Mudar de Cidade
No breu da noite
A noite chegava
Pouco se fazia
A noite chegava
E a cidade dormia
Contavam os feitos
do resto do dia
A noite chegava
e a cidade dormia
Brincavam, jogavam,
faziam folia
A noite chegava
e a cidade dormia
A noite chegava
o breu assumia
A noite chegava
e a cidade dormia
-da época em que
tudo era mais fácil
Todas as luzes entram em combinação na tua presença, miram-te a máquina e lentes que calculam a tua imagem para além de um click. O resto da cidade tem dado chilique na presença da tua imagem. Esses iPhone jamais passarão fome. Tu o alimentas. Basta o teu riso menina, que os prédios mudos, jamais passarão a te chamar em silêncio enquanto dorme a cidade na tua foto.
São Luís: cidade dos meus sonhos de criança, conhecida por seus azulejos e buquês de noiva; capital do meu querido Maranhão, onde me deito sobre seus famosos lençóis de areia. Cidade de belezas naturais, debaixo do céu multicolorido pelos raios de sol e pelo arco-íris, que me servem de inspiração para poemas, poesias e toda minha criação.
Tô meio vazio
Meus poemas querem revolução deles próprios
São duas horas da manhã
Já li todas as notícias de esportes possíveis dessa semana
Já pensei mil vezes em escrever uma poesia
Falando da guerra fria da rede social
Amanhã tenho uma prova de redes 3.
Não consigo dormir.
Tive um sonho onde eu fugia constantemente
Passando por lamas, lagos e piscinas.
Acordei sem saber para onde fugir.
Tô bem cheio disso tudo
Mas ainda assim vazio.
Estou aos 45 minutos do segundo tempo
De um curso de engenharia
Ta três a zero pra mim.
Mas não to ganhando nada.
As construções de papel
Molham na primeira chuva.
ENTRE O REAL E O SONHO
Ela anda pelas calçadas centenárias
devagar, lentamente, admirando os detalhes que tem cada prédio,cada canto, cada pedaço que lhe rodeia.
Ela sente no ar um quê de solidão, de saudade
É um sentimento que penetra pelos poros, se faz sentir
em seu olhar carregado de devaneio...
Ela anda pelas ruas e parece fora do tempo, está longe do agora...
Há um quê de sonho...
Aqueles paredões de pedras, os mirantes, os nomes de ruas, as escadarias, os becos e o ar de passado tão presente...
A língua que ela fala para si mesmo, em brincadeira, tem sotaque carregado do português falado em sua terra de origem, Portugal...
Ah "última flor do lácio", como és bela! Pensa em seu sonho que vê bem perto de si o poeta Camões...
Ela vai seguindo...
Rua do Sol, Praça João Lisboa, Rua de Nazaré, passando pela
Praça Benedito Leite, indo, indo, passando pelo Palácio dos Leões, chegando a Beira -Mar, Praia Grande, voltando pela Rua de Portugal, entrando e saindo por aquelas ruas onde o passado parece tão presente que não se sabe se estamos neste século ou em trezentos ou mesmo quatrocentos anos antes...
Ela ama esta cidade, não se pode negar...
Ela, se pudesse,se transportaria para o passado, e tentaria conhecer o Daniel de La Touche, mas também amaria ver e falar com Alexandre de Moura... Iria ver com certeza e adorar, os índios daquela época.
Ela continua andando, devagar, seu olhar cheio de luz do que passou...
O sol a pino, bate em seu rosto e ela se vê no tempo presente, mas o ar impregnado de saudades do que ela não viveu mas tão real como se a cidade lhe tivesse passado toda a sua história como sendo seu...
(10/06/2017)
Raimunda Lucinda Martins
Rio 453 anos
Meu Rio que sorrio e te abraço, e te encontro no Rio de Janeiro e te faço, um sorriso de samba, no pôr do Sol da praia, na festa, do Copa e da Lapa, da escada que te leva e faço, e trago pra ti ... Aquele abraço!
Parar uns minutos no meio dessa "Selva de Pedra" para prestar atenção no canto dos pássaros que, apesar do barulho dos carros e caminhões, consegue ser alto o suficiente para se tornar único e inesquecível, parar alguns minutos para me acolher na sombra fresca das poucas árvores que ainda existem é tão calmante e rejuvenescedor.
Existem apenas duas tramas: 1) Uma pessoa parte em uma jornada. 2) Um estranho chega à cidade.
Nota: A citação costuma ser erroneamente atribuída a Fiódor Dostoiévski e Leon Tolstói. Acredita-se que o pensamento seja uma adaptação de um conselho do escritor e educador John Gardner, presente na obra “The Art of Fiction: Notes on Craft for Young Writers”, lançada em 1984, dois anos após sua morte.
...MaisVocê é uma estrela
Ofuscada pelo brilho da cidade
Não fique triste
Tudo é perspectiva
Perto da cidade seu brilho é menor
Mas todos sabemos que
Nada se compara ao brilho das estrelas
TRISTEZA MARAVILHOSA
.
.
Rio de Janeiro,
sob teu corpo de concreto
teu santo padroeiro
dorme, como um feto.
.
Ainda não nasceu, teu santo,
ainda é cedo para o milagre;
e a lágrima doce do teu pranto
não é vinho, é só vinagre.
.
Baía de Guanabara,
como mente o teu postal.
Vejo fome em pau-de-arara
sob a camada social.
.
Queria entender teu segredo,
tua miséria, tua mentira;
mas o que vejo é o degredo
que escapa da tua mira.
.
Seres humanos migratórios
compelidos à mudança
cujos mortos compulsórios
são produtos da esperança.
.
Rio, Deus te abençoe,
e do alto do Corcovado
em pedra o Cristo nos perdoe
por teu índio dizimado.
.
Cidade Maravilhosa,
herança dos guaranis...
na tua culpa misteriosa
guarda a lembrança dos brasis.
.
Rio, cidade poesia,
olha teu negro na construção;
não lhe conceda alforria:
tu és a própria escravidão.
.
Rio, alguém que tardia
espreita em teu carnaval;
sobre a tua fantasia
jaz a beleza de um postal.
.
Rio de Janeiro,
teu caminho não é reto;
ao sul do teu cruzeiro,
um voto vira um veto.
.
Ainda não nasceu teu quebranto,
ainda é cedo para o céu;
e a cachaça do pai de santo,
não é néctar, é só mel.
.
.
[BARROS, José D'Assunção. Publicado na revista Insurgência, 2023]
Um coração devastado, uma cidade abandonada. A tristeza reina na ausência do amor. A reconstrução é lenta e incerta.
Procuramos um caminho para nossas vidas. Caminhamos por uma cidade desconhecida. Até que que um dia, nos rencontramos e nos reconhecemos.
Apesar da cidade ser uma caverna linda, a natureza inspira liberdade. Sonhe além das estrelas, esteja além dos limites.