Muralhas
Vivemos em um mundo de muralhas que construímos para nos defender dos próximos; À medida que envelhecemos tornamo-nos melhores construtores.
'Por detrás das muralhas de tua propriedade é onde me abrigo. Tu és minha fortaleza.
E eu serei tua guarda se precisares; tendo os punhos como armas e coração como escudo. os fortes sobrevivem unidos, os fracos se rendem ao egoísmo.'
Ao Estudante Anônimo
Liberdade é poesia
que não se desvia
das muralhas
Liberdade ultrapassa
Tanques brutos da praça
represálias
Liberdade é música
que vai além da letra
escrita
berrada
mortal:
Manifesto silencioso da verdade
Genuína paz celestial
Todos nós construímos muralhas de proteção contra os demais sem nos aperceber que elas também provocam nossa rejeição.
Assim como caíram as muralhas de Jericó, cremos que nenhum obstáculo resistirá a um simples grito de “passa fora”, quando este grito estiver afinado pelo diapasão da fé e da obediência em Deus.
Em ruínas se caem as muralhas da farsas
Em tintas se escondem os covardes
Mas na mentira, se afogam os prisioneiros do mundo.
Na essência da liberdade, nem pavor nem escuridão.
Faço das árvores muralhas...
O céu é meu teto, a lua meu lustre,
Estrelas arandelas.
O medo de muralhas se encontrava entranhado no espírito tribal até que um povo descendente de guerreiros nômades, os otomanos, criassem a tecnologia necessária para superar o medo e as próprias muralhas.
Como muralhas fortificadas e portões de ferro que guardam a cidade, assim é a fé para aquele que tem em Deus seu alto refúgio.
A base do castelo de gelo reluta para não derreter, ao mesmo tempo em que sente suas muralhas queimarem. Para alguém que sentia o sangue ferver, o coração pulsar, a respiração se perder e a alma doer, o congelamento era anestésico.
— Lua Kalt (deliberar).
Aqui estou eu, abaixo das minhas muralhas,
Consigo ouvi-los daqui.
Aqui estou eu, abaixo das minhas muralhas,
Consigo senti-los daqui.
Aqui estou eu, abaixo das minhas muralhas,
Consigo vê-los daqui...
Aqui estou eu, construindo as minhas escadas...
Transforma o meu interior
Pelo poder do Teu Espírito
Posso ouvir um vento a soprar
Minhas muralhas cairão
Assim como fizeste em Jericó
Meu ser a se quebrantar
Vivemos fechados em duas grandes muralhas. A do egoísmo, onde as minhas necessidades são mais importantes que a dos outros. A da hipocrisia, fingimos amar a Deus, para agradar os outros e aceito na sociedade.
VOCÊ É MÚSICA
Nos dias em que você acorda rock você é contestadora e demolidora de muralhas altas, que até então julgavam-se intransponíveis.
Você é caveira, que iguala, no final da vida, a todos os seres humanos do planeta.
Nos dias em que você acorda Jazz você é puro improviso, a elegância de fraseados únicos, e que jamais serão tocados da mesma maneira - já que você própria é única e inimitável.
Você cozinha Miles Davis com Chet Baker, e tempera tudo com as vozes da Sarah, da Ella e da Billie, e assim finalizando fabuloso prato.
Nos dias em que você acorda Blues você sente a melancolia em estado bruto, entremeada pelos seus cabelos, quase que etílica e desafiadora; você vira ácido rascante e dissolvente dos sentidos de qualquer incauto.
Nos dias em que você acorda Clássica você exala a erudição dos que ousaram inventar a música tal como a conhecemos hoje, não me permitindo com certeza discernir se você é complexa ao extremo ou contraditoriamente simples.
Você vira a mais harmônica sonata.
Nos dias em que você acorda Hip hop você traz dos guetos e dos morros de favelas suburbanos a voz revoltada daquele que não chegou jamais a ter alguma voz até agora; você grita em desespero pela igualdade e pela equidade absolutas.
Nos dias em que você acorda Eletrônica você eleva a sua agitação a um determinado nível de insanidade - e até de êxtase - peculiar aos que desejam segurar cada segundo a mais do tempo; e, de vez em quando, eu sinceramente não lhe aguento. Energia quântica em demasia.
Nos dias em que você acorda Barroca você vive a dualidade entre o divino e o mundano. Espírito e carne.
Você vive a mais pudica e a mais (deliciosa) depravada ao mesmo tempo. Você está na missa e no Beco do Mota simultaneamente, lá “pras” bandas de Diamantina.
Nos dias em que você acorda Caipira você se esbalda nos acordeons e nas violas aquecidas na fogueira e no arrasta-pé levantando poeira, que estende as madrugadas da fazenda, tomando cachaça de alambique.
Canta a alegria e a singeleza do homem do campo, tanto quanto a nostalgia e a saudade sertanejas dos que migram às cidades grandes.
Nos dias em que você acorda Disco você brinda à vida mergulhada em um mar de espumante, com a dança mais frenética e passos ensaiados ao longo de toda a sua existência.
Você sempre é a última, descalça e transpirante, a ir embora dos bailes de casamento e de formatura.
Nos dias em que você acorda Samba você se transforma em cerveja bem gelada, feijoada e bate-papo alegre nas manhãs de sábado naquele mercado antigo, quando a mesa de seu bar é templo: um oráculo indestrutível no qual as principais questões da humanidade são minuciosamente dissecadas e solucionadas com inconfundível (e não menos incontestável) sabedoria dos que vivem de verdade a vida.
...
Você faz com que os meus cinco sentidos sejam todos condensados em ondas sonoras, que me trazem o frescor de suas melodias, a limpidez de suas harmonias e a pujança de seus ritmos intensos e intermináveis.
Eu diria que você é música.
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