Música Antiga
Natureza Morta
A natureza morta
Viva no teu olhar
As asas cortadas
O céu a se despedaçar
As vozes estão caladas
Não há porque lutar
Nós somos lembranças
De um passado
Que ninguém vai lembrar
E a velha canção de guerra
Não irá mais tocar
Você se apaga
Antes mesmo de queimar
O destino está traçado
Ninguém pode mudar
As cartas foram marcadas
No nosso jogo de azar
Esse deve ser o fim
Mas você disse que não acabaria assim
Esse deve ser o fim
Você continua o vazio dentro de mim
E a velha canção de guerra
Não irá mais tocar
A chuva lava
Mas não pode te salvar
E a natureza morta
Volta pra se vingar
De tudo o que fazemos
Ao invés de amar
Deixar Levar
A vida é um sopro
Bagunçando os teus cabelos
Levando as ondas no mar
São os carros na rua
Tão depressa
Não te deixam atravessar
Fique um pouco mais do lado de cá
E a tua cara de sono
Desenhada no espelho
Dizendo que ainda é muito cedo pra levantar
É por tantas vezes
Ter um ombro pra desabafar
E outras tantas
Encontrar razoes em si mesmo pra continuar
A vida é sentir
Quando nem tudo faz sentido
É se entregar
Abrir os braços ao desconhecido
E se deixar levar
A vida é ventania
Arrastando as folhas no jardim
Deixando o teu perfume no ar
São pequenos instantes
Olhares que se reconhecem
Sem precisar falar
É tua musica preferida
Tocando enquanto você dança
À luz do luar
Depois do Fim
Se eu pudesse te contar
Tudo que eu já senti
Se eu pudesse ao menos acreditar
Que o melhor ainda está por vir
E se os meus sonhos
Não fossem apenas sonhos
E eu pudesse te abraçar e te fazer sorrir
Eu sei, não estaria tão difícil por aqui
Mas eu não vou me entregar
Eu não vou desistir
Se eu pudesse entender
O que eu já não entendo mais
E se eu pudesse te dizer
O que não tive coragem e deixei pra trás
Se eu pudesse voltar no tempo
Eu não te deixaria partir
Se eu pudesse voltar
Faria tudo pra te ter aqui
Mas eu não vou me entregar
Eu não vou desistir
Se tem que ser assim
Saibas que o teu sorriso
Brilha dentro de mim
Se tem que ser assim
Saibas que eu te amei
Desde o início
Até depois do fim
Brisa Solta
O tempo passou
E eu vi ela voltar
Dona de si
Calmaria depois da chuva
Poesia da rua
Sorriso na alma
Na vida ela é rima pronta
É brisa solta
Perfume bom no ar
Felicidade que fascina
Corre pro meu lado quando apronta
Me faz querer ficar
Bem mais de boa
Me faz querer ficar
Na cama até a hora de almoçar
Mar Aberto
Eu não quero levantar
Cê tá linda na minha cama
Faz da minha vida correria
Mas eu sei que tu me ama
Quando me olha disfarça o olhar
Sorri de canto só pra provocar
Sai de casa pra me ver tocar
Na minha música tu dança
Eu só quero chegar mais perto
Teu peito é mar aberto
Eu só quero chegar mais perto
Teu cheiro me deixa esperto
Eu quero me embriagar de você
Eu quero fazer acontecer
Eu quero me embriagar de você
Te ter mais uma vez ao amanhecer
Eu quero me embriagar de você
Eu vou fazer acontecer
Eu quero me embriagar de você
Te ter mais uma vez ao amanhecer
Efeito Moral
A cidade ferve
E a paz não existe afinal
Quem vai pagar a conta
Quem vai poder te ajudar
As ruas estão cheias
Prisioneiros em um mundo marginal
É preciso aprender
A ficar sóbrio nesse caos
É tão normal se acostumar
Que triste é viver sem entender
Viver e não poder errar
O medo nos impede de tentar
Te oferecem um cale-se
E você bebe essa bebida amarga
Vê toda hora coisas que não pode desver
É mais um dia, é tudo normal
Mais uma bomba de efeito moral
Que explode em cima de você
A história se repete
Mas não há mais como voltar
Você paga e recebe
Palavras para se desinformar
Lutar por um ideal
Sonhar com revolução
E no final a verdade é
Uma questão de opinião
Tempo ao Tempo
Você que nunca olha pro lado
Não sabe o que fazer quando está tudo errado
E quando nada mais faz sentido
Busca um pouco de vida dentro de um comprimido
Um dia você vai se achar
Tudo prestes a acabar
Sozinho com todos os seus vícios
Daqui não se podem ouvir seus gritos
A coisa não muda
E você se acomoda
Porque a felicidade não machuca
Dar um tempo ao tempo
Não é nada mais
Do que outra desculpa
Todos retratos pendurados
No vazio do seu quarto escuro nada ao seu lado
Seus fantasmas brincam com você
Vive dias normais que só quer esquecer
Não vá se for pra voltar
Coisas passam, mas teimam em ficar
Certo das dúvidas que tem
Escondendo de si mesmo que já é outro alguém
"Mas já não dá para negar que existe você em mim
E o que eu não posso deixar de lembrar é que Deus te fez
Exatamente para mim"
Ficou meio nublado hoje
Falei você não respondeu
As coisas são assim
Se eu penso em sumir
Aí você me pede pra voltar
O Carme do Bailado!
