Morrer
Por que veio a mim e me fizeste escravo
pois o amor dói e faz corroer o coração
e eu quero morrer aos poucos
mas quero morrer sofrendo
quero morrer de falta de amor
eu quero morrer amando.
Alianças escondidas
Quem quer um amor,
Que seja como as flores do campo:
Que, não obstante morrerem no outono, de pranto
Renascem sempre na primavera?
Quem quer um amor,
Mordaz, audaz, cruel:
Que diga não, querendo dizer sim ou tanto faz
Que diga sim, querendo dizer não?
Que, por não querer perder de uma vez,
Resolve maltratar para perder aos poucos,outra vez
Sofrendo menos, doendo menos
Quem quer um amor,
Profundo como um Oceano,
Convidativo como uma praia ensolarada, outrora leviano
Doce como o mel retirado da fava?
Quem quer um amor,
Que, ofendido, não perdoe,
Que machucado, não queira mal,
Que, correspondido, se entregue …e coisa e tal?
Quem quer um amor,
Que não exclua o desejo,
Que o acolha com um beijo,
Satisfazendo a vontade imperativa de corpos ávidos?
Quem quer um amor,
Fértil como terra nova,
Pronta para ser arada e semeada, curada
Que deseje dar frutos, mesmo que a retirada deles,
Machuque um pouco os galhos?
Quem quer um amor,
Que não meça distâncias,
Que viaje seis horas em bancos desconfortáveis,
Para encontrar braços doces e repousantes?
Quem quer um amor,
Que, acolhendo-te nos braços,
Perdoe seu sono de dia ,
Que vigie seus sonhos, da insônia
Que ature suas ‘roncadas’?
Quem quer um amor,
Que não se importe com altura, tamanho e peso,
Que, mesmo não acostumada ao excesso de pêlos
Aprenda a amá-los por habitar corpo adorado?
Quem quer um amor,
Que seja fiel até os ossos,
Que seja leal, honesto, decente,
Que queira conquistar a cada dia,
Que ame assim…docemente?
Quem quer um amor,
Que incentive, que motive, que investe, crie mas não desiste e persiste
Que, mesmo que ninguém acredite nele,
Você ainda teime em acreditar?
Quem quer um amor assim,
Sempre se permite acreditar!
Porque isso é amar.
Quem quer um amor?
Para de verdade Amar no Todo com o todo num todo!
Quem quer um amor de aliança escondida?
Porque vamos morrer, os minutos da minha vida ficam mais intensos e eu levo tudo à sério como quem vai morrer a qualquer minuto e não levo nada a serio como quem pode morrer a qualquer minuto. Porque vamos mesmo morrer, eu quero morrer com cento e dez anos, que uma década a mais para quem já viveu um século faz muita falta sim. Porque vamos morrer, eu dou mais risadas do que o habitual e não me importo com o que dizem de mim, principalmente quando falam mal porque as pessoas falam mal de tudo, e é triste se elas ficam bem assim, com isso, e precisam menosprezar os outros para se glorificarem. Eu as glorifico mesmo sem precisar desprezá-las, porque vamos mesmo morrer. Cada coisa, por menor que seja toma uma dimensão infinita e quanto menor e mais simples for, maior e mais infinita se torna, porque a morte traz em si a essência da vida e porque sei da presença dela que tudo se ilumina, mas não faço questão de conhecê-la tão logo, mesmo porque ela já deu certeza que virá, e virá de surpresa. Porque vamos morrer, minha timidez torna-se um tesouro e seduz a todos e quanto mais quietinha eu ficar no meu canto, mais simpatia eu despertarei, que as pessoas terão curiosidade em conhecer e ficar amigas de uma pessoas tão calada e misteriosa como eu, com tanta consciência da vida quanto da morte, sua irmã siamesa. Porque vamos mesmo morrer, eu não tenho medo da morte, que morrer não dói. Morrer não dói. Porque vamos mesmo morrer eu quero mais é me enfeitar de lápis lazuli nos meus braços, pratas nos meus dedos, diamantes nas minhas orelhas, rubis nos meus pés, esmeraldas na minha cabeça e e turmalinas no meu pescoço que é só prá ver, sem precisar tocar. Porque vamos mesmo morrer, eu quero aprender a falar francês, japonês e chinês e passar pelo menos um ano em cada país que fala essa língua para poder me comunicar com as gentes e para que elas me entendam finalmente e que finalmente eu possa dizer que porque vamos mesmo morrer a vida deveria ser o inverso do que é e que a morte nos iguala a todos e quanto mais iguais formos, mais as nossas diferenças nos enriquecerão, e não estou falando em dinheiro. Porque vamos mesmo morrer, temos que entender o lugar da tristeza no mundo e saber ouvir os sambas que foram feitos em madrugadas frias de desolação e descontentamento e que se isso tudo produziu tanta beleza é porque uma coisa completa a outra e porque vamos mesmo morrer eu estou completa de vida e minha vida se completa de uma necessidade de mais vida todas as vezes que olho nos olhos do meu amor e que porque sei que ele também vai morrer eu não paro nunca de amá-lo e amá-lo e amá-lo. Porque vamos mesmo morrer, eu não me canso de colocar vidas no mundo e ensiná-las que é de vida que elas tem que se alimentar e gerar outras vidas até que habitemos os outros planetas de nosso sistema solar, e aos poucos, bem aos poucos que não tenho pressa de nada, outras galáxias, e finalmente outros universos, que duvido que só exista esse e muito menos que só nesse planeta tenha tanta vida e tanta vida diversa em suas cores, formas, cheiros, sabores e sons. Porque vamos mesmo morrer eu entendo o valor das coisas, e sei que a preguiça é necessária assim como o tédio, a depressão, a raiva e que tudo tem seu lugar e sua importância no mundo, e que dosando tudo, tudo fica como sempre foi – infinito. Porque vamos mesmo morrer eu quero subir a escada rolante que desce, cometer infrações de transito, experimentar toda a coleção de verão daquela loja que não vale o que cobra, viver a gloria do capitalismo e dizer que sim – eu amo a sociedade de consumo sem culpa! Mas que queria poder dividi-la, e dizer que todo brasileiro deveria ter direito a uma mansão com piscina, sauna, e outras frivolidades absolutamente necessárias. Quem vai me contrariar? Porque vamos mesmo morrer, eu quero morrer lúcida, no auge da minha alegria, e ser coroada de eras, perfumada de lótus e dormir nos braços cristalinos de Iemanjá!...
A vergonha de ser feliz
Por que você julgou que eu fosse morrer?
Tenho a certeza que era essa a sua maior vontade
Minha verdade?
Estão nos anos que vivi quase morta
de arrependimento e sofrimento
suportando a infelicidade
pela falta do meu próprio eu
da minha autonomia e estabilidade
trocados por um ambiente hostil
Fugi para ter de volta o meu mundo
Continuei por algum tempo a sofrer
sabendo da sua insanidade
revolta, ódio e até onde iria a sua intolerância
E eu te digo, você trabalhou como rato de esgoto
mas, víboras se alimentam de ratos
Como disse o poeta Gonzaguinha
"viver é não ter a vergonha de ser feliz"
Eu sei, você não conseguiu a sua vingança
mas encontrou a bonança
sem a vergonha de ser feliz
Sabe por que o poeta disso isso
sobre a vergonha de ser feliz?
É que a felicidade está no amor que sentimos
e quando não existe amor de verdade
sabemos que a felicidade é passageira
são momentos no arrepio das ilusões
apoio para as frustrações
Sem consciência e em apuros
usa-se e abusa-se incondicionalmente
por um tempinho feliz
Mas, quando consciente
sabe da "incompletude" que tem
e aquilo que completa é incompleto também
É isso que nos causa vergonha
e para suprir a danada
grita-se aos quatro ventos
que não tem a vergonha de ser feliz
por já estar desolado
com a felicidade que tem ao lado
E digo ainda,
não vou morrer por causa da sua felicidade
pelo contrário
ela suscitou a minha independência de responsividade
libertada das suas agruras
e tenho vergonha de dizer
pela falta de carência interior
o quanto sou completamente feliz.
Com Deus para nascer denovo tem
que morrer, e quando se nasce
denovo morrendo a partir dai,
Viverá eternamente.
Morre-se de tudo e de qualquer coisa. Para morrer, aliás, basta estar vivo – assegura o dito popular. Mas a gente vai vivendo, vai insistindo em, apesar de tantos perigos, porque a vida vale muito a pena ser vivida.
Viver é o verbo mais gostoso de conjugar. Mais que verbo, é uma experiência. Mais que experiência, é uma aventura. Mais que aventura, é um milagre. Enfim, é uma arte – mistura de dom com (boa) vontade.
Porque a vida nos dá a oportunidade de fazermos coisas e, assim, de fazermos a nós mesmos. Mais e sempre, até o momento derradeiro... quando, normalmente, já deu tempo de fazermos uma porção de coisas – mais boas que más, de preferência, de sorte que a morte pode chegar, na surdina, e levar o que temos de mais precioso: a vida.
Quanta ilusão! A morte, na verdade, só abate uma parte ou uma terça parte de nós, porque, durante seu curso, a vida teve tempo de sobra para ramificar, de modo que, ao final, ficam os ramos que espalhamos por aí, contra os quais a morte não pode nada. Ramos de amizade, saudade, amor, hereditariedade, boa ação, bondade, alegria e família, contra os quais – repito – a morte pode muito pouco.
Dharma
A semente caída no lago,
morrer para germinar.
E rompe as águas com suas hastes
Retira do fundo lodoso.Seus nutrientes.
Abri-se em lótus.
Busca a direção da luz.
Multiplica-se em espectros
de todas variedades e cores.
Espalha-se em virtudes,
Em círculos concêntricos.
Da sua raiz, até a flor.
O espírito não muda.
E transitam pelo lago,
de um lado para outro.
Por onde o vento soprar.
Distribuem suas belezas,
Espalhando-se na vida.
Multiplicando, seus talentos.
Sem nenhum esforço.
Apenas crescendo,
E multiplicando-se.
Para aqueles que conseguem enxergar.
Se fascinam, com suas vibrações.
Através do reflexos da luz,
Que penetra suas almas.
Isso é o suficiente.
marcos fereS
Mamãe dizia: "quem com porcos se mistura farelos come."
Prefiro morrer de fome...
Eu tô falando sério!
"" Faço parte de uma geração que está começando a morrer, pretendo insistir até onde der. Até onde deus quiser...""