Moveis
Somos uma geração de ignorantes contemplando pelas telas de computadores e mídias móveis os feitos do passado e julgando, julgando, apontando, apontando... e por onde anda a promessa de grandes descobertas dos anos 2000?
Há dois móveis de madeira
Que não é brincadeira
Um com amor é presenteado
O outro contra a vontade é comprado
Um traz felicidade que tonteia
O outro tristeza e cara feia
Um enche de paz e alegria
O outro de sofrimento e agonia
Um vem com futuro e pujança
O outro vai com sonhos e esperança
Um anuncia uma nova aurora
O outro avisa que chegou a hora
Um é luz e imensidão
O outro é treva e solidão
Um mostra que da terra viemos
O outro comprova que pra terra voltaremos
Um representa vida e nascimento
O outro demonstra morte e falecimento
Um construído em madeiras trabalhadas
O outro é feito tábuas mal serradas
Um é continuidade e perpetuação
O outro finda um geração
A cada dia que se passa
De um agente se afasta
E na mesma proporção
Do outro é a aproximação.
Há um momento na vida, em que se faz necessário desocupar lugares, reorganizar os móveis, eliminar todo aquele pó acumulado e respirar novos ares.
Dos móveis da minha casa, o mais sagrado e o que mais aguçada a minha curiosidade, certamente, era a estante de madeira que ficava na sala.
Ela era cheinha de livros, coleções do meu pai, que, por nada neste mundo, deixava que pegássemos.
Lembro bem de todos eles, os de Geografia não tinham o estado doTocantins( eu não sou tão velha assim, os livros que eram desatualizados....rsrs)
Os que mais amava eram duas coleções, uma que tinha a capa verde e outra tinha capa azul, a primeira eram os livros de Jose de Alencar, a segunda eram de Machado de Assis.
Como tinha que pegar e devolver os livros sem que painho percebesse, tive que escolher.... Foi aí que fiz uma péssima escolha( ou não).... Escolhi os de José de Alencar.
Depois do primeiro livro, acreditei de verdade no "amor para sempre"....
Imagine o choque que tive ao ler Memorias Postumas de Brás Cubas, com seu personagem principal totalmente sem "sal" e sem objetivo na vida!!!
Pior.... imagine meu espanto ao ver pessoas amando e desamando, casando e descasando e seguindo suas vidas... Admiro a superação que muita gente tem na vida sentimental... Talvez seja algo que, ao mesmo tempo, chama a minha atenção e me causa angustia.
Mas sei de algo a respeito de mim mesma, um amor à estilo de Vinicius de Moraes, infinito enquanto dure, seria uma grande frustração. Certamente, algo à Carlos Drumond de Andrade seja bem mais apropriado:
"O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido."
Compra-se o que tem preço o que tem valor conquista-se, dinheiro compra comida, moveis casa ,carro. Mas nao compra felicidade, amor, paz isso tudo se conquista com o suor do seu rosto.
Chegou em casa, abriu as portas, as persianas, as janelas. Caminhou por entre os móveis, preenchendo os espaços vazios. Os passos pesavam, seu corpo não conseguia carregar o próprio peso, os pés, frágeis, se retorceriam se pudessem, o cansaço era visível.
Foi até o banheiro, olhou-se e naquele espelho manchado, viu um reflexo que não era seu. Algo inumano. Procurou vestígios de felicidade, nenhum. Amor? Nenhum! Dor? Muita! Solidão? Mais ainda! Subiu as escadas, restejaria se possível fosse, não era.
Eram 3:00 da manhã. Havia um fulgor desconhecido naquela noite, algo especial ou diferente. O referente era um inimigo em potencial. A noite foi feita para os loucos, aos que amam intensamente. Era seu caso, amava tanto e esquecia de se amar. Amava a madrugada, o cheiro do conhaque e as taças de vinho manchadas de batom vermelho. Amava ouvir jazz no tom mais suave possível. Amava o azul, naquele tom quase preto. Amava a lua e suas metamorfoses. Amava a vida, odiava viver.
Olhou sua história por um lado, por outro, por perspectivas mistas e opostas. As vertentes que se cruzavam no emaranhado de problemas em que tinha se metido. O amor não correspondido, a traição explícita. A falta de amigos, a solidão...