No mais alto nível de sarau e folia, vejo um par em extrema euforia
Atracados pelos corpos ao movimento da toada veemente desejada
Dão de si o melhor, imanando em moções combinadas pela sinfonia
Imortalizando o bailado contemporâneo reafirmam a intensa fezada
Ante a plateia ou não, fazem com gosto o que gostam sem monotonia
Sincronizados através da pele, suor e fulgor, copulam bailarina-mente
Agraciando a gana de dar cada vez mais, vão bailando todas as músicas
Injectados pela força de vontade, o ambiente torna-se cada vez quente
Domando a ambiência, urdem aquele palco sob formas cosmogónicas
E exalam sem medida a empatia com orgasmos múltiplos e eloquentes
...outras esferas...
outras vidas...
mesmas almas...
a musica..
o baile..
o beijo...
Jeran Del'Luna - O Gitano
Sou poeira das estrelas ...
semente de mil sóis...
sou o fogo que arde no coração do devoto e no intimo do ateu....
sou o mais amado e o mais misterioso e até no pensamento dos planetas ressoa minha musica...
de esferas infinitas vim...
onde nem inicio nem fim pode-se encontrar...
eis me aqui filho de Zion...
eis seu mais encantador dos amores....
Eu Sou
Jeran Del'Luna - O Gitano
Da música um poema
Quantas músicas se encaixariam?
Acredito que várias significariam
Delas, risadas teriam
Pensamentos, viriam
O que lembro bem, foi como tudo começou
Até um poema brilhou
Não foi publicado e guardado, ficou
O sentimento despertou
Da certeza que eu tinha
Era que a história continuaria
Que contigo eu ficaria
Ou até namoraria
Sem muita expectativa
Só certa de que existia planos pra uma longa vida
É sim, expectativa!
Queria ser exclusiva
E ter uma perspectiva
Que música bela canta
Ouvindo-a vou dançar
Não dance
tristeza não se dança
tristeza não se alcança
tristeza se escuta
baixinho
caladinho
a pensar
Que música bela,
que supera mazelas
Que me supera
me dá insônia
E eu ...
Eu te escuto
mudo
como verso não lido
como amor vencido
como olhos de amigo
Que me ajuda de longe
Que muitos vazios esconde
Que música bela...
Um texto triste talvez pudesse me descrever, mas me sinto superior a qualquer tristeza , talvez minhas artimanhas em querer continuar jogando o jogo seja uma maneira inconsciente de querer continuar vivendo a vida mesmo que nada mais na droga desse mundo faça algum sentido.
Quantos poemas foram desperdiçados, Trechos perdidos nas gavetas.
Vitrolas antigas não tocam, não; sentido oposto dos CD’s.
Tudo que eu sei ficou para trás, meu riso, minhas anedotas, minha história.
O que atraia a surdina.
O que atraia a surdina.
Flores Murchas
Desmaiadas na vida
Pálidas desabrochadas
As cores de partida
As pétalas cansadas
Ainda com viço
Afadigadas...
Murchas flores
Flores murchas
Tristes louvores
Versadas...
De perfume postiço
E as forças exiladas
Feitiço
Da existência traçadas
Do fado mortiço
De inevitáveis jornadas
Murchas flores
Flores murchas
Tristes louvores
Desenganadas...
Perfazendo o curso
Revoadas
Incurso...
Flores murchas
Murchas flores
Tristes louvores
Encantadas!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 dezembro, 2022, 18’52” – Araguari, MG
Versão musical para o poema “Flores Murchas”