Muros
Relatos de um detento
Entre muros e celas
A esperança se atrela
A fome chega a exalar
Duas horas de banho de sol pra tomar
O sono que demora chegar
E mais um livro que irei devorar
Chegou o grande dia
Minha família vou abraçar
Quatro horas de visita
O tempo corre sem parar
Tantos dias de penitência
Conto os dias pra acabar
Vontade louca de pixar teu nome nos muros e sair por aí contando pra todo mundo ..o quanto eu te amo...
Derrubei os muros da mentira...
Apaguei os gestos sem luz...
Retrocedi aos limites do grito...
Ainda persisto e estou aqui...
Tantas coisas desapareceram...
Outras tantas por vir...
Ardem em meu coração as estações...
Ainda persisto...
Estou por aqui...
A minha esperança jorra...
Diante os dias impotentes...
Onde a massa de gente...
Finge estar contente...
Arrebato à morte essa triste visão da vida...
E esse fogo que me arde...
Clama em meu peito, sem alarde...
Persista...
Ainda está por aí...
Sandro Paschoal Nogueira
malmequer negro
percorro pulsante o corredor
de pés mudos como muros
ergo o intransponível crânio
nascendo e dormindo prescrito
adio a translúcida sibilância
malmequer fulgente e negro
que levo ao peito como um sabre
recito pelo adejar rítmico dos lábios
salmos rituais ossos barro pó
fulgurante translação das veias
arde-me o míope sangue vertical
escorrendo pelo lantânio e lutécio
hei-de criar pedra sobre pedra
farei da luz dois vítreos ciclopes
pousarei nos pilares de hércules
a incorpórea maldição dos deuses
e levitando andarão as testas
dos homens e deuses
dos deuses homens
sit tibi terra levis[1]
requievit in pace.[2]
[1] que a terra te seja leve
[2] descansa em paz
(Pedro Rodrigues de Menezes, "malmequer negro")
Sozinha no escuro sem ninguém para te proteger. Nada do lado de lá dos gigantescos muros... O que você pode fazer?! Os teus olhares fixos para as sombras do além! As tuas trêmulas mãos segurando um crucifixo... Não há anjos. Não há ninguém. É somente você por você mesmo. Então diga amém! O vento uiva incessantemente, as folhas balançam em árvores tortas... E tudo fica estranho e sombrio de repente. Algo pertuba ainda mais a tua mente. O vento faz estremecer as janelas, bate a porta, sacode as cortinas... Lá fora em meio a neblina você vê uma aparição - É uma imagem tua no corpo de uma virgem morta. Um grito no escuro... sem ninguém para te proteger! Nada além dos muros! O que você pode fazer?! Passos na sala. A noite se cala. Na parede uma suja e torta cruz. Na mesa descansa um castiçal e um antigo rosário... Através de um espelho enigmático que ao além te conduz por um caminho longo estreito e solitário você tem um deslumbre e vê um raio de luz - um momento imaginário! Noite macabra de lua cheia! Rasgaram com garras afiadas a tua fetida mortalha. Um sangue negro agora emana das tuas gélidas veias. A praga da noite rapidamente se espalha por entre almas assustadas e cheias de falhas. Vagueia um ser obscuro atrás de você! Sozinha no escuro sem ninguém para te proteger!? O que você pode fazer?!... Cansada de correr, o teu corpo cai ao chão. Quem vai te proteger?! Quem vai lhe dar as mãos?! Chuva, raio, trovão... O que pode acontecer?... A tua face parece que envelhece a cada segundo... A tua alma emudece como se você estivesse em um sono profundo... Recolha as tuas flores...Recolha as tuas dores E vá para o teu leito vazio! - Onde tudo é ainda mais estranho e sombrio! Não há para onde correr!... Você não pode se esconder!... Quem vai te proteger!? O que você pode fazer!?...
Não construa muros em seu coração. Tudo o que fizer, sempre faça com amor. Ponha as asas contra o vento, não há nada a perder.
Os muros invisíveis construídos por questões socioculturais, afastam o intelecto, ainda que os corpos se fazem presentes.
Minha vida
Paredes brancas.
Muros desbotados.
Céu nublado.
Sol apagado.
Há um aconchego pairando no ar.
Está tão fácil respirar...
Ando pelas ruas vazias.
A chuva que passou tudo lavou...
Tudo levou.
Entrelinhas da vida.
Em poucas palavras resumida.
Há risos
Melhor sinfonia da vida.
A tristeza que vigorou ontem foi apagada... esquecida.
Ressignificada hoje a minha vida.
(A triste distância do amor)
Mais que os Quilômetros,
Mais que os rios,
Mais que os muros também,
Mais que as limitações físicas,
Mais que o contraponto de ideias,
Mais ainda que a covardia,
Mais que tudo isso,
O que nos separa,
O que nos impede,
O que nos embarga,
É simplesmente a dura e pesada mão do destino.
Ainda que moras ao Sul,
E eu vá ao seu encontro,
Pareces ir ao Norte.
Ainda que estejas ao lado,
O lado ganha distâncias inalcançáveis.
Ainda que pareças estar debaixo do mesmo teto,
Esse teto se tornar o céu,
Tão gigantesco e vasto,
Quanto o amor que sinto por você.
Há flores pelo caminho.. e espinho nas calçadas... Há pedras por todos os lados e existem muros, existem pontes e existem asas .
Você não escolhe o caminho... Mas pode escolher como superá-los...
O importante não é que eu veja beleza nos muros ou nas estradas do oásis; o mais importante é que eu encontre beleza nas pessoas e na vida das pessoas!
Muros
Os muros podem dividir nossas dores mais íntimas?
Colocar um muro para separar nossas dores mais íntimas, não resolverá os desapontamentos que a vida nos oferece. Seria o mesmo que desprezarmos nossos sentimentos indesejados. Lembrando que são estes que nos fazem crescer e despertar para a vida, e nossa existência.
Deixar isso tudo, atrás do muro com a intenção de evitar que outras pessoas possam ver, e queiram nos ajudar com suas conversas de consolos, seria o mesmo que expor as nossas atitudes de resistências a aceitar e escutar as verdades ditas em determinadas situações de nossas vidas.
Quando estas verdades a nós são ditas e nos pegam desprevenidos, fragilizados e desprotegidos não permitimos a entrada de mais ninguém junto a nossa dor. Preferimos ficar do outro lado do muro, mas, sempre vigiando, e se possível colocando um tijolinho a mais para não enxergarmos a nossa tristeza.
Enquanto os muros criados entre as diferentes religiões não forem derrubados, esse mundo jamais alcançará a paz.
Não é fácil demolir os muros construídos por milhares de anos entre as religiões. Entretanto, para chegar a um mundo pacífico, é inevitável que esses muros sejam demolidos.