Morto
A velhice pode ser o nosso tempo de ventura. O animal está morto, ou quase morto. Restam o homem e a alma.
Pois morrer é uma destas duas coisas: ou é como um nada e o morto não tem nenhuma sensação de nada, ou (conforme se diz por aí) ocorre de ser uma transmigração e uma transferência da alma aqui deste lugar para um outro lugar.
“Não é fácil explicar. Eu sou assim, meio morto por dentro. Faço as coisas por empolgação e no outro dia, sei lá. Sou dessas pessoas que ficam procurando as canções no rádio até achar um clássico, algo perfeito para aquele horário do dia, aquele semáforo. A música acaba e eu troco de estação.”
Estou morto
Abandonado
Desprezado
Só que consigo viver
Viver sem alguém
Viver com outro alguém
Tantos já conseguiram
Porque eu não sou capaz
Ou será que eu apenas penso não ser capaz
Encampas e aquele o qual já morreu
É
Eu também já morri
Será
Se me beliscarem será se ira doer
Penso que não devo testar
Enfim
Consigo ver e conversar com todos que sempre viveram ao meu lado
Então não morri
Apenas deve ser um vazio que me fizeram
Que me deixaram
Vazio tão grande que penso não mais existir
Irei retomar
Retomar o amor
Retomar a vida
Retomar o amor
Retomar com os que comigo compartilham de um pensamento
Acho que já encontrei
Retomar
Lembrar
É sentir saudade
Do que foi adormecido,
Mas, nunca esquecido,
Nem morto,
Nem despercebido,
Nem o passar do tempo.
Lembrar...
Mesmos em a reciprocidade,
Mesmo que signifique sofrer,
O que foi bom,
Vale apena reviver.
Me fingi de morto para ver o enterro que me fariam.
Eu só queria está morto mais não posso me matar. Pois desgosto para minha mãe não quero dar , sonho com a morte todos os dias todos os minutos do meu dia espero a morte me visitar
Desequilíbrio
Minha alma ora tem a altura do monte Everest
Ora a depressão do mar morto.
Ora a profundidade da Fossa das Marianas
Ora a extensão do Amazonas.
Às vezes tem a grandeza do continente Asiático.
Às vezes a pequenez da Oceania.
Ora tem o isolamento da Ilha da Páscoa.
Ora o reboliço de Xangai.
Algumas vezes minha alma tem o calor do Deserto Dasht-e Lut
Outra vezes o frio da Antártida.
Algumas vezes é ressequida como o Saara.
Outras vezes tem a biodiversidade brasileira.
Fico, então, nessa gangorra do ter muito
E ser tudo e minguar numa vazante descontrolada de vida
Ora sou tudo, ora nada sou
E atravesso a eternidade como um Ser
Em desequilíbrio permanente.
Ora sou ateia.
Ora fervorosa crente.
O tempo está morto enquanto é marcado por pequenas engrenagens; só quando o relógio para é que o tempo vive.
Paz, paz! Ele não está morto, não está dormindo - apenas despertou do sonho da vida.
É honroso para um jovem morto e mutilado em batalha por uma lança de bronze. Em sua morte tudo que fez soa belo.
Cântico do Calvário - À memória de meu Filho morto a 11 de dezembro de 1863
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, a inspiração, a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto, - caíste!- Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!