Nascimento de uma Criança
Vivo em um lugar a muito esquecido, nesse lugar eu consigo ver uma beleza alheia aos olhos da grande maioria das pessoas, nesse lugar eu vejo a verdadeira vida que me foi dada, longe bem longe de coisas inúteis das quais jamais alimentariam a verdadeira vida.
Aquele que não dorme e acorda ouvido boa música sofre de um mal terrível, mau esse semelhante a ver um nascer de sou ou um dia de chuva e não perceber a beleza do momento.
Ser político no Brasil virou um negócio lucrativo, disputado por corporações partidárias, que aprenderam a jogar o "jogo do poder", conseguindo sempre alavancar os seus interesses pessoais em detrimento dos interesses da nação e dos brasileiros."
Nestes últimos dias mil coisas têm inundado meus pensamentos. E num destes momentos de intensa reflexão me percebi atenta as minhas unhas rubras. E me dei conta de que elas são características do amadurecimento balzaquiano. Para tantas outras milhares de mulheres é só uma opção de cor para unha. No entanto, para mim há muito mais significado. Por muitos anos minhas ansiedades, angústias e medos me tornaram refém de um péssimo hábito: roer unhas. Não que hoje estes sentimentos não existam mais em minha vida, mas hoje sei com muito mais precisão que não há nada, nem roer unhas, que vai evitá-los ou resolvê-los. E isso certamente é porque estou mais madura, com meus sentimentos, e afinal balzaquiana já era hora de estar.
Fico pensando: será que amadurecer significa enfim compreender que, feliz ou infelizmente, a vida é feita de incertezas e inconstâncias? Que não importa a quantidade de planos que façamos aos 20 anos, muitos deles serão inelutavelmente impossíveis de ser alcançados - ou sequer serão desejados anos à frente-, e que, ao contrário do que pensávamos, isso não é nem um pouco ruim? Enfim, será que amadurecer é –finalmente- entender que não podemos tudo, que devemos aceitar derrotas com dignidade, aprender a ver o lado bom das coisas e viver o que a vida nos dá? E que, se tivermos bom humor, errar não vai ser algo tão terrível assim, porque no fim das contas, não somos tão importantes como julgávamos ser aos 20 anos e, portanto, tampouco aquelas besteiras que fizemos serão vistas como algo terrível? Será que é isso?
Provavelmente - amadurecer talvez seja não se levar tão a sério, aliado ao fato de termos uma visão mais clara de quem somos e o que queremos para nossa vida.
Os esmaltes vermelhos colorem muito mais que minhas unhas, são sim uma cobertura de muito significado para o meus viveres!!!
Depois da meia noite... esse é meu ritmo. Sou notívaga! Meu "relógio interno", isto é o meu metabolismo, ou a forma como meu corpo gerencia a minha energia, está regulado para uma atividade predominantemente noturna... Não que só funcione ou agite mais à noite, mas preferencialmente...
As madrugadas são maravilhosamente inspiradoras. Esse é meu ritmo. Ler, ver TV, ouvir música, escrever, trabalhar, limpar o apto, organizar o armário, refletir, colocar os pensamentos em ordem, fazer nada... é incrível mas se não durmo até a meia-noite meu corpo transborda energia e sei lá fico ativa querendo fazer mil coisas.
É justamente como a letra da Pitty - com exceção do te vejo brilhar, a não ser pela lua, essa sim brilha imponente quando tá escuro, adoro - é quando tá escuro que eu me sinto em casa. Esse é o meu ritmo, mas não é o ritmo do mundo. Assim as minhas crises notívagas antecedem dias de “ressaca' noturnas no ritmo em que mundo funciona. Não que isso estrague meus dias e me deixe ranzinza ou mau humorada, de forma alguma. O que acontece é que tenho só um pouco menos de energia.
Perfeito seria se fosse sempre assim, já são quase 4 horas estou por aqui ainda no meu ritmo notívago. Depois vou dormir e amanhã sem despertador para tocar. Só vou acordar quando meu corpo decidir que chega de dormir. Esse é meu ritmo!
