Morte de uma Filha
Para morrer basta estar vivo.
Há dias em que morrem mais notáveis do que em outros.
Essa semana foram vários nomes expressivos.
A notícia aparece primeiro na internet, depois na TV, nos jornais e logo depois nas revistas semanais e mensais.
Se forem artistas, suas pinturas e esculturas sobem de valor e se forem escritores, músicos e cantores seus livros e discos somem das prateleiras, logo aparecendo as edições especiais, comemorativas da vida, da obra e morte do famoso.
O assunto logo é esquecido pela mídia voraz que vive de assunto vivo e mortes recentes e se o famoso for muito famoso, poderá ser lembrado depois de um ano, depois de cinco, dez e algumas vezes tem sido comemorado o centenário da morte de alguns deles.
Há uns poucos pobres, incultos e miseráveis que quando morrem são assunto e manchete.
Moradores de rua esfaqueados e bandidos são manchete, mas para eles não há lembrança que dure mais do que a do jornal diário, num prova inequívoca que a igualdade entre os homens é pura balela e que nem todos são, nem nunca serão iguais, a não ser perante a Justiça Divina, que iguala na morte o que nunca foi igual em vida.
Pouco sabemos do prêmio ou do castigo que nos espera, mas há os que garantem que o inferno de uns é aqui e agora.
Às vezes parece que morri dentro de mim, pois eu já não me sinto mais eu, já não me reconheço mais. Quando olho o reflexo no espelho já não sou mais eu ali, não sei como pode alguém ainda vivo morrer em si e dentro de si, e torna-se prisioneiro nessa capa que se chama corpo.
O que será que se passa comigo, afinal não sou eu mesmo aquele iceberg todo de certezas e razoes, razoes essas que desconhece impugnações, que se mantém a salvo das muitas criticas e de repente (boom) mais uma bomba explodiu no meu inóspito e esmo campo minado que tem sido a minha vida.
Parece que bebi do cálice perdido, sim aquele mesmo que escorria nos maliciosos e misteriosos lábios da morte. Não posso aceitar que de uma hora pra eu já não consiga reconhecer esse sujeito que habita o meu ser, e ser mais é o que sempre quis.
Todos os dias ,morremos de algum jeito .pode ser de vontade ,de dor .pode ser de cansaço , de amor .
Gotinhas de veneno todos os dias matam lentamente. Se for para ser lentamente que seja a vida. Não aceite veneno de ninguém. Não se de veneno. No máximo vacinas.... veneno não. Aprenda a diferença.Quando tomamos a diferença é muito sutil, mas com o tempo, uma delas mata.
Amor
Foi inevitável
Quem me dera pudesse fugir
Não pude. Não posso, não poderei jamais
Cessar o rio caudaloso que deságua na minha alma
Revoltoso. Tempestuoso qual paixão
Só tal, pois qual não é
Arrasta-se pelo tempo desde o início
Imortal.
Então amor
Porém, fatal
Não cessará a chama devoradora
Arrebatadora que só faz aumentar
Vilão que me consome
Tira meu chão e me joga à deriva
Sem piedade
Tragando-me a eternidade
E tudo o que vejo e percebo
Não vai além de você.
Meu Universo
Meu motivo.
Minha vida, minha morte
Minha sina e minha sorte.
“Porque filmes, livros, peças... essas coisas têm finais felizes. A vida não tem final feliz. O final da vida é a morte, e ela não soa tão feliz”
É na madrugada que a magia acontece, o céu me convida a viver mais um pouco, um pouco da vida que me resta nesse mundo, o tempo passa tão rápido e o meu medo de envelhecer predomina até na minha alma, na minha essência. Desculpas é o que mais peço não pela minha ausência em uma vida comum e sim pela minha ausência em suas vidas, em nossas vidas, amigos, primos, primas, família seja ela de sangue ou de laços traçados pelo cosmos. Hoje falo quem quiser me acompanhar em uma jornada de aventura, de historias, de fogueiras, e danças tribais, revelem-se pois a vida é curta e não sei até onde minha jornada vai chegar ao fim, até onde vou aguentar tanta culpa, tantos julgamentos pelo meu modo de pensar, pelo meu modo de agir, viver, sobreviver e tentar não ser esquecido dos ventos ao vácuo do cosmos. Só quero que minha alma não vague sem rumo pelo universo.
Fio de cabelo branco
Uma noite dessas, já quase passando das tantas... e meio borracho, arranhei a garganta tentando pigarrear uma palavra qualquer. Num relance, enquanto olhava no espelho do banheiro, vi meu semblante roto refletido feito vidro partido, meio distorcido, talvez pelo sono que me acometia àquela hora.
E mesmo que tentasse fixar o olhar na imagem não via surpresas, só conseguia enxergar minha insuportável silhueta de sempre, igual a sempre.
Lá fora, um frio insuportável! Aqui dentro, um friozinho gostoso... Se esquivando pelas frestas da janela, tentando incomodar.