Como dizer a alguém que possivelmente ela possui depressão? Não é uma tarefa fácil, ao menos não deveria ser. Costumo dizer que quando toma-se um papel como esses, o autocontrole é fundamental. Não queria eu, dizer para aquela doce menina que o que ela via nas manchas de vinho era o seu sangue escorrendo pelas manhãs da camisa. Que absolutamente todos os seus amigos, eram fruto de sua imaginação, porque ela era estranha demais para se adequar socialmente a qualquer parâmetro significativo existente.
O que é a vida, senão um misto de cores borradas, palavras engolidas e borboletas no estômago, regurgitadas? O problema começa partindo do fato de que, cores misturadas se tornam preto, e quanto mais pigmento, mais escura a cor. Até seu sangue escureceria, quem dirá, aquela dor? E a ferida só aumentara...
Ela sentou à beira da janela. As grades de proteção ficaram para trás, afinal, o que ofereceria mais proteção que o próprio perigo? Quando se expõe a ele, nada mais se deve temer, não há do que se proteger.
E ela cantava, entre lágrimas e sorrisos, traçava uma tênue linha entre o real e o imaginário. O vestido branco manchado nas mangas com o vinho... Voava conforme a dança tecida pelo vento noturno. Ela estava em pé, alternando os pés pela beirada da sacada. Um após o outro. Vamos contar comigo 1, 2, 3... Os pés se chocavam e ela olhava para baixo. Não tinha medo do escuro, tinha medo da solidão, e até isso já enfrentara. Não tinha ninguém, não tinha nada. A lua gritava no céu, e no chão, refletida nos tetos dos carros. Nada mais fascinante que a lua... Ao final daquela noite, ela se viu leve como um pássaro. Queria voar, ascender aos céus, e pulou. Voou.
Encontrou a lua, abraçou-a por toda a eternidade. A solidão acabou, o medo cessou, ela e a lua, deram adeus à vaidade.
Conversa calada
Todos estão atentos a suas telinhas móveis
São seres fantasmagóricos, meros ignóbeis
Afinal, é prático se acostumar com a ilusão
Quando a realidade exalta ódio e desunião
Observe ele teclar para um amigo longe
Mal dá para vê-lo no outro lado do bar
Prefere esse lance de quem se esconde
Do que olhar no olho para conversar
Um cara de bem está internado no hospital
É grave ser honesto em um mundo animal
Todos que são justos não seguem a linha
De uma sociedade violenta em sua maioria
Ignore a frieza comum a almas penadas
Mesmo que pareça normal ser distante
Crie vínculos, não somente fachadas
Para este sistema, seja mais errante
Vamos todos dar as mãos e olhar ao céu
Orar por um futuro que seja menos cruel
Está difícil de acreditar no que acontece
Bairro, município, estado, país emudece.
Amor, veja bem, o Sol entrou pela janela e invadiu os móveis.
Consegues perceber que hoje não há esperanças?
Amor, o dia está no começo e estes olhos já insistem em se fechar.
Não há vazão, nem ao menos razão para esses olhos tais que nada querem enchergar de luz..
Preste atenção, Amor, ficarei de cama hoje como se o Sol não houvesse aparecido em meu quarto, enquanto você se perde de mim nos primeiros segundos de um novo dia.
Seja móveis, roupas, ou saúde, muitas indústrias hoje estão fazendo marketing de nada mais que mercadorias -- nada mais, nada menos. O que fará a diferença a longo prazo é o cuidado e satisfação dos consumidores
As paredes tem falado comigo, os moveis sussuram!
Eu me arrepio, até mesmo com o assubio do vento.
Ouço tilintares que nunca ouvi...
A casa está mal assombrada.
Vejo vultos. Cogito e pareço um animal regogitando tudo aquilo que faz mal.
E as paredes gritam!
E me sinto normal como qualquer outro.
Quando oiço falar em mobiliário começo logo a imaginar móveis e mais móveis. Uns tão antigos em madeira,trabalhados pela mão de habilidosos homens, outros mais modernos, onde a simplicidade das linhas rectas se funde com estilo arrojado e contemporâneo.Os primeiros são nostálgicos para mim: relembram-me a minha infância.
Seu cachorro pode...
- destruir seus sapatos;
- destruir seus móveis;
- destruir seu jardim
Mas nada disso é pior que seu coração destruído quando ele vai...
