Mudar de Cidade
[...] Nunca teve nada além de certeza que sairíamos de lá. Demoramos horas, mas ele conseguiu. Ele nos tirou de lá. Fiquei inteiramente grata, mas ele simplesmente olhou para mim como se eu fosse louca. Como se fosse óbvio que nos tiraria dali. Fracassar não era uma opção. Só estou falando que... ele vai achar o caminho de volta até vocês. Sei disso.
(Cidade das Almas Perdidas)
Apesar da minha vida barulhenta em um vasto universo eu tenho um refúgio silencioso e aconchegante. Uma janela com árvores frondosas e ouço o canto dos pássaros toda manhã na minha boa companhia.
e vá alguém saber
quanta coisa se fala numa cidade
quantas vozes
resvalam por esse intrincado labirinto
de paredes e quartos e saguões,
de banheiros, de pátios, de quintais
vozes
entre muros e plantas,
risos
que duram um segundo e se apagam
Mestiça de índia, de corpo flexível, estranho, sinuoso que nem cobra e fogoso como os olhos: um fogaréu vivo ambulante. Espírito impaciente para romper o molde incapaz de retê-lo. Os cabelos pretos, longos e sedosos, ondulavam e balançavam ao andar. Sempre muito animada ou então deprimida, com Cass não havia esse negócio de meio termo. Segundo alguns, era louca. Opinião de apáticos. Que jamais poderiam compreendê-la.
O meu lar é onde me sinto feliz.
Isso independe de luxo, cidade ou país.
O meu lar está comigo. Levo para onde preciso.
Uma forma conveniente de travar conhecimento com uma cidade é procurar saber como se trabalha, como se ama e como se morre.
"O homem ama tanto o homem que, quando foge da cidade, ainda é para procurar a multidão, isto é, para refazer a cidade no campo"
Observando uma imensa cidade, percebe-se quão solitária uma pessoa pode ser no meio de uma multidão.
Encantou-me, cantou-me.
Ela é a sereia da cidade grande.
Não virou meu barco de ponta cabeça, mas sim minha vida ao avesso.
Não me levou pro fundo do mar, mas me arrastou até o fundo do bar.
Sou eu a cidade sem paz
As incertezas do dia a dia
Luzes
Lutos
Folhas que caem
Sou eu o milagre que nunca acontece
Só tenta
Só reza
Um dia essa dor vai terminar
Sou eu refletindo nos vidros urbanos
Correndo
Gritando
Ligando
Esperando ouvir (em meio ao caos) a voz de quem eu amo.
Cidade sem paz - Velho Talismã
CIDADE SORRISO
Em minha memória, uma saudade
Dos tempos de outrora, um aviso
Daqui fui, aqui voltarei, realidade
Uma mineira cidade, cidade sorriso
Onde sempre fui, territorialidade
De minha alma, aqui sou indiviso...
Neste um universo, versa a beleza
Gente de minha história, de contos
Em um recital duma incrível pureza
Poesia nas velhas cadeiras, pontos
Seresteiros cheios de doce certeza
Nada ali é pequeno. São confrontos!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
É claro que você não é tão inocente...
julgando pelo seu sorriso maldoso
Você sorri com egoismo quando lhe fazem um elogio
Mas fica assustada quando alguém lhe dá a mão para andar junto.
Seu olhar é vazio e belo... como as luzes da cidade a noite
Como uma criança pedidas dos pais
Você não foi feita para agir quando alguém lhe dá carinho sem nenhuma pretensão.
CURITIBA
De lindos bosques...
Um universo prende-se a ti.
Abriga povo de muitas nações
que descende, ascende em ti.
O clima que em ti abriga
difere-se dos demais...
São valores que nos obriga
amar-te mais, e mais...
De primeiro mundo
muito se vê aqui.
Tens contudo; maior patrimônio:
Um povo que zela por ti.
Estar aposentado sem nenhuma atividade que ocupe sua mente e seu físico é como viver na Cidade dos Anjos.
Majestosa araucária
Janela para a alma era te ver assim
Soberana
Arranhando os céus
Mas o progresso não para araucária velha
A cidade quer ser vertical
Majestosa araucária velha
Não mais majestosa
no meu horizonte de brisa fresca
Não mais soberana entre o dourado céu
Destronada, súdita e vencida
Teu destino breve e inevitavelmente será horizontal.
CIDADE MARAVILHOSA
Cidade maravilhosa
De maravilhas mil, belezas mil.
E também de tristezas mil,
Pobrezas mil, violências mil.
Dentre tantos mil,
Milhões são desviados,
Ou talvez lavados
Enquanto outros mil
São enterrados,
Mortos, massacrados!
Devolva-nos o Rio!
O Rio de Janeiro
Que de janeiro a janeiro
O que se vê é guerra,
Quando o maior
Clamor é paz!
O Rio não é só Leblon,
Nem muito menos Rocinha.
Ele é de todos e todos
Pertencem a ele.
Devolva-nos o Rio!
O Rio de Janeiro
Que de janeiro a janeiro
Só é de todos em fevereiro
Quando som da bateria
Da Imperatriz e Viradouro
Substituem o barulho do morro,
Das disputas de traficantes,
Dos gritos agonizantes
De quem não tem onde se esconder!
Devolva-nos o Rio!