Morte de uma Filha
"A gente nunca sabe quem nos receberá em algum lugar que seremos obrigados a entrar..."
Rubenita Simey
Muitos de nós não nos preocupamos mais com essas perguntas, entretanto, questões como 'de onde viemos?' ou 'para onde vamos', que eram tradicionalmente questões filosóficas, hoje são recorrentes exclusivamente para a ciência. Os filósofos atuais não têm estudado de acordo com as descobertas mais recentes da física, e por isso, a filosofia está morta hoje.
A tristeza é imensa. Você foi guerreiro a cada dia, venceu várias batalhas, sempre lutou pela vida, mas chega um momento em que todo guerreiro precisa descansar, e os que te amam precisam se despedir, é um momento de tristeza, pois sabemos que foi sua última batalha e só nos resta lembrar de toda felicidade que tivemos ao teu lado e entender que estará melhor vivendo ao lado do nosso criador. Deus tem algo melhor para você.
Aparentemente sei que parece uma contradição. Mas afirmo que a dor que nos torna frágeis é a mesma que nos faz fortes! A fragilidade não é uma franqueza. E ter força para superar a dor, não é ser insensível. A dor as vezes é inevitável. Assim como a morte. Mas a dor as vezes não nos mata. Faz nascer outro de nós. Mais experiente, mais cuidadoso, e principalmente, mais poderoso.
Nós somos um cemitério ambulante. Dentro de nós, sepultamos diariamente porcos, galinha, boi, peixe, lembranças, "pessoas" e sentimentos; todos os dias e durante toda a nossa existência.
Claro que também geramos vidas. Mas, predomina o consumo e destruição em cada um de nós. Um ciclo constante de mortes gerando vidas e vidas gerando mortes.
As pessoas semprem falam em mortes, "não quero mais viver", "seria melhor está morto", mais elas continuam vivendo, não é?, então fala sobre a morte e um lembrete de que ainda estamos vivos
Homens de verdade defendem suas convicções. Mas somente guerreiros conseguem viver ou morrer por aquilo que defendem.
Naqueles dias de aula no verão, passava por uma velha senhora sentada todos os dias na varanda, tão sola. Me perguntava se ali estava seus parentes pra conversar ou fazê-la rir. Aquilo não saia da minha cabeça, pois os dias passavam e sempre via ela no mesmo lugar. Até que um dia eu gritei ao seu portão: Oi vó, posso entrar, vim te trazer uma coisa. Ela respondeu com a cabeça e um gesto de positivo, eu então lhe entreguei uma flor. E antes de ver sua reação eu abracei ela. Depois daquele dia, nunca mais vi aquela velha senhora. Acho que eu libertei sua alma.
Às vezes, os que partiram nos chamam verbalmente. E, outras vezes, podemos sentir o cheiro do perfume deles no ar. Não importa como eles se comunicam, a mensagem é a mesma: “Ainda estou aqui. E a sua dor, como um farol, me chama para o seu lado."
Eu já havia desistido do amor
após muitas decepções
que chegaram a tirar a minha paz
e depois que consegui recuperá-la,
achei melhor seguir só,
até que te conheci e aquela realidade começou a mudar,
fiquei impactado contigo,
eras linda, de um sorriso espontâneo,
tinhas uma alegria de viver,
bem humorada e de um olhar gracioso,
encontrei identificação sobre muito
o que conversamos nos nossos
primeiros momentos despretensiosos,
foste como um raio de sol
que veio clarear meus dias nublados,
no início não fui rápido pra admitir,
não queria nem pensar em amar de novo,
mas depois de um bom tempo,
finalmente, mesmo nervoso,
tomei coragem e te pedi em namoro,
fiquei repleto de felicidade quando disseste sim
tanto que gaguejei um pouco
e assim, iniciamos o nosso relacionamento
de cumplicidade, de momentos incríveis, de reciprocidade,
de alguns desentendimentos também, claro,
entretanto, certamente, graças ao Senhor, fomos muito felizes juntos
e tudo parecia perfeito com nós nos amando
como se estivéssemos sonhando acordados,
fizemos vários planos de nos casarmos,
de viajarmos pelo o mundo,
de constituírmos uma família,
pelo menos dois filhos,
talvez, um menino e uma menina
e também queríamos adotar um cachorro,
contudo, para a nossa tristeza,
naquele dia fatídico, o sonho virou pesadelo
quando descobrimos a sua doença,
um câncer maligno e que não havia mais jeito,
ficamos sem chão, sem saber o que fazer, mas lutamos até o fim,
nunca perdemos a nossa fé em Deus,
foste muito corajosa e grande foi a tua determinação,
mas tristemente, depois de muita luta,
percebi que precisava dizer adeus,
pois a tua jornada estava chegando
ao fim
e sem eu saber o dia exato,
na véspera da tua partida,
tu quase sem forças,
conversamos sobre a vida
que desfrutamos,
sobre tudo o que foi bem aproveitado
e o quanto que fomos abençoados
por Deus nos apresentar,
em seguida, deixei-te dormindo,
no dia seguinte, fui te visitar,
mas já tinhas partido
e como já era previsto,
não quis aceitar,
gostaria de estar mais uma última vez contigo,
então, fiquei muito tempo envolvido
pelo o luto
até chegar na fase da aceitação,
portanto, demorei pra transformar
parte da nossa história nestes versos
pra externar meu sentimento
de gratidão ao Senhor,
já que felizmente parei de lamentar
e quero sempre lembrar
da tua importância,
que fizeste eu voltar a acreditar
no amor
e que foi e é uma honra te amar.
Serás até o término dos meus dias
a minha preciosa lembrança.
Viva sempre no agora e aproveite cada momento, afinal de contas, tudo está fadado a destruição e à morte, inclusive nós.
Fragmento VIII - Violência simbólica II
É em tal precipício de pulsões que o fortuito cumpre o hábito.
A brisa torturante varre o antídoto da inópia, assim,
não pode experimentá-lo nem morte, muito menos vida.
Não há armas nessa peleja; nem tampouco ato que livre.
Parcas águas não podem saciar o homem sem domínio de si,
obstinado a beber daquilo que lhe é comum.
A dor física, por mais desesperadora que seja, nunca vai se sobrepor a dor de saber que o seu próximo se importa insuficientemente ou não se importa com sua dor.