Mulher e Arte
Cada obra de arte é criada para o mundo pelo seu criador mas ela em si particularmente escolhe privilegiadamente cada qual que será o seu maior e melhor admirador. Lembre se que cada uma delas é única e quando encontra o proprietário certo proporciona uma melhor qualidade de vida para quem a possui, para o lugar onde está e muitas vezes vai se tornando para o colecionador o mais lucrativo investimento econômico e financeiro sem qualquer comparativo de ganhos reais a tudo que se conhece no mercado patrimonial. Dinheiro traz riqueza mas nunca ouvi falar em nenhuma grandiosa fortuna que não tivesse o seu lastro garantido e agregado em um rico acervo de obras de arte.
Obras de arte de qualidade e objetos históricos geralmente não passam pelas galerias de arte e loja de antiguidades. Afinal o que é raro, muito bom, de grande valor histórico e especial, não tem preço convidativo para que o comerciante possa adquirir e revender. Sendo assim, geralmente os acervos a venda são de obras de fáceis reposições, quase que comuns e adquiridas por preços e valores bem abaixo que os praticados pelo mercado. Outro detalhe importante a saber é que nem toda galeria de arte e loja de antiguidades, é gerenciado e avalizado por um tradicional marchand ou antiquário, pois a exigência e a legislação comercial nacional assim não obriga e não condiz. Sendo assim é imperativo buscar uma consultoria profissional tradicional especializada antes de qualquer incursão financeira com responsabilidade no mercado de arte no Brasil.
O que o mercado de arte no Brasil ainda não entendeu, é que estamos no seculo XXI, e não existe mais mercado totalmente isolado. Sendo assim, o mercado de arte verdadeiro, tem que ter seu entrelaçar com a educação, com as prestações de serviços especializadas para o próprio mercado, com a arte e a cultura, com as novas tecnologias, com a identidade cultural nacional e sobretudo com a nossa gigantesca diversidade. Sem estes enlaces é um mercado fadado a obscuridade dentro de pouquíssimo tempo por não estar engajado as novas perspectivas econômicas, politicas, sociais e educacionais da contemporaneidade.
Cada qual em sua estrita função profissional. O leiloeiro, leiloa. A Galeria de Arte, vende. O restaurador, restaura. O moldureiro, emoldura. Mas só o avaliador de arte, perito e marchand independente que tem a verdadeira e comprovada capacidade de avaliar as obras de arte. Isto em qualquer lugar do mundo.
As avaliações, as pericias e os inventários de obras de arte realizadas por profissionais não preparados e gabaritados para estes serviços, tem por final sempre resultados incorretos e desastrosos.
O valor de uma verdadeira obra de arte não segue uma tabela de preço qualquer por metragem e sim é estimada pelo especialista de mercado, pela sua qualidade, importância, raridade, expressividade, conservação e originalidade.
Em um local sem educação e sem cultura, a avaliação correta e criteriosa de uma obra de arte, realizada por um profissional competente e experiente, sabe-se que nem sempre o valor histórico de uma obra acrescenta na mesma proporção o seu valor comercial de mercado, mas em um local com cultura, memória, registros e identidade estes valores chegam a ser imensuráveis.
Atribuir um valor aleatório qualquer a uma obra de arte é relativamente fácil mas quero ver o avaliador falar sobre a trajetória do artista, saber em que fase a obra foi feita, qual a técnica utilizada e mesmo fazer uma projeção fiável de realização de venda e certificar. Logo existe sim um divisor super escancarado entre colocar preço e avaliar.
Se não é possível ter educação, cultura e arte no Brasil de hoje. Pelo menos poderíamos ficar com a arte via governo federal pois podem cobrar ingressos.
O Brasil é o lugar dos esquecimentos principalmente nas artes e na cultura. Duas verdades sobre joalheria brasileira devem ser ditas, o conceito da Joia Arte Assinada no Brasil foi concebido primeiramente pelo joalheiro brasileiro Caio Mourão em Ipanema no Rio de Janeiro. Caio foi meu grande amigo, parceiro em criações, sobretudo no uso das gemas brasileiras lapidadas pois tenho formação e atuação em lapidação. Eu fui marchand de suas obras visuais pinturas e esculturas em aço e por muitos anos encontrávamos semanalmente proliferando novas ideias para o meio. Já o conceito de artista plástico e visual joalheiro, no Brasil foi concebido por mim na mesma época que tentávamos organizar o primeiro encontro de Arte Joia no Brasil. Caio prematuramente falece mas por meio e uma personalidade artística própria e muito forte, o Atelier Mourão e a Arte Joia continua cada vez mais forte no Brasil agora pelas mãos de sua filha, a joalheira Paula Mourão, que no mesmo sentido de promover o aprendizado sobre a arte joalheira brasileira e no mesmo momento já começa a fazer historia, com suas criações joalheiras exuberantes minimalistas entre o belo e o pratico, fugindo da tradicional e distorcida visão de mais um adorno estético e captando a personalidade de vida e do movimento de quem as usa, de quem sonha ou vai passar a usar. .
No mesmo sentido que uma grande criação de um grande costureiro da alta costura internacional pousa no corpo por beleza e exuberância das formas anatômicas de quem a usa, o mesmo acontece diante a grande criação de um grande artista plastico e visual joalheiro da alta joalheria internacional que veste algumas áreas do corpo por beleza, personalidade e originalidade de quem a si se completa e encanta pelos pequenos gestos, pela suavidade da vida em todos os lugares pelos medidos e agradáveis movimentos.
A arte é sempre mais uma forma de expressão que se encontra para dialogar com o mundo do que uma mera profissão inventiva que objetiva fáceis ganhos financeiros.
As feiras de arte pelo Brasil ainda são vitrines para os interesses meramente comerciais das galerias nacionais e estrangeiras, distantes da verdadeira cultura nacional, do desenvolvimento e oportunidades para o setor, dos trabalhos e projetos inclusivos e sustentáveis dos maiores profissionais do mercado e da maioria dos artistas.
Dizem que a oportunidade faz o ladrão da mesma forma que a falsa oportunidade submetida a um avido colecionador pouco honesto em querer obter vantagens perante o valor muito baixo de uma importante obra de arte, faz o mesmo de tolo, pertinente cego e bom receptor final, diante de uma ilusão concedida pelo torpe ego mesmo diante de uma grosseira contrafação.
Meio que na contra mão de um tempo egoísta e de vaidades usurpativas menores, ainda acredito na ampla generosidade intelectual que deva ser ofertada por quem sabe em qualquer boa e digna conversa sobre arte e cultura. Uma cultura trancafiada entre poucos eleitos, não vale nada, apodrece e morre.