Muitas coisas deixaram de fazer sentido. E também as pessoas vinculadas se tornaram distantes. Porém, nada mudou do ponto de vista formal, essas situações e pessoas ainda são próximas. Este é o problema!
Em mais uma de minhas noites de insônia e intensas reflexões me dei conta de que em muitos momentos da vida devia ter desafiado minha necessidade de liberdade. Se tivesse ousado neste desafio, certamente, teria me propiciado mais convívio com amores e amigos antes do inevitável afastamento.
Meu bem querer pelo bem viver sem os desgastes do sofrer assusta e afasta os menos avisados ou me afasta pela incompreensão e pelo julgamento equivocado. Não se dão conta de que podem desfrutar de minha liberdade juntos, de que podem desfrutar com mais intensidade de meus sentimentos de bem querer o bem viver.
Cientes do inevitável afastamento de sentimentos vivemos ao máximo o bem querer, o sentir, o amar, a paixão, a amizade e tudo mais, pois se acabarem amanhã hoje deles desfrutamos ao todo, mas se por ventura e felicidade, no amanhã, tudo tiver continuidade temos então mais motivos para por intenso desfrutá-los novamente.
Me perdi em meus sentimentos, te desejei e me entreguei. Após muito tempo eu estava novamente em teus braços. Era meu sonho real, mas a realidade não era doce. Amarguei o acordar onde não havia você. Retomei a consciência e continuei como fizera tantas vezes dantes. Foi só um fraquejo...
Minha taça transborda angústia e me embriago em minha impotência de ainda te querer. Me esfacelo em revolta, não aceito essa fraqueza.
Parque Villa-Lobos
"Sou um enamorado morando
numa gleba do coração do Sol
sob regime de comodato;
ao voltar à terra, reza o contrato,
devo deixá-la com melhoramentos.
Assim, comprei de mim
mil sementes de pipas azuis,
vermelhas, amarelas, que florescerão
durante as primaveras.
Sim, a Terra é boa. O Tempo, fértil."
A Cidade do Poeta
"Sob o sol do Sul, um ipê se aproximava
do andarilho com seus cães. Mas, metralhadoras
na favela...
Ainda assim,
o artista libertou os domesticados:
bem se escondeu; mal correu — desacorrentado.
Pródigo, o ipê ofertava ao poeta
seu raro amarelo nítido: ensinava
que o belo é meio, não um fim, ao infinito.
Mas, metralhadoras numa vilela...
De longe, saltitantes, bem e mal
retornaram às coleiras imaginárias
do consagrador de palavras,
mas o amarelo inovador com gravidade
foi ferido
no cantarejar das metralhadoras
na viela:
um pequeno lusíada mestiço,
num beco brincando com a vida,
morreu — sem saída."
BARBÁRIE DRUMMONDIANA
O homem que matou o branco que matou o índio
que matou o índio que matou o branco que matou o negro
que matou o índio que matou o negro que matou o negro
que matou o branco que matou o branco — se matará?
DESCONHECIDO
"Entre o olhar e os lábios,
há um mar bem definido:
superá-lo é preciso,
buscando o indefinido.
Entre o olhar e os lábios,
há um olhar desconhecido:
navegar é preciso,
pois morrer é preciso.
É preferível estar só em um barco á deriva com teus pensamentos e com um objetivo belo duque estar em um palácio cercado de riquezas encantáveis, pós a vida a verdadeira vida ti da apenas uma chance de descobrir que a brisa da madrugada é a única que continuara lá quando teus dias terminarem.
Vou caminhar pra bem longe e encontrar a lua, vou caminhar pra bem longe e tocar uma estrela, vou caminhar pra bem longe e sentir o calor do sol ele não vai ferir meus olhos ele não vai queimar minha pele, ele vai incendiar meu espírito e me dar minha liberdade.