Mudo
O mundo pode ser novo...
Quando eu mudo a direção do meu olhar...
Quando eu entro na vida de alguém,
Ou deixo alguém entrar...
MEU DIA
Senhor:
Faça me surdo, mudo e cego
a tudo aquilo que não for
amor e trabalho.
Em vossas mãos, meu dia entrego.
Vivia assim
Solitário
Tão solitário quanto a lua num céu sem estrelas
Mudo
Calado
Porém feliz.
Tinha um travesseiro
Coberto de lembranças
E um cobertor
Feito de retalhos
Retalhos de sua própria alma.
O orvalho que caia do céu
Regava-lhe as esperanças
E as estrelas
Iluminavam – lhe o caminho
Quando todas as outras luzes se apagavam.
O suor que lhe caia do rosto
Fazia brotar a semente
E os olhos
Quase fechados
Ainda viam quase o invisível.
Tinha os pés cansados
Empoeirados
Rachados de pisar o chão
Mas nada no mundo dava-lhe mais prazer
Que caminhar por cima da terra
Melhor que ser coberto por ela
Dizia ele.
Na cabeça
Um chapéu
Já gasto pelo tempo
Mas que ainda dava pro gasto.
Tinha em si o perfume do mato
E nas mãos
Calos
Pra mostrar que a gente se acostuma com tudo
Até mesmo com a dor
E ela passa
E vai embora
E de repente
Nem se sente.
O coração?
Bom
Esse ainda batia forte
Mais forte ainda
Quando se lembrava de sua amada.
Não tinha saudades da vida longe do campo
Só tinha saudades dela
E mesmo depois de tantos anos
Ainda a amava
Cuidava
Regava.
Em meio a imensidão árida
Podia-se ver um jardim
Pequeno
Bem cuidado
Repleto de rosas brancas.
Havia também uma placa
Que por distante estar
Não pude ler.
Perguntei-lhe sobre o jardim
E ele
Respondeu apenas:
Ali
Plantei minha rosa mais bela
E como prometi-lhe um dia
Regarei nosso amor para sempre
Quando me aproximei
Pude ler
O que com uma trêmula letra
Se havia escrito
“Te amarei para sempre, Maria.”
Me cansei de ficar mudo
Sem tentar
Sem falar
Mas não posso deixar tudo
Como está
Como está, você?
Tô vivendo por viver
Tô cansada de chorar
Não sei mais o que fazer
Você tem que me ajudar
Tá difícil esquecer
Impossível não lembrar você
E você, como está?
Com o fim do nosso amor
Eu também tô por aí
Eu não sei pra onde eu vou
Quantas noites sem dormir
Alivia a minha dor
E me faça, por favor
Sorrir
Vem pros meus braços
Meu amor, meu acalanto
Leva esse pranto pra bem longe
de nós dois
Não deixe nada pra depois
É a saudade que me diz
Que ainda é tempo pra viver feliz
Mundo mudo
Mundo meu
Mudo meu mundo por causa do seu
Mudo mudo em silêncio
Em gritos por dentro
Gritos entre rajadas de beijos
Metralhados pela meralhadora da tua boca
Mudo fico
Sem você.
Um gosto amargo
uma despedida
uma lágrima
estou de partida...
Agora sim,
mudo de ares
irei a outros bares...
navegarei por outros mares.
Até aqui viajamos juntos,
tiramos algumas pedras do caminho,
outras contornamos,
arrancamos os espinhos...
seguimos em linha reta,
subimos ladeiras,
quebramos barreiras...
um dia me vi esquecida num canto
o riso virou pranto.
E o riso virou pranto
um dia me vi esquecida num canto
quebramos barreiras...
subimos ladeiras,
seguimos em linha reta,
arrancamos os espinhos...
outras contornamos,
tiramos algumas pedras do caminho,
até aqui viajamos juntos.
Navegarei por outros mares...
irei a outros bares...
mudo de ares
agora sim.
Estou de partida...
uma lágrima
uma despedida
um gosto amargo
de fim.
Dizem que o amor é cego.
Mas também deve ser surdo, mudo e ainda por cima deve estar faltando membros.
E quando é preciso falar e o texto fica preso na garganta...
Parece um cinema mudo e perde-se a euforia de dirigir à própria cena, perde-se o controle do personagem e no fim, rasga o papel e perde o enredo.
Contextos da vida real!
Aperta o mudo do mundo
Apague a luz da lua
Apanhe o brilho do sol
E sinta que o poder não vem de você ..
Eu tento sempre ficar mudo, mas as palavras não saem de dentro de mim, elas vem até mim como uma constante que nunca varia de direção.
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