde a sociedade alienada chora a morte de um artista enquanto a morte do seu próprio irmão não o comove ao certo sua terceira geração não vai lembrar da sua existência....
Talvez a morte seja apagar o passado e se unir ao presente,
Fechar os olhos e ampliar a consciência,
Transformar a matéria e libertar a essência.
O despertar do sono para Ser uma outra realidade
Começamos a morrer tão logo nascemos. A vida é uma academia onde nos exercitamos para morrer. Alguns exercícios, como deixar de aprender, nos fazem atingir mais rapidamente a meta.
Cada dia que passa mais sinto o pouco que tenho pela frente. As semanas correm, correm, correm me aproximando do fim. É estranho pensar que tenho de morrer um dia. Por quê? Qual a razão de tamanha injustiça? Por que nascer para morrer? Se desde o entendimento nos preparassem para a Morte como para uma grande festa, em lugar de transformá-la no castigo, no medo ao desconhecido, talvez não a temêssemos. Quisera poder enfrentá-la com dignidade, como uma rainha numa festa de coroação. Mas não estou certa das minhas forças. Nasci mais para viver do que para morrer. Quem sabe, uns nascem mais para a vida e outros mais para a morte?
"Não improvise muito no espetáculo da vida se não sairás de cena nos primeiros atos, como um mero figurante."
Toda religião, seita e doutrina tem sua origem na necessidade do homem de controlar (no sentido de aprisionar) o Fogo Sagrado para exercer domínio sobre os que sentem, no âmago porém atônitos, a necessidade do mesmo para a liberação do sofrimento do nascimento e da morte em contagem sem fim.
Todos os meus problemas acabaram depois que nasci; e, antes de atravessar a ponte das rosas que viveram, somente tenho umas várias muitas questões a resolver.
Todos querem renascer, mas ninguém quer morrer.
Deixar morrer o velho homem é edificar nova morada em solo limpo.
É abrir a mão para poder tocar o universo.
É transcender o estar e morar no ser.