Imersos em nossos infinitos
Nesta pangeia, num plural
Arquitetamos nossas móveis
Desenhamos os objetos que decoram
Fazemos a sala, a rua, a visão
A janela aberta, a porta fechada
Ruas, praças, discos na parede
Violão a mão, Swift ou Radiohead
Mudamos móveis, um designer
Construtor, a gênese de nosso mundo
Quando aparece um hóspede,
O aposento está ali
Faça o check in, pose aqui
Durma, me conheça.
Muita coisa mudou mas o dilema permanece , por mais dispositivos móveis que tenhamos o amor ainda se passa de pessoa pra pessoa...
Você compra móveis. E pensa, este é o último sofá que vou comprar na vida. Compra o sofá, e por um par de anos fica satisfeito porque, aconteça o que acontecer, ao menos tem o seu sofá. Depois precisa de um bom aparelho de jantar. Depois de uma cama perfeita. De cortinas. E de tapetes.
Então cai prisioneiro de seu adorável ninho, e as coisas que antes lhe pertenciam passam a possuir você
Tá tudo na mesma, nada acontece...
Já sei! Vou me transformar.
Vou mudar o cabelo, os móveis de lugar, as coisas velhas não quero mais guardar.
Assim quando o novo chegar, ele tem lugar pra ficar. E tudo de ruim não pertence mais a mim.
E a felicidade se achegará em mim.
Móveis Usados.
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Outro dia me perguntaram se eu era feliz.
A minha resposta, por motivos que não sei ou talvez não almeje explicar eu não direi aqui.
Nós nascemos, vivemos e morremos, e nascer e morrer é a parte mais fácil.
O que eu não entendo é, porque somos obrigados a sermos felizes?
Onde é que está escrito que seremos felizes?
Alguém em algum lugar garantiu isso como é prometido um bom desempenho do seu computador novo, ou a economia de energia da sua geladeira nova?
A vida não tem manual de instruções assim como também não tem garantia.
Você não poderá reclamar com o fornecedor ou fabricante por que nada lhe é prometido. Então porque essa obrigação? Porque temos que ser felizes? Os aparelhos de TV deixam de existir quando o controle remoto quebra? Um armário deixa de ser armário quando aparenta defeito em uma gaveta? Quando nascemos temos cinqüenta por cento de chances de sermos felizes ou não, os cinqüenta por cento que não são param de funcionar ou são colocados a venda e substituídos por outros mais novos e de tecnologia superior?
Tudo bem, eu posso concordar que surge um pingo de inveja quando os móveis usados passam em frente às vitrines e vêem as ultimas novidades em felicidade dos outros cinqüenta por cento de móveis sendo disputados por uma odisséia de compradores e seus carnês de doze ou vinte e quatro vezes sem entrada, sendo anunciados por vendedores vestidos de Silvio Santos com microfones em mãos a contar as vantagens dos móveis felizes que acabaram de sair do forno.
Porém, ainda acredito que há espaço para aquela poltrona velha, com um calço em um dos pés e forro rasgado em algum canto de qualquer casa.
Bento.
Novo
Limpei a casa e reorganizei os móveis. Joguei fora tudo que não me servia mais e só fazia acumular poeira dentro do meu coração. As lembranças continuam engavetadas, guardadas de mau jeito, para que eu possa dar uma olhada vez ou outra.
Ando cheia de vontades. Vontade enorme de ser feliz – sempre mais e mais, porque nós, seres humanos e de sangue pulsante correndo louco nas veias, temos essa mania de querer demais. Vontade de entregar-se ao novo, àquilo que ainda está chegando ou já chegou por completo – e me entrego. Vontade de plantar algumas árvores, muita alegria e gentileza no solo desse mundo desconcertado.
Meu coração tá transbordando de tanta coisa linda que tem guardada nele, e quero poder doar um pouco disso para todo aquele que queira experimentar – aprendi que não adianta se doar para quem nada quer ou não se deixa querer: a gente só se desgasta e gasta nosso carinho.
Vontade de jogar amor para cima, para baixo e para todos os lados. Nas diagonais, paralelas, perpendiculares e diversas outras direções. Espalhar o amor: “que seja doce”. Muito.
Que sejamos mais - e menos também. Que nossos estômagos se encham de borboletas e nossos corações se acalmem um pouco. Que mudemos – a nós e o mundo. Que cresçamos. Que somemos e multipliquemos mais do que temos subtraído.
Que comecemos de novo e de novo, todos os dias.
E que venha o novo.