Morte Acidente Desprezível
Morreu!
-Mas morreu? Morreu de que? Acidente?
Não, ainda está respirando, apenas morreu!
-Mas como morreu se ainda respira?
E pode-se falar que viveu? Tendo só morrido por toda a vida?
Quando a nossa vida está sob o comando do Criador, ela dura o tempo certo. Nem doença ou acidente ou o homem mal pode interferir, pois nenhuma folha cai, se o Regente do universo não permitir.
Eu não queria morrer. Então, decidi não morrer. De alguma forma, eu ia conseguir desviar da morte. Não deixaria aquele mundo de gente esquisita, acidentes, sol e chuva.
O sangue quente no asfalto gelado
O corpo imóvel todo molhado
Os berros ecoam para todos os lados
Mas o silêncio é incontestável
Imponente e incontrolável
Assim como a certeza irrefutável
Que o humano tanto luta
Mas o fim é inevitável
A morte é certeira e passageira
E mais uma vez, levou uma vida inteira.
20 anos de destruição das #torresgemeas
Os aviões do terrorismo ensaiaram uma coreografia grotesca e cruel, dólares e corpos foram queimados, deixados a mercê de centenas de anjos, que com certeza trabalharam arduamente pelo melhor tipo de salvação.
Eram gêmeas as torres e onde antes existiam só negócios, hoje se depositam flores. O atentado não destruiu apenas estruturas, levou ao chão com amargura vidas e sonhos de famílias inteiras.
Não dá para fazer poesia com essa triste tragédia, não há rima que sustente tamanho absurdo.
É dor que nunca cessa, é lembrança que não se cura.
Motorista Suicida
Caro suicida.
Peço gentilmente que morra calado
Pois os teus gritos são culpados
Pelas noites em que eu fico acordado.
De vez em quando no meu quarto eu ouço um barulho.
De derrapadas violentas que acontecem na Getúlio
E eu ouço, sim, eu ouço
Um suspiro de alivio seguido de um murmúrio.
“Graças a Deus, essa foi quase”.
Quase meu amigo? Acorda pra vida
Se matasse outro homem
Iria preso como homicida.
Isso se saísse vivo, da estupida batida.
Fume, beba, divirta-se a vontade.
Mas se for dirigir, por favor tenha certeza
Pois a ciência já provou que não se dirige
Depois de tomar muita cerveja.
E todos que tentaram falharam
Você não é diferente
Então não cometa loucuras
Provocando tais acidentes.
Agradecimentos prévios
Do apartamento 205.
Brotos de cristal
Na serra sinuosa
Planando sobre o impacto
São pedaços do vidro
Ao longo do asfalto
Acidentado
Pedaços de vida
Atirados e removidos
Partes de um todo
Partem daqui
Boa viagem
No momento da dor fica difícil discernir as motivações da tragédia mas é nessa hora que pessoas inesperadas se mostram solidárias.
Meu amor primeiro
partiu no fevereiro
para março chegar.
O tempo passou
meu amor não voltou...
Motivo: pane no ar.
Sobre as estatísticas de mortes em acidentes de carros, caminhões e aviões:
Elas nos dizem que o transporte aéreo é o mais seguro. Mas nunca vi uma estatística deste modo: considere todos os acidentes de carros em um ano, desde simples batidas em velocidades baixas quanto às mais altas. Agora com aviões descendo e subindo das pistas e quando eles caem, de alturas baixas às mais altas, também em um ano.
É raríssimo pessoas sobreviverem nas quedas dos aviões e aqui está o diferencial: o número de mortes em carros e caminhões é maior, mas existem muito mais destes veículos e pessoas circulando no país em comparação aos aviões! Não se pode falar, nestes casos, em números absolutos, a saber, o número total de mortes, e sim em números relativos, o número total de mortes por acidentes.
Um caso simples: está acabando a gasolina do seu carro em uma rodovia oua bateria está com problemas e então você para no acostamento. Já os aviões...
"Moça"
Moça, bela moça
O que fazes sozinha
Nessa noite tão escura?
Moça, bela moça
Com essa pele tão pálida,
Fazes o papel da Lua.
Moça, bela moça
Cuidado com a rua escura,
Pois não passa carro, nem pessoas.
Moça, moça bela
Descalça no chão frio,
Com tua velha vestimenta amarela.
Moça, moça bela
Sinto falta da sua presença
E das decorações tão sinceras.
Moça, moça bela
Não vá tão depressa,
Pois, assim como o tempo,
Os carros não esperam.
Moça! Moça!
Mas que decisão louca!
Por que não olhaste para os dois lados da rua?
Moça! Moça!
Logo uma semana antes do nosso casamento,
Nosso "feliz" 3 de setembro...
Moça... Moça...
Hoje só resta tristeza,
Chorando em frente ao seu caixão,
Em plena sexta-feira.