Ainda de front ao espelho vi meu rosto, meio choco, parecendo querer desandar. As muitas linhas emprestadas pelo tempo emolduravam-no, formando uma expressão esteticamente impressionante, quase arte. Se fosse uma vanguarda, seria Expressionista.
Aquelas formas singulares, aqueles traços ousados, aquele fio de cabelo branco... Aquele fio de cabelo, branco? Em minha opinião, quase uma instalação contemporânea, tamanho meu espanto. Era tudo que tinha de diferente na minha face naquele dia, naquela noite, há anos.
Já se passava em muito da meia noite quando me deitei. Ainda pensava naquele fio de cabelo branco que trazia na face, talvez um disfarce do tempo para encobrir os meus tantos lamentos durante toda a vida. Talvez uma lágrima solitária derramada e petrificada ali, no canto esquerdo do rosto transformada em monumento, um totem erguido à minha maturidade.
Talvez fosse isso mesmo, talvez não!
Nunca soube o porque daquele fio de cabelo branco. Nunca tive um ciso se quer, nunca me casei, nunca tive filhos, nunca plantei uma árvore, moro com a minha mãe até hoje, deixo a cama desarrumada pra hora de deitar e provoco o cachorro só pra ver ele se zangar. Sem falar que até ontem soltava pipa e papagaio na rua feito moleque, um crianção. E agora com esse fio de cabelo branco, muda tudo! Será o fim? Será que será bom ou será que será ruim?
Quero lembrar que amo e que és a parte de mim intocável, insuperável e eternizado em meu coração... Amo-te nesta vida e além desta também.
Luto
Após perder-te...
Luto pra sobreviver.
Luto para acordar.
Luto para sorrir.
Luto para dormir...
Luto todos os dias para
Continuar apesar
de tanta saudade,
de tanta ausência.
Apesar de tudo, Luto.
POEMA DE MANHÃ (BARTOLOMEU ASSIS SOUZA)
A frágil madrugada de luz da manhã
Vacilante... Trêmula... Contraditória...
Tudo re-nasce...
Tudo nasce...
Traz consigo o destino da semente
Vencendo o medo e a morte
O que nos coube viver
Vamos viver o dia-a-dia
Sem a noção do tempo
Dia e noite...
Vida e morte...
Luta e esperança...
A VIDA É PURA ILUSÃO (BARTOLOMEU ASSIS SOUZA)
A vida não tem retrocesso
Não há como voltar atrás
Uma vez feito o passo, não tem volta
A vida é cíclica
Nascer, crescer, maturar e então morrer
O que vem depois é a "gosto do cliente"
Não importa sua crença, cultura, filosofia, ilusão, país, idioma, formação
A vida é pura ilusão
Senão não suportaríamos tanta besteira e canseira
Não conseguiríamos levá-la sem essas tintas ilusórias
Sem essa dose de lirismo, tudo seria chato e decepcionante...
Por isto, peço a Deus não força para caminhar
Peço-lhe "paciência" para suportar até o fim...
Amém!
Dor inédita
Estou a procura de uma dor inédita
Uma dor que não doa durante a noite
que não doa tão aguda no coração
e se doer, que seja breve
que se encerre antes mesmo de o sol nascer.
Estou em busca de uma dor que não doa tanta
e que também não provoque tanto lamento
procuro uma dor inédita, ainda não descoberta
que talvez tenha mesmo de ser inventada
tão incerta quanto a sua procura
uma dor que não provoque tontura
e se a vertigem for um de seus preceitos
que se possam pintar constelações inteiras
bem diante dos olhos rotos, tomados por sua maldade.
Procuro uma dor de verdade
não essas dorzinhas da cidade
aquelas bruscas do campo, que provocam feridas na alma
procuro uma dor inédita, dessas que só se vê em filme de horror
diante de tanto pavor sigo sem chão
chorando com a mãe que enterra seu filho adolescente
vítima das mazelas da periferia das grandes cidades.
Procuro uma dor de mãe, a beira da cova de seu filho
chorando rios de lágrimas, estraçalhada por dentro
de tanto lamento e dor comum que há por aqui
pela falta de zelo dos políticos e dos governos
por tantos enterros e perdas
por todo esse descaso com os jovens
que são condenados a morte antes mesmo de nascerem.
Procuro a cura ou um remédio qualquer
que nos livre da fúria desses imbecis
que não se doem ou sentem dor qualquer
por tanta barbárie e falta de senso
que não se lamentam ou percebem um lamento sequer
de tanta dor comum existente por aqui.
Será que de tão cegos não percebem?
Chega de lamentar por tão pouco
chega de dores comuns
se só nos resta sentir dor
então chega de dores fajutas
ficaremos só com as dores inéditas.
A saudade faz lembrar aqueles que nunca poderemos esquecer. Um dia chegaram trazendo felicidade e partiram deixando imensa saudade.
O homem lança perguntas à face da vida e depois espera... espera... mas não acha nenhuma resposta até que baixa ao túmulo.