Morto Vivo
Fui morto na noite de janeiro, asfixiado por um travesseiro ligeiramente em mãos vulgares. Fui sacrifício em vis altares, mas sabia não ser o primeiro.
Eu estou morto para tudo que é vida. E estou exposto, mais que qualquer outra ferida. É o fim da linha para quem um dia acreditou profundamente em recomeços.
Estar desaparecido é diferente de estar morto. De certa forma, é pior. A morte oferece um fim. A morte dá permissao para o luto. Para fazer um funeral, acender velas e deixar flores num túmulo. Para seguir em frente.
Estar desaparecido é estar num limbo. Preso num lugar estranho e desolado onde a esperança brilha fraca no horizonte, e o desespero e a angústia espreitam como abutres.
Paganismo
Eu estive ausente e morto por toda uma eternidade, agora estou fazendo os preparativos para o funeral: estou convidando alguns parentes e amigos, mas antes é preciso conhecê-los, estou criando memórias e lembranças alheias para que sejam usadas como prova de minha breve visita, e estou, acima de tudo, esboçando um epitáfio: "vivi para convidar alguns conhecidos para lamentar minha ausência, porém, desta vez, uma ausência que se fará a frente de testemunhas."
A verdade corta fundo, entende. Quando você mata um cara, o cara está simplesmente morto. Mas, quando você conta a ele a verdade, isso dói por dez anos.
Cristo morreu por nosso pecado. Portanto, aquele que não morrer para o pecado, continua morto para Deus.
Consequências sem sequência -
Já fui mais novo
já tive mais esperança
sinto-me morto
e sem confiança.
Restou tão pouco
do que foi meu sonho
que o amor d'um louco
em nada o ponho.
Que saudade a minha
de quem fui um dia
quando nada tinha
quando nada via.
De mim para mim
o amor disponho
nada sou por fim
perdi-me do sonho.
As imagens falsas de uma vida invisível nas redes sociais ressalta a brutalidade de um mundo morto.
"O jornalismo consiste em grande parte em dizer 'Lord Jones está morto' para pessoas que nunca souberam que Lord Jones estava vivo."
Eu me olho no espelho
Refletido pela luz da velha porta
Impregnado e morto
Nos olhos do poeta que não mais existe
Eu me molho na chuva
Refletida na luz da janela
Aquela, que se abria em agosto
Nos dias de agostos passados
Me despeço, me peço um abraço
Pergunto por que foi que me deixou partir
Por que foi que não passaste a velha porta
E guardaste a criança que eu era
Refletida na luz da janela
Que se fecha em agosto
Me pergunto por que não se vai
Nem me deixa partir
Que se queixa em meus sonhos
Por eu ter partido
É que o tempo corre noutra direção
Quando se sonha
Depressa como uma flecha
E passa pela porta que nunca envelhece
E voa pela janela que nunca se fecha
De um agosto que não se acaba
O poeta que me busca e não se acha
À luz que meus olhos ofusca
No espelho que não te reflete.
Edson Ricarrdo Paiva.
Assim como a fé sem obras é uma fé morta o Evangelho de Cristo sem evidências é um evangelho morto.
Encha seus olhos de admiração. Viva como se fosse cair morto daqui a dez segundos. Veja o mundo. Ele é mais fantástico do que qualquer sonho que se possa produzir nas fábricas. Não peça garantias, não peça segurança, jamais houve semelhante animal. E se houvesse, seria parente do grande bicho-preguiça pendurado de cabeça para baixo numa árvore o dia inteiro, todos os dias, a vida inteira dormindo. Para o inferno com isso. Balance a árvore e derrube o grande bicho-preguiça de bunda no chão.
Deitada como um animal morto, incapaz e inútil.
Vi o mundo com outros olhos.
Pessoas deixaram de ser importantes e de se importar.
Um grande peso na alma e no ar.
Música nos ouvidos e uma luz escura ao redor.
O peso e a dor de se levantar parecem imensos.
Em meio a tantos medos prefiro ficar aqui onde não tenho receios.
Solto um suspiro e me viro para o teto.
Fecho os olhos e me sinto segura.
Só me sinto assim aqui.
Nesse lugar para muitos repugnantes para mim é como a droga para o viciados
É como o amor para os amantes.
Como a morte para os cansados