Moradores de Rua
Estamos sozinhos
Somos nós por nós
Enquanto uns brigam por poder na nação
Uns brigam por emprego entre a população
Enquanto uns vivem nas ruas
Em busca de nao viver mais condenados
Outros esbanjam e gastam
E superfaturam em leite condensado
O salário aqui é mínimo
Mas não temos nem direito ao mínimo
Mínimo de conforto
Mínimo de um dia de paz
Um dia morre a moça e sua filha
No outro o filho daquele rapaz
A fome na rua
Não tem nome e nem certidão
Não tem endereço e não possui cpf
Uns ajudam e outros esquecem
Tem até aqueles que dizem
"Se está ali é porque merece"
O sonho é de ter casa própria
O sonho é de que não nos falte o que comer
Sonhar em ver o filho sobreviver
O sonho de ver o filho crescer
O ruim é que a história se repete
Pra gente que na vida não ganha oportunidade
O mesmo pobre que é pobre aqui
Também vai ser pobre em outra cidade
O sistema quer nos ver ali
Trabalhando pra que eles possam ganhar
Mas nunca vamos desistir
De uma vida digna alcançar
Que um dia o fardo nao seja tão pesado
Que um dia não troquemos o almoço pela janta
Que nesse dia sejamos todos alegres
Que tenhamos mais visibilidade para nós e nossas crianças
Rua do Outono
É lindo como o tempo
Se revela pela natureza
Ao agitarem-se ao vento
As folhas coloridas dos pinheiros
Verdes, laranjas e amarelas
Caem pontuais na estação certa.
Relógio divino do contar dos anos
Tempo que passa sem nos avisar
Nisso vestem-se as canaletas
Povoadas de pessoas felizes
Que se fotografam na alegria plena
De assim comemorar o renascer
De mais uma vez o despontar
Um novo outubro da vida se viver.
Jorge Jacinto da Silva Junior.
"Seja qual for tua via,
tua estrada ou teu andar,
faça da travessia um
acontecimento sem par.
Uma rua é uma rua,
na roça ou na capital,
seja bicho, seja gente,
não se esqueça de brilhar!"
Lori Damm
- Nunca ninguém me chamou
de Meu Mundo!
Serei eu só um beco numa rua
sem saída?
☆Haredita Angel
12.09.21
OS CÃES DA MINHA PRAIA!
Entre tantos encantos da orla, tem um que me diverte: Os cachorros baldios da praia! São cães que já fazem parte do cenário praiano! Amigos, bonachões, livres a perambular pela calçadão.Correm nas areias, um petisco aqui, e outro ali e lá vã eles, Negão, Princesa, Soberano, Dórothi, e outros que não sei o nome, livres numa alegria da liberdade que não tem preço. São os "Capitães da Areia", com o devido respeito, e se me der licença, Jorge Amado! Percebo em seus olhares um certo ar de troça, quando veem algum coitado colega, passar preso à coleira, como se algum objeto, fosse! Durante suas conversas nas constantes reuniões que fazem sem hora marcada e na descontração do descompromisso,entre outros assuntos, vem sempre a baila, o que na opinião deles, é uma imaturidade dos humanos, sanar suas carências, automatizando "bichinhos de estimação"! Chego a acreditar, que em suas preces ao "deus" dos cachorros, está o pedido contrito,e aflito" de que" não nos deixeis cair na prisão de um apartamento,nos livre da mesmice da ração de todo dia, mas nos de o sagrado, e variado petisco, auaumém...
odair flores
A chuva torrencial tinha notas em graves e agudos molhados e saltitantes pelos caminhos que percorria sem parar. Era uma desvairada vontade de vencer obstáculos e chegar ao destino, mesmo sem saber onde este seria. Essa chuva repentina veio acordar o coração que dormitava, embalado por sonhos de verão, pés na areia, brisa marinha e gosto de sal nos lábios. Depois de abrir os olhos, senti-la e vê-la, vieram as lembranças de dias assim, cortinas fechadas, ausências e frio, quando outrora houve o adeus. Enquanto uma chuva assim caía, houve a partida, portas bateram sob o vento arrasador e que gemia junto às lágrimas do momento derradeiro. Não foi a chuva que provocou isso, foi a vida e junto às nuvens do tempo, em outro plano estás ainda a dizer: amo você e cada gotinha que caia, trazia o recado - a nostalgia do não mais...
"Escrevo com a ilusão de que posso consertar o mundo