Morto

Cerca de 1871 frases e pensamentos: Morto

O homem está morto.
A barba não sabe.
Crescem as unhas.

Sol. E nas asas
do pássaro morto,
secreta noite.

À beira da estrada
Com o pêlo tão sedoso
O cachorro morto.

Só a cabeça de um morto diz que sim a todos os movimentos que lhe imprimem.

sol quente de outono
a mão do amigo morto
toca meu ombro

caído, um corpo
acabado, um sonho
imóvel, um morto

mosquito morto
sobre poemas
asas e penas

De que serve ressuscitar? Toda a gente continua a ver o morto.

Pois o homem vivo, bem como o homem morto / tem uma cabeça de morto na cabeça.

Eu tenho a esperança que nada se perde,
tudo alguma coisa gera...
O que parece morto, aduba...
O que parece estático, espera.

Ás vezes o diabo permite que as pessoas vivam sem problemas, porque não quer que recorram a Deus.
Seu pecado é como uma cadeia, só que, tudo é lindo e confortável lá dentro, não há a necessidade de sair, a porta está aberta. Até que um dia, o tempo se esgota, e a porta da cela se tranca, e então, é muito tarde"

Texto do filme Deus não está morto.

O pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau e pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhadaputa
de fazer chover
em nosso piquenique.

Paulo Leminski
Toda Poesia

Se pela manhã você souber com precisão como será o seu dia, você está meio morto - quanto mais precisão, mais morto você está.

Como o amor não se compra, é infalivelmente morto pelo dinheiro.”

Os corvos devoram os mortos e os aduladores devoram os vivos.

Criminosos fogem, pessoas saem feridas. É parte do trabalho.
Mas se não se permitir um descanso, não será útil para ninguém. Porque estará morto.

Se você vai me matar, vá em frente. Eu estou morto, de qualquer forma.
(Denji)

Mais vale um jumento vivo que um filósofo morto, mas é melhor morrer como filósofo do que viver como jumento.

"Sou um menino que envelheceu logo à nascença. Dizem que, por isso, me é proibido contar minha própria história. Quando terminar o relato eu estarei morto. [...] Mesmo assim me intento, faço na palavra o esconderijo do tempo”.


( em "A varanda do frangipani", Lisboa: Editorial Caminho, 1991.)

“Comportamo-nos como se as pessoas de quem gostamos fossem durar para sempre. Em vida não fazemos nunca o esforço consciente de olhar para elas como quem se prepara para lembrá-las. Quando elas desaparecem, não temos delas a memória que nos chegue. Para as lembrar, que é como quem diz, prolongá-las. A memória é o sopro com que os mortos vivem através de nós. Devemos cuidar dela como da vida.
Devemos tentar aprender de cor quem amamos.
Tentar fixar.
Armazená-las para o dia em que nos fizerem falta.
São pobres as maneiras que temos para o fazer, é tão fraca a memória, que todo o esforço é pouco.
Guardá-las é tão difícil.
Eu tenho um pequeno truque.
Quando estou com quem amo, quando tenho a sorte de estar à frente de quem adivinho a saudade de nunca mais a ver, faço de conta que ela morreu, mas voltou mais um único dia, para me dar uma última oportunidade de a rever, olhar de cima a baixo, fazer as perguntas que faltou fazer, reparar em tudo o que não vi; uma última oportunidade de a resguardar e de a reter.
Funciona.”

Miguel Esteves Cardoso, in As Minhas Aventuras na República Portuguesa