Mulher e Arte
A Arte em toda sua abundancia de modalidades é sem duvida a base da principal pedagogia e terapêutica para a inclusão do autista na sociedade, a partir de sua especifica hipersensibilidade sensorial. Parece me mesmo, em minha modesta opinião no estudo da arte, que o melhor da arte da humanidade de todos os tempos, mesmo que nunca assim foi revelado advenha de grandes artistas autistas por excelência. Entorno das obras primas, estão inclusas verdadeiros teoremas e equações matemáticas complexas só possíveis pelos padrões de comportamento restritivos e repetitivos presentes no Transtorno do Espectro Autista, "TEA".
A atmosfera e os locais da arte e da cultura na sociedade contemporânea à partir da gestão cultural deixa de ser tão artística, filosófica, educacional e estética para se tornar paulatinamente um meio e ferramenta da administração econômica, politica e financeira pública e privada.
A arte e a cultura não pactuam com os partidos políticos quaisquer. São sempre parte e ferramentas do estado para promoção e edificação da crítica e do pensamento da construção educacional de um governo livre e de uma atenta justa sociedade.
A arte fala sobre os sonhos, da poesia e da divina harmonia entre todas as coisas mas quando ela grita e chora está comunicando e profetizando os possíveis mais terríveis pesadelos.
A gravura na arte não é uma plataforma menor e muito menos de menor valor. É sim uma expressão mais ágil e direta mas quando realizada com responsabilidade de tiragem e cuidados próprios de impressão pelo autor.
As obras de arte em pequenos formatos são muito mais a síntese da objetividade, a expressividade da complexidade compacta encontrada para estigmatizar uma ideia como um todo do que espontâneos trabalhos de menos valor por diminuição da plataforma como se fosse uma brevidade de um menor processo criativo.
Particularmente gosto muito dos pequenos formatos, pequenos frascos, pequenas pétalas, pequenas poesias com poucas palavras. Parece me que toda grande ideia, magistralmente surge automaticamente de um breve rabisco. Como se a divina inventividade perfeita não tivesse muito tempo ocioso para muitas elucubrações,tentativas e experimentos.O que é, mesmo de forma simples geralmente já nasce feito.
A cada nova edição das mostras e exposições da arte e da cultura contemporaneidade re aparece uma nova re leitura de uma antiga ideia clássica, apagadinha, esquecidinha pelo grande grupo. Geralmente à boa ideia base foi engolida, pouco digerida pelo acelerado processo consumista exigido pelo mercado,de temos sempre às novidades.
Até entendo a forma ácida e irônica de ver, falar,interpretar e produzir arte diante as poucas mudanças ajustadas breves existentes frente ao tanto mais que deveria ser mudado por agora.Mas não consigo ser indiferente quando o artista e o autor para isto grita por mau gosto e extrapola por cima dos princípios éticos, morais e da boa convivência da cultura de quem quer que seja.A transigência já é uma postura muda e obscura de aceitação e persuasão a tudo aquilo que nos é diferente.
Existem dois principais tipos de consumo de arte O primeiro, o mais saudável e de longo prazo,é o ato de adquirimos uma obra de arte por que gostamos, fazemos por consumo direto por que nos identificamos com a temática, forma de criação, e escolhemos para fazer parte de nosso cotidiano imóvel. O segundo é o menos saudável, é a opção de investimento de risco a médio prazo sem tanta liquidez mas com uma possível e provável oscilação de valores que resultem em ganhos e perdas comparado ao preço do bem adquirido.
Nunca existe, qualquer garantias sobre o retorno dos valores investidos.Esta modalidade de consumo traz as mesmas chances de uma roleta de cassinos, opções de bolsa de valores ou dos jogos de azar.
A tipicidade perfeita entre um grande numero de obras de arte de uma artista revela principalmente duas coisas. A execução e/ou montagem da obra por meio de uma plataforma mecânica ou a terceirização da mão de obra para execução dela à partir de uma ideia bem detalhada e com alto controle de qualidade e forma.Das duas formas, a arte do artista a ser avaliada deve ser sempre à ideia os múltiplos são só alegorias expressadas materialmente.
