Mulher e Arte
O mercado de arte universal tem o péssimo habito de super valorizar, divagar sobre a grande importância e valor das criações geniais do artista morto.
Em 2022 no Brasil, celebra se o primeiro centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Mais uma vez o ícone cultural deste movimento de brasilidade nas artes advém da nossa cultura ancestral indígena, são para mim carinhosamente, as filhas da figura masculina do Abaporu, do "homem que come" do período antropofágico de Tarsila do Amaral, que hoje vive no exilio. Elas chegam a nos pela Bienal, pelas belas artes indígenas, as nossas meninas indígenas, as Bonecas Carajás os ritxòkò, licocó, titxkòò ou litjokê vem revalidando a antropofagia cultural do original manifesto de Oswald de Andrade de 22 na promoção da brasilidade e do necessário canibalismo da cultura estrangeira cada vez mais neste período vivido hoje, entorpecido e agressivo da falsa globalização e das "fakes" da internet.
A arte contemporânea por buscas primaz de cores puras e criações diretas essenciais supervaloriza automaticamente a arte primitiva e ingênua.
Em um mundo massificado e globalizado a arte primitiva é o que existe de mais unitário, personalizado e erudito.
A arte da guerra define por si só quem nasceu para ser um estadista, um pacifista, uma vitima e um mero soldado.
As pichações pelas cidades é uma arte gráfica muralista pois revelam os inconformismos emudecidos politico liberal e social tribal dos esquecidos, marginalizados, diferentes e invisíveis.
Quem é de Marte é de Marte mas quem é de Arte vive generosamente fazendo arte sem parar em todo o lugar.
A verdadeira arte não destrói o que quer que seja, o que destrói sobre qualquer coisa que existe como plataforma é uma ilegitima perversão destrutiva da anti-arte. A arte criativa em qualquer tempo exalta o que já existe, respeita e dialoga em seu tempo diante do esquecido, despercebido e do mais comum, revigora a existência na quintessência regenerativa da criação.
A arte plastica e visual muitas vezes podem ser uma excelente terapia coadjuvante em tratamentos psicológicos e psiquiátricos mas também a falsa arte de ruins pintores de finais de semana pode ser o agravo de uma doença de baixo estima, um complexo perigoso de inferioridade de ser falso importante e uma contumaz ilusão e perversão.
Esse negocio de achar que a arte e a pintura contemporânea é isto ou aquilo....já era, pois vivemos em tempos de respeito as diferenças desde que não atinga o direito do que existe e do outro. O pseudo-artista que ainda não percebeu isto, não vive a arte hoje em dia e ainda vive soterrado no passado.
A arte e a cultura brasileira de raiz ainda pouco compreendida nas praticas e institucionalmente por tantos classicismos. Deveríamos ser menos greco-romana e oriental e muito mais xavante, macuxi, tupi, ianomami, pataxó e carajás.
A arte e a cultura devem sair dos templos de pedras dos saberes eruditos. A arte e cultura brasileira deve ir para as ruas pela educação e cidadania, em uma linguagem mais popular e acessível pois pertence a toda nação comum brasileira que felizmente não é só composta de vários pernósticos falsos eruditos. A arte é do povo e a cultura nossa melhor tradição tudo que aprisiona elas, estará sempre na contra-mão da verdadeira liberdade, igualdade e democracia..
O Brasil do seculo XXI, índio-descendente ainda pouco se reconhece como resistência, arte e cultura.
A arte cusquenha andina dos séculos XVII, XVIII e XIX é o que existe de melhor na arte colonial latino americana. Por ser tão boa, importante e valiosa no mundo inteiro e item quase obrigatório de acervos de importantes museus e coleções privadas de alto valor, existe um mercado consumidor muito ativo e com isto geram diversas falsificações e copias realizadas nos séculos XX e XXI mas que são apenas decorativas.
A verdadeira arte contemporânea no mundo inteiro nas diversas plataformas não dão mais velhas respostas mas sugerem novas perguntas, convidam ao pensamento livre e propiciam as revolucionarias reflexões, é a arte fora dos clássicos museus, nas ruas em dialogo permanente com toda a sociedade.
A arte contemporânea brasileira enfim inicia seu caminho mais identitário em seus valores, temáticas, mitologia, conceitos, geometrias e brevemente bio suportes e plataformas dentro do "modus operandi " da herança original e nativa indígena brasileira.Teremos sempre uma herança africana mais que nas artes plásticas e visuais desdobraram se em correntes mas mossa herança indígena esteve durante muito tempo obscurecida. No ano de 2016, o prestigiado prêmio PIPA do RJ, contemplou como ganhadores dois artistas indígenas.Isto é só o começo, as artes plásticas e visuais, as artes gráficas e o design, as belas artes inteiras vão recuperar suas origens nativas tribais formadoras genuínas de nossa personalidade educacional, artística e cultural 100% brasileira.
Trabalho com arte e por conta disto não tenho a menor possibilidade de competir com a beleza ao meu redor. Só mesmo internamente.