Mulher Bruta
Em resposta à atitude grosseira do meu amigo...
Levantei bem devagar as mãos espalmadas para a frente, à altura dos meus ombros dizendo:
-Bom... quem sou eu para estar aqui?!
Não sou grosseira. É que tenho certas palavras feias em meu dicionário, feitas exclusivamente para algumas pessoas; que sabem encher o saco da minha paciência.
—By Coelhinha
Gritei, empurrei, tirei o salto alto da forma mais grosseira possível e sai correndo. Eu adorava ser rebelde, adorava fazer uma cena, me livrar de qualquer obrigação, estufar o peito e dizer que era livre. Eu era exagerada, impulsiva, imediatista, e principalmente: dramática. Sempre fazia de uma ondinha, um verdadeiro tsunami. A verdade é que eu tinha que sentir o tempo todo. Nem que fosse raiva ou tristeza. Sentir qualquer coisa é melhor do que não sentir nada. Nasci pra ser atriz de novela mexicana.
Eu odiava qualquer coisa que beirasse ao normal. Sempre surtei mesmo. É que o mundo às vezes me incomoda demais e eu sempre preciso gritar pra ele que eu não sou só um grãozinho de areia. Que menina louca, que garota estranha. Eu sei, eu sei. No final eu sempre me arrependi por ser tão exagerada. E eu continuei andando pelas ruas sem rumo, ciente dos passos que ouvia atrás de mim, mas sempre ignorando. E ele, da mesma forma, paciente e em silêncio, só esperando a hora de me cansar e voltar ao normal. Cheguei à avenida e ele finalmente veio me salvar. Parando ao meu lado, sem dizer uma palavra, só me abraçou. E era isso que eu tanto buscava. Todo o escândalo, rebeldia e incomodo que eu sentia cessaram. Eu só precisava ser cuidada, protegida, só precisava de alguém paciente o bastante pra me pôr nos eixos.
Talvez ele nunca tenha entendido porque eu fui, sou e provavelmente, sempre serei desse jeito – e quem entende? – mas ele nunca corre pro lado oposto. Nunca desistiu e quis gritar mais alto que eu. E isso me enche de esperança. Porque tanto faz o mundo não me entender, eu não entender o mundo e eu mesma não me entender também. Tanto faz minha insegurança, vulnerabilidade e instabilidade. Ter o colo dele pra chorar baixinho sempre vai espantar todos os meus medos.
Tem coisa melhor no mundo do que ter alguém pra te acolher?
Joana é uma mulherzinha escrota. Ela xinga as pessoas, discute, é grosseira. Ela bebe muito, dança até o chão. Ela é bagaceira. Ela provoca todos os olhares, diz coisas que até o capeta duvida. Joana é imprestável e muito egoísta. Todos reclamam mas ela nem liga. Ela sabe que não há quem resista. Sempre a perdoam depois de uma boa briga. Ela pode ser tudo de ruim, mas é divertida. Sabe quem é a Joana? È a minha inimiga. Ela é meu submundo, o pior que existe em mim, mas faz parte da minha vida.
- Sou grosseira sim, minhas palavras machucam sim. Mais tudo o que eu digo tem motivo de tanta grosseria! Tenho coração, sentimentos, mas, não sou idiota. Sim, muitas vezes eu sou sinistra, sou vira-lata e também sou um doce. Eu não quero que me entendam, nem eu me entendo. E do mesmo modo que respeito os pensamentos, atitudes, palavra etc, também quero ser respeitada. Afinal, pra que existe o livre-arbítrio ?
A sinceridade nem sempre vem com gentileza. Mas, pra você o que vale mais? Uma verdade grosseira ou uma mentira gentil?
Campo de Trigo Com Corvos, Contos, o Livro do Silas Corrêa Leite
A ciência é grosseira, a vida é sutil
É para corrigir essa distância
Que a literatura nos importa
(Roland Barthes)
“CAMPO DE TRIGO COM CORVOS”, Contos, o que realmente é? Primeiro: é um livro de contos, ficções, histórias, causos, narrativas e as chamadas acontecências, todas no belíssimo palco histórico e boêmio de Itararé. Segundo: a maioria dos contos premiados em concursos literários de renome, ou mesmo no próprio Mapa Cultural Paulista, representando Itararé. Terceiro: a prosa poética do autor, sua linguagem típica do “Itarareês” com o peculiar e todo próprio surrealismo e mesmo o realismo fantástico, para não dizer de, aqui e ali, um chamado transrealismo. E, o melhor de tudo: papo de bar. Na calada da memória, as bebemorações (ou rememorações) e um piá...o guri Silas contando, como se trazendo a sua infância consigo na linguagem, nos parágrafos. Para não dizer dos finais hilários ou, ponhamos: encantados. Bela capa, com autorização do Museu Van Gogh da Holanda. Orelhas bem trabalhadas. O autor tem o que se dizer dele. Prefácio arrebatador. De um poeta, ficcionista e ensaísta premiado de Portugal, o Prof. Dr. Antero Barbosa, acadêmico e professor universitário. Descasca literalmente o estilo do Silas, técnicas, vôos, criações, enlevos, símbolos de perplexidade. E valoradamente dá nomes elogiosos aos criames diferenciados do autor. Última capa, as citações de lugares midiáticos em que o Silas saiu, foi reportagem, ou entrevistado, da Folha à Jovem Pan, por exemplo. Depois e finalmente, o conto Anistia. Premiado. O macro espaço-Brasil trazido à Itararé e um menino contando. Da ditadura ao fim dela com a Era Collor e suas carroças coloridas. O muro como símbolo, metáfora. Lembra J.J.Veiga mas vai em veio próprio. Guardação. Um baita causo de Itararé. Bem construído, costurado, com um final pra lá de feliz e risador, ridente, sei lá. Boêmio...um continho joiado...lindo. Mimo. Caso de notívago. Câncer... então é um papo rueiro, de bar risca-faca, de roda de contadores de palha. O Anão é tão bonito que pinta virar filme, pelo que soube. Gente de arte (teatro, rádio, música) em Itararé de olho. Mágico. Justiça, então, tem um final altamente criativo, quase um achado fora de série. Escrever é um ato de sobrevivência, disse Eduardo Subirates (filósofo espanhol). O Apanhador de Cerejas, quando revela o que está realmente havendo (narrador direto), você sofre e chora e volta a reler para compreender a dor do narrador. A pior coisa é não sentir absolutamente nada, diz o rock do U2. Campo de Trigo Com Corvos é o melhor conto do livro. E o final se revela na última palavra. Você vai lendo, seguindo na contação do menino, quando se vê? Corvos, trigais, campos e, loucura-lucidez. Azul e amarelo, como a capa. O Inventor é cênico, fílmico, e um final que arrebata, literalmente. Endoenças é conversa de filha pra pai. Tudo em Itararé, chão e estrelas. E lágrimas. Congonha (ko goy – do tupi: o quê mantém o ser?), o conto mais premiado do autor. Como é que pode um final desses? Depois vem o Causo do Gibão e você tem ali uma graceza impressionante, andando com o autor pela narrativa e sua tessitura. O Enterro, então, é o melhor “causo” do livro. Por si só daria já um romance e tanto. Um pandareco, como volta e meia diz o autor, entre maleixo, cainho, guaiú, morfético, caipora lazarento (beirando um regionalismo sulino até), etc. Quando você pensa que já está bom, a mimese do O Osso. De novo você fica pensando: como pode escrever isso? Onde acha isso tudo? Técnica, estilo, domínio, condução, talento. Coió é triste, duro, o conto mais pungente do livro maravilhoso. O causo O Velho Martinho é bem contado em Itararé, o autor recupera pessoas, falas, expressões, dando registro à voz do povo, vox dei. E bota gente real: Tepa, Jorge Chuéri, lugares, bares (principalmente). Quando a Tragédia Bate à Sua Porta, foi elogiado e considerado belo e fílmico quando em debate online, pelo João Silvério Trevisaan. E O Silas Já foi premiado no Concurso Ignácio Loyola Brandão, Paulo Leminsky, Ligia Fagundes Telles, Salão de Causos de Pescadores da USP, etc. e tal. Então o conto de amor que faz você chorar. Ele Ainda Está Esperando. Um final que relembra kafka mas sem deixar de enlevar a leitura em prosa poética e ficar pensando no estupendo processo de criação com suas lógicas e ilogicidades maviosas, plangentes. Quando você pensa que acabou, um continho quase que meio infanto-juvenil, e o menino de novo que, na maioria das obras narra, conta, detalha, especifica, volta inteiro e completo com o conto sobre a bicicleta de um tio. Marquesinha, Periquitada. Você não leu? Não sabe o que está perdendo. Cada um arrasta um corpo atrás de si, debaixo do sossego das estrelas, disse Fernando Pessoa. Isso tudo e muito mais é CAMPO DE TRIGO COM CORVOS. Jóia rara.
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L.C.A – Professora, Área de Designer Gráfico -E-mail: artistasdeitarare@bol.com.br
Blogue: www.artistasdeitarare.zip.net
Autor: Silas Correa Leite - E-mail: poesilas@terra.com.br
Site: www.itarare.com.br/silas.htm
Perdoe-me pela grosseria, ninguém ama gente grosseira, porém compra-se quem goste desse tipo: Os que gostam muito de dinheiro.
Nunca se sinta magoado por não ter revidado uma resposta grosseira a altura q alguém merece,fique tranquilo o tempo cuida disso.
UM SÓ DESTINO!
Tem gente que dá rasteira
no amigo ou no parente
tem pessoa que é grosseira
por ser rico ou ter patente
isso é uma grande besteira
porque a vida é passageira
e ninguém fica pra semente.
Ela era, na maioria das vezes, alguém agressiva, grosseira e estava sempre de mau humor. Mas ela prometeu que iria tentar dar o melhor de si. É possível perceber que ela se esforça. Mas também percebe-se o cansaço dela ao tentar. E eu me pergunto como ela consegue levar essa vida...
Sou grosseira mesmo,antissocial...maluca, sozinha,e muito mais...
antes ser assim, do que viver mascarada pelo medo...
medo do que os outros possam pensar... nao sabe das minhas feridas nem me ajudou a cura-las, então nao tem o direito de me julgar....
A pior censura não é aquela grosseira que escandaliza, mas a refinada que até conquista seus censurados.
Existem pessoas que nos esquecem de uma forma tão grosseira; sinto muita falta de quem partiu sem nem mesmo dizer tchau.
As vezes feliz, as vezes triste, as vezes engraçada, as vezes grosseira, as vezes fria, as vezes quente. As vezes nada as vezes tudo.
"Quando uma pessoa é grosseira com você, não se culpe, na verdade ela
está te punindo por ser melhor que ela."
05/04
Não permita que influências
externas te tornem uma
pessoa grosseira,
Opte sempre pela delicadeza.