Morte Sentimento
Tem muitas coisas acontecendo simultaneamente.
Se atentarmos a todas elas,
nos afastamos do quê ou de quem deveríamos nos concentrar.
O que sustenta uma árvore de pé não é a sua copa frondosa, a exuberância das suas flores ou o sabor dos seus frutos, mas as suas raízes, que ninguém vê.
Antes de falar você balbuciou palavras ininteligíveis. Antes de caminhar, tropeçou inúmeras vezes nos próprios pés. Assim, o crescimento vem de tentar, errar, aprender e recomeçar, quantas vezes for preciso.
Palavras não despertam nada que já não exista dentro de nós, como as emoções e os sentimentos. Apenas as atitudes mudam os sentimentos.
A única forma de corrigirmos o nosso
próprio defeito é reconhecendo a sua existência. Se o negarmos, ele continuará existindo.
Todos os caminhos levam ao mesmo fim e a jornada pode ser maravilhosa,
se não temermos nos perder, um do outro
ou de nós mesmos.
A natureza, com toda a sua exuberância, é fonte de inspiração para toda forma de arte, da poesia ao delírio.
Não se questiona se as borboletas são exageradamente belas,
nem se elas se expõem,
apesar da aparente fragilidade, cabe apenas admirá-las,
à distância.
Machado de Assis imortalizou a expressão “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” ao descrever Capitu, mas a mulher na janela pode ter uma luz infinita no olhar, capaz de iluminar uma casa inteira ou uma vida obscura, como a minha.
Resta esperar que os algoritmos aprendam respeito e afeto, porque
a indiferença já é um comportamento coletivo.
Só há perda quando deixamos de ter acesso
a algo realmente importante ou a alguém que nos respeite, admire e valorize.