Não Tenha Medo de Mim
...há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo. Pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada. Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê!
Nocturnamente
Nocturnamente te construo
para que sejas palavra do meu corpo
Peito que em mim respira
olhar em que me despojo
na rouquidão da tua carne
me inicio
me anuncio
e me denuncio
Sabes agora para o que venho
e por isso me desconheces
Faço de mim casa de sentimentos bons, onde a má fé não faz morada e a maldade não se cria. Me cerco de boas intenções, me reservo pros poucos e melhores amigos. Me permito o riso.
Prefiro não me apegar ao amor de ninguém, amor pra mim tem prazo de validade, hoje a pessoa diz que te ama, amanhã arruma uma pessoa melhor e não fala mais com você.
Um dia a vida me bateu com tanta força que me ensinou a resistir...
Um dia, mentiram pra mim de tal maneira que me doeu e, então eu aprendi a sempre seguir em frente com a verdade.
Um dia me falhou quem eu menos imaginava e entendi que as palavras devem ser cumpridas e os atos assumidos... Às vezes é preciso virar a página e começar do zero. Embora custe ou doa, o melhor guerreiro não é quem sempre triunfa, mas quem sempre volta sem medo à batalha.
Percebi que todo saber que eu procurava podia ser encontrado em mim mesmo ou no grande livro do mundo.
Conta pra mim de onde a gente se conhece.
De onde vem essa repentina admiração tão perene.
De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem.
Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu.
De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro.
Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.
[...] Só sei que aquela lembrança vivia dentro de mim como um pedaço gostoso de passado, perfeitamente encapsulado; uma pincelada de cores naquela tela cinzenta e árida que as nossas vidas tinham se tornado. [...]
O que eu queria? Eu queria que lutasse por mim. Queria que dissesse que não há mais ninguém com quem ficaria. E que prefere ficar só, do que ficar sem mim.
Hoje eu roubaria você para mim! Levaria para
uma casinha que construí nos meus sonhos. Ela
pequena, no meio do mato, mas lá tem um lindo
Pôr-do-Sol.
Ficaríamos na varanda, sentados em um
balanço, vendo as horas passar. Me aninharia segura
em seus braços. Tudo ao som de uma sinfonia de pássaros.
Quando a noite chegar e a Lua começar a clarear.
Nos deitaríamos em uma rede colocada entre a goiabeira e laranjeira.
Eu te falaria sobre as estrelas.
Nos Amaríamos ali. Tendo somente a Lua como cúmplice.
Em frente esta casinha tem uma plaqueta escrito:
“Aqui mora o Amor!”
Eu juro, hoje eu roubaria você para Mim.
Beijo-te com Carinho.
PEÇO SILÊNCIO
Agora me deixem tranquilo.
Agora se acostumem sem mim.
Eu vou cerrar os meus olhos.
Somente quero cinco coisas,
cinco raízes preferidas.
Uma é o amor sem fim.
A segunda é ver o outono.
Não posso ser sem que as folhas
voem e voltem à terra.
A terceira é o grave inverno,
a chuva que amei, a carícia
do fogo no frio silvestre.
Em quarto lugar o verão
redondo como uma melancia.
A quinta coisa são os teus olhos,
Matilde minha, bem-amada,
não quero dormir sem os teus olhos,
não quero ser sem que me olhes:
eu mudo a primavera
para que me sigas olhando.
Amigos, isso é quanto quero.
É quase nada e quase tudo.
Agora se querem, podem ir.
Vivi tanto que um dia
terão de por força me esquecer,
apagando-me do quadro-negro:
meu coração foi interminável.
Porém porque peço silêncio
não creiam que vou morrer:
passa comigo o contrário:
sucede que vou viver.
Sucede que sou e que sigo.
Não será, pois lá bem dentro
de mim crescerão cereais,
primeiro os grãos que rompem
a terra para ver a luz,
porém a mãe terra é escura:
e dentro de mim sou escuro:
sou como um poço em cujas águas
a noite deixa suas estrelas
e segue sozinha pelo campo.
Sucede que tanto vivi
que quero viver outro tanto.
Nunca me senti tão sonoro,
nunca tive tantos beijos.
Agora, como sempre, é cedo.
Voa a luz com suas abelhas.
Me deixem só com o dia.
Peço licença para nascer.
Ei, pequena, tá difícil, né? Eu sei, e sei que isso tudo tá doendo, dói em você, dói em mim também… Você não esperava que isso fosse acontecer, né? Eu também não. Também sei que esse seu ‘estou bem’ não é verdadeiro, eu vejo, vejo nesses olhinhos cansados, andou chorando mais uma vez, minha pequena? Me diz, por que chora todas as noites abraçada em seu travesseiro? Por que espera ligar o chuveiro para deixar as lágrimas escorrerem? Por que, pequena? Lembra que eu disse que jamais iria te abandonar? Que iria estar sempre aqui pra tirar um sorriso do seu rosto, ou pelo menos tentar? Lembrou? Então, pequena, estou aqui pra você e com você, se precisar me abrace, mas abrace forte, e se quiser chorar, chore, já aproveita e coloca tudo que te faz mal pra fora. Mas depois seque essas lágrimas, eu te ajudo se você quiser, eu quero ver aquele sorriso verdadeiro de volta. Tá tudo tão difícil, tão bagunçado, não é mesmo? Eu queria muito que você fosse forte agora, mas eu sei que não é fácil, você está frágil e com um pouco de medo, né, minha menina? Sabe, às vezes eu queria poder roubar toda dor que você sente pra mim, é, eu me importo com você, sei que está frágil, cansada e também já está farta de tanta falsidade, tá tudo muito confuso pra você. Mas, ei, lembra que eu estou com você mais uma vez, estou aqui pra te fazer sorrir minha menina, minha pequena.
Às vezes eu olho pra dentro de mim, e percebo que é tudo tão solitário, memórias contidas, sentimentos ilhados, dores ocultas, emoções que transbordam, porém impedidas de atingir o ponto nômade da loucura.
O meu coração é gelado, intangível, minha pele, qualquer toque e meus olhos choram lágrimas secas que queimam minha face.
Às vezes eu olho pra dentro de mim e sinto pena do que me tornei, eu não me reconheço diante de tanta confusão, ora ri, ora chora e perco-me novamente, entre o certo, o errado, o que de fato é bom e o que não é.
Essa bagunça aqui dentro está me deixando louca, eu só queria assumir o controle, finalmente pôr a casa em ordem, mas não sou forte o suficiente para encarar a mim mesma.
Lobos precisam das noites de lua cheia para uivar, caçar e devorar suas presas. Quanto a mim, olhar nos teus olhos é bem mais do que o suficiente para meu ser se tornar um animal irracional e carnívoro, pois você carrega nos olhos o mais belo brilho lunar. O brilho que ilumina todo o espaço vazio que existe dentro de mim, e que me deixa aprisionado a você eternamente.