Nao Vou Mentir

A genialidade, bem como a santidade, não se herda.

Não é verdade que a morte é / o pior de todos os males; / é um alívio para os mortais / que estão cansados de sofrer.

Não se pode pedir ao artista mais do que ele pode dar, nem ao crítico mais do que ele pode ver.

O virtuoso não serve a música. Serve-se dela.

Cospe-se num bandido menor, mas não se pode recusar uma espécie de consideração a um grande criminoso.

Aquilo que vem ao mundo para nada perturbar não merece nem contemplações nem paciência.

Desejamos fazer toda a felicidade, ou, não sendo isso possível, toda a infelicidade daqueles a quem amamos.

Quando presto algum serviço a um amigo ou lhe zelo os interesses, não há motivo para que me louvem; pois creio que apenas pratiquei um ato indigno de censura.

O homem honrado não morre nunca.

A vasta noite
não é agora outra coisa
se não fragrância.

Não falar para o seu século é falar com surdos.

Não se pode chamar leitura a essa tremenda quantidade de tempo que se perde com os jornais.

Não sejamos tão exigentes: quanto mais transigentes, mais hábeis.

A maioria das mulheres quase não têm princípios: conduzem-se pelo coração e, quanto aos seus costumes, dependem daqueles a quem amam.

Caso não ponha fim à guerra, esta não será uma vitória.

Um crítico é alguém que conhece a estrada mas não sabe conduzir.

Canção de Primavera

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.

Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?

Havia o escuro
mas eu não sabia onde;
teu rosto era sol.

O cientista não traz nada de novo. Só inventa o que tem utilidade. O artista descobre o que é inútil. Traz o novo.

Se ofenderes o teu vizinho, é melhor não o fazeres pela metade.