Gosto de arte como beleza, gosto de arte como vocação, expressão, como profissão, como educação, como cultura, como fé, como decoração, até como terapia ou como curtição mas não gosto de arte que pensa que é só aplicação, investimento, bonificação tributária, acervo financeiro, garantias, doações pervertidas, instrumentos de poder e corrupção.
O sentido social e político da arte está como ferramenta e plataforma para Educação e o incentivo sustentável do exercício da Cidadania Cultural ajustando, adaptando e preparando o individuo político cidadão-ser social para as novas realidades selvagemente impostas ao meio pela vida em grupo.
A arte contemporânea do século XXI cada vez mais se afasta das possibilidades de ser uma plataforma artística madura expressada por uma técnica ao rigor da técnica, primorosa de execução aliada ao equilíbrio de bom gosto e passa a ser uma instalação mecânica quase pré-fabricada por sucatas como uma brincadeira de mau gosto, dentro do conceito ideia de humor negro, uma piada sem graça quando não avança no desrespeito da cultura, da fé e da filosofia dos outros.Espelho próprio de um período crítico de nossa atual sociedade, doente, individualista, egoísta, perversa, compulsiva, competitiva, fundamentalista, exclusivista, enlouquecida e selvagem.
Toda vez que ouvir uma opinião taxativa muito exata sobre uma obra de arte, muito cuidado, pois todo aquele que assim o faz deve ter muito mais interesses de cunho matemáticos e financeiros que principalmente artísticos e históricos sobre a arte.
Difícil encontrar disciplina de produção no processo criativo na arte propriamente dita, existe sim jornadas de montagens de terceiros ajudantes na montagem de uma ideia e instalação como também na produção do artesanato ou nas artes contemporâneas que se utilizam das plataformas das artes de ofício, marcenaria, tapeçaria, tecelagem, cerâmica, gravura, escultura, entre tantas outras criativamente diferenciadas das obras e objetos de produção.Sempre senti uma distância muito grande do artista entre as horas certas, os prazos determinados e o tempo do compromisso.Distância está tão grande que admito ser mais como uma abstração ilustrativa e/ou uma teorização meramente conceitual de ofício.A arte precisa da liberdade e o artista em sua maioria do caos mas não para ordenar o caos mas sim torna lo compreensível e visível a partir de uma nova linguagem e/ou de um novo ponto de vista.
A arte, clama, concorda, concorre ou se manifesta subliminarmente com o que nos incomoda diferentemente.
A arte e a cultura mais que só avança perante ao novo. Ela em si por tempos retrocede ao velho, resinificando o que já existe e foi feito por futurismo no passado, mas que começa a fazer mais sentido perante o hoje, diante da contemporaneidade.
Maravilhosas as esculturas vegetalistas em aço dos jardins de Caio Mourão....a Arte Joia em grande formato com a sutileza da criação em movimento de um artista plastico e visual, joalheiro que navegava entre varias plataformas....Meu amigo e parceiro Caio Mourão era assim um jardineiro de pétalas, flores e espinhos... inquieto e curioso, e ao mesmo tempo objetivo e generoso...mas sempre sonhador....em um único movimento de buril resolvia o fato, de fato...ainda me lembro como se fosse ontem, Caio me ligando para me falar empolgado sobre novas esculturas que tinha feito...e falávamos das gemas, de coisas e das formas que Di Cavalcanti pensava, indo para o cearense Antonio Bandeira em Paris e do Ado Bonadei.....Carlos Martins e de tantos outros.....a arte para nos sempre foi uma colcha de fuxico coloridos com as lembranças de quem tinha partido, na frente..mas grande parte dos sonhos que sempre ficaram, afinal nunca que cria com emoção, nunca morrem...persiste.... de certa forma fica aguardando no ar até outro alcançar e continuar.