Morto
Pobre jardim cheio de flores
Tornou-se um lugar morto e escuro
Não me convença que há lugar como esse
Tão lindo como procuro
Pena que não haja mais luz nesse mundo
Aqui não nasce, só morre.
Seja pobre, rico, limpo ou imundo.
Pobre jardim cheio de flores
Não há mais riqueza em ti para admirar
Queria não pertencer aqui
Mas aqui é meu lugar
Tudo em volta é maldade
Pobre criança que sou
De viver essa realidade
Onde foram parar suas flores, jardim?
Algo que já brilhou pode morrer assim?
Cruelmente, secamente, silencionsamente..
E a esperança que não tinha fim?
Acusar morto de um crime é fácil: não corre perigo de ser desmentido, nem de haver acareação... aqui.
MOTRIZ
O canavial deu um gemido mais forte que a sétima trombeta do apocalipse. Fogo morto, talvez. Engenho de menino, também. Bem perto da solidão de José Lins do Rego e da melancolia desgraçada de João Cabral de Melo Neto. O canavial rompeu as barreiras de suas possessões várias, pinicou os boias que insistem em roubar-lhe as pétalas enormes que namoram o vento, adoçou a infância das crianças que pulam corda pertinho de si. O canavial surrupiou o sol, bebericou a última água do solo, venceu o eucalipto, devastou as criações de roça e fingiu indiferença aos versos imortais do Recôncavo Baiano. Canavial é palavra que poderia ser sinônimo de catarse.
E se morte é na verdade o começo de uma vida?;
E se as rosas no túmulo de um morto na verdade forem presentes para um vivo?;
E se o azul do céu for um lago de lágrimas daqueles que partiram?;
Do pó viemos, ao pó retornaremos.
A vida são longos 60 segundos
Dos quais 20 tomamos todas as decisões erradas,
Dos quais 30 passamos concertando essas decisões,
Dos quais 5 realmente vivemos,
Dos quais 5 nos lamentamos de não ter aproveitados os outros 55.
Fugimos da morte, mas mantemos ela por perto
Misteriosamente e inconscientemente perto
E como um sopro, ela chega.
Índio selvagem na floresta que cortam
Morto e isolado mas nunca se importam
Deciso e sofrido faz uma excursão
Da mata ao mundo com flores na mão
Veneno amargo que toma na ida
Achando que cura, achando que é vida
Sentir-se vivo...é sentir-se amando-se,caso o contrário é sentir-se um morto vivo que vive por viver.
Locomotivas a galope
Movem meu coração ao teu
Loucuras e doçuras me fazem dançar
Morto estou a gatilhar
Meus passos aos teus...
Anjo sei que tu não podes voar
Mais me faz flutuar...
Ser artista é muito bom, muita gente vai ouví-lo até depois de morto, se não for "artista" nem enquanto vivo.
QUANDO MORTO
Claro que os animais,
com alma ou sem alma
quando morto, suas almas,
não nos assombram...
Nem nunca irão nos assombrar!
Pois vivos, são ininterruptamente,
assombrado por nós.
Nós os assombramo-los
o tempo todo, todo tempo...
Com nossas ações, nosso dividir
e nossas ganâncias para com eles.
Os animais vivos...
Vivem o mártir o flagelo
a prisão sem condenação
noites longas de escuridão
e dias muitos amarelos.
Muitos das vezes
eles vêem a óbito amarrados,
fechados, engaiolados
e tudo isso é claro...
Sem nunca terem sidos, condenados.
Antonio montes
Pegue um cadáver, creme-o e o coloque em uma ampulheta, porque não há nada melhor que um morto pra dizer que um dia nosso tempo acaba
Ambiente não é tudo. Estando vivo no paraíso Adão "morreu". Estando morto no sepulcro, Jesus ressuscitou.