Nao Gosta de Mi Olha minha Cara

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Não há vivos, há os que morreram e os que esperam a vez.

Não há amor possível sem a oportunidade dos sujeitos.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881).

Quem não conhece o poder da oração,
é porque não viveu as amarguras da vida!

Insônia

Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!

Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!

Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.

Estou escrevendo versos realmente simpáticos —
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos...
Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!

Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo — sei lá salvo o quê...

Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!

Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.

Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!

Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.

Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo.

Álvaro de Campos
Poemas de Álvaro de Campos

Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe...

Tudo que eu não invento é falso

Manoel de Barros
Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1996.

Não diga as coisas com pressa. Mais vale um silêncio certo que uma palavra errada!

Todo discurso deve ser como o vestido das mulheres; não tão curto, que nos escandalizem, nem tão comprido, que nos entristeçam.

Sua tarefa não é de prever o futuro, mas sim de o permitir.”

Honrar exemplos ilustres não é o mesmo que subscrever suas idéias.

O mundo não foi feito em alfabeto. Senão que primeiro em água e luz. Depois árvore.

Manoel de Barros
BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000.

Não se irrite o leitor com esta confissão. Eu bem sei que, para titilar-lhe os nervos da fantasia, devia padecer um grande desespero, derramar algumas lágrimas, e não almoçar. Seria romanesco; mas não seria biográfico. A realidade pura é que eu almocei, como nos demais dias...

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia. Nacional, 1881.

Parecia-me que a Terra não seria habitável se não houvesse alguém que eu pudesse admirar.

Convém que os homens afirmem o que não sabem, e, por ofício, o contrário do que sabem; assim se forma esta outra incurável, a Esperança.

Machado de Assis
Esaú e Jacó (1904).

Devo confessar preliminarmente, que eu não sei o que é belo e nem sei o que é arte.

Mário de Andrade
ANDRADE, M., O Baile das Quatro Artes, 1943

Eu não devia te dizer , mas essa lua, mas esse conhaque, botam a gente comovido como o diabo.

Que o amor não seja fingido. Que seja sincero. E aborreça o mal.

Paulo de Tarso

Nota: Adaptação de Romanos 12:9

Um homen não é mais que o outro, apenas um faz mais que o outro.

Achar-se situada à margem do mundo não é posição favorável para quem quer recriá-lo.

Simone de Beauvoir
BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo Vol 1: Fatos e Mitos, Difusão Européia do Livro, 1967

Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.

Paulo de Tarso

Nota: Adaptação de 1 Coríntios 13:1-13.