Nao sou uma Pessoa que Espera a Elogiar

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Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.

Fernando Pessoa
SOARES, B. Livro do Desassossego. Vol.II. Lisboa: Ática. 1982. 101p.

Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, "Livro do Desassossego", 1982

A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, "Livro do Desassossego", 1982

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa
Pessoa, F. Mensagem. Poema X Mar Português. Edições Ática: Lisboa. 1959

Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Livro do Desassossego, por Bernardo Soares. Vol. II. Mem Martins: Europa-América, 1986.
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É preciso ser um realista para descobrir a realidade. É preciso ser um romântico para criá-la.

Todos temos por onde sermos desprezíveis. Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para fazer.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, "Livro do Desassossego"

Tudo que existe existe talvez porque outra coisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, "Livro do Desassossego"

Tudo em nós está em nosso conceito do mundo; modificar o nosso conceito do mundo é modificar o mundo para nós, isto é, é modificar o mundo, pois ele nunca será, para nós, senão o que é para nós.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, Livro do Desassossego.

O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Poesias. Rio de Janeiro : Livraria Agir Editôra, 1968.

Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, "Livro do Desassossego"

Ver e ouvir são as únicas coisas nobres que a vida contém. Os outros sentidos são plebeus e carnais. A única aristocracia é nunca tocar.

Fernando Pessoa
SOARES, B. Livro do Desassossego. Vol.II. Lisboa: Ática. 1982. 264p.

A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são.

Fernando Pessoa
Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias

Tudo que se passa no onde vivemos é em nós que se passa. Tudo que cessa no que vemos é em nós que cessa.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Livro do Desassossego, por Bernardo Soares. São Paulo: Montecristo, 2012

Há tanta suavidade
Em nada se dizer
E tudo se entender

Fernando Pessoa
Poesias inéditas (1930-1935). Lisboa: Ática, 1955

Nota: Trecho do poema Não digas nada!

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A bondade é a delicadeza das almas grosseiras.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, "Livro do Desassossego"

O fim da arte inferior é agradar, o fim da arte média é elevar, o fim da arte superior é libertar.

Fernando Pessoa
Páginas de Estética e de Teoria Literárias

A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.

Fernando Pessoa
Bernardo Soares, "Livro do Desassossego"

Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjetividade.

As figuras imaginárias têm mais relevo e verdade que as reais.