Morar
Eu queria morar
num lugar
onde, não existisse
desigualdade,
onde, não faltasse o pão
de cada dia.
onde, a paz fosse constante
e o amor sem regalia.
Eu tô voltando pra casa, vou morar nos seus beijos
Vou viver nos seus olhos, surfar nos seus cabelos
Desbravar os seus sonhos, desvendar seus desejos
Vou fazer de tudo pra você não me deixar
Quem é você, que chega assim de repente, sem nada dizer e ameaça morar no meu coração?
Você vai deixar isso acontecer?
Como é que vamos fazer
Pra eu morar aí no seu quarto
Sem essa de me colocar no seu porta-retrato
Quero contato, sem contrato, a gente faz um trato
Se você me der a chave, eu mudo até o meu status
Um dia
ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim.
Vou andando, caminhando, caminhando;
me misturo rio ventre do mato, mordendo raízes.
Depois
faço puçanga de flor de tajá de lagoa
e mando chamar a Cobra Norato.
— Quero contar-te uma história:
Vamos passear naquelas ilhas decotadas?
Faz de conta que há luar.
A noite chega mansinho.
Estrelas conversam em voz baixa.
O mato já se vestiu.
Brinco então de amarrar uma fita no pescoço
e estrangulo a cobra.
Agora, sim,
me enfio nessa pele de seda elástica
e saio a correr mundo:
Vou visitar a rainha Luzia.
Quero me casar com sua filha.
— Então você tem que apagar os olhos primeiro.
O sono desceu devagar pelas pálpebras pesadas.
Um chão de lama rouba a força dos meus passos.
O índio brasileiro não quer morar em tocas hoje, é moderno.
Dirige carros importados, a maioria tem carros 4X4, computador a bordo e é bilíngue
Forma-se em agronomia e pedagogia.
Não tem canoas, tem barcos caros e avião.
É político.
Uma pessoa pode escolher onde quer morar,
o que quer comer, a roupa que quer vestir
ou o calçado que quer usar.
Mais ninguém ama por escolha, e sim,
pelas circunstâncias que aproxima as pessoas e as coloca frente a frente,
sem detalhar absolutamente
nada referente ao futuro.
O que o torna imprevisto e obscuro.
Está cansada de morar de aluguel no seu coração
Está cansada de dizer seus sins pra escutar teus nãos
Você pode até morar numa palhoça, num mocambo, mas se lá dentro estiver a paz de Deus, está tudo bem!
Você faz meu beijo querer sempre morar no seu sorriso, assim como a felicidade de ter você no coração é permanecer no paraiso.
A cara acinzentada da tarde
Foi-se embora pra morar
Pra sempre detrás da colina
Viver da neblina, que chora
Pra sorrir no nascer do Sol
Assim que o dia esquenta
Sim, ela se ausenta
Pra de novo vir morar
Bem pertinho de onde moro
Pra sempre por sobre a colina
E quando a manhã se vai
Novamente se apresenta
Sorrindo pra gente
Mostrando a sua cara cinzenta.
Edson Ricardo Paiva.