Morto
Morto
Morto é o escravo do hábito
Deixando se levar
Pela rotina do dia-a-dia
Percorrendo os mesmo lugares
Fazendo sempre a mesma coisa
Não se importando em mudar
Morto é quem não se arrisca
A falar uma nova língua
Dá pelo menos um grito
E apenas se põe a calar
Morto se contenta com uma só cor
Um só sabor, nenhum amor
Morto é aquele que não faz amigos
Não é amigo nem de si
Se aproxima do nada
Deixando o tudo partir.
Morto por uma causa
Abrimos nossos olhos para um novo mundo.
Quebramos nossos espelhos.
Travamos uma batalha sem fim, contra o governo.
Revoltados com causa.
Lutando por um sonho.
Fim da desigualdade.
Fim do pesadelo político.
Desligue-se do mundo virtual.
Olhe pela janela e veja os manifestantes.
Ocupando seu lugar na passarela.
Os fardados se preparam para a guerra.
No momento o respeito se destrói.
E a ignorância e a estupidez reinam.
De repente um tiro e os olhos se fecham.
E lá se vai mais um ideal.
Morto injustamente.
Morto por uma causa.
A dor toca a todos menos os assassinos.
Abrimos nossos olhos e fechamos nossas cabeças.
Nelas não cabem suas leis.
Quebrei meu espelho.
Por que antes eu me espelhava em vocês.
Certa vez ouvi dizer que não é bom ver um ídolo morto discordei com veemência, pois o fato de um ídolo morrer apesar de triste deixa uma lição a vida é dura para todos ate para quem você acha que ela é fácil.
Ainda que morto por dentro estivesse, por fora me manteria vivo, era o que eu chamava de força sobrenatural. E assim enquanto próximo de você estivesse, eu sorriria, mesmo que por dentro em prantos me visse. Não era o mais certo, mas com toda certeza era o modo mais fácil e assim eu ainda sobreviveria enquanto pudesse.
A distância da vida e a morte é algo interessante, pois mesmo vivo podemos estar morto, e quando mortos, vivemos
Não é tristeza, é saudade. É a constante lembrança do que não tem retorno, do quase-morto, do fim, do que não deveria mais ser falado. Mas eu insisto. Eu relembro, eu me mato.
MAR MORTO
Na procela os ventos se quietam
E passam horários de ponteiros livres,
Rodopiam as horas porque o tempo embala
O mar bravio que se separa.
Deixando à tona superfície velhos lunáticos
Com talheres de ouro, candelabros de prata.
No mar das tormentas
Temperou-se o vento
E não quebram ondas
Por sobre os rochedos,.
E virão peixes à superfície,
Entregar-se aos pesqueiros
Como no milagre.
E serão partidos ao meio
E o resto será jogado
Pra que outros peixes comam,
Na confortável areia.
Rompeu-se o mar,
E o farol faz um rastro fino
Que agora é um caminho
Não marés, não mares, não águas.
As praias serão habitadas
Por pássaros silvestres amazônicos,
Ou babilônicos que aportarão aqui.
Calma demais caminhará a onda
Porque sabe, vem e não volta mais.
Aqui há sede, a sede dela,
Onde se perpetua um deserto calmo,
De cá agora se vê Portugal.
E me entrego ao mundo em busca de algo, sabe aquela coisa de que sempre o mar devolve: vivo ou morto, o mundo também é assim, um dia espero voltar a ser o que eu era e que a vida me devolva: vivo ou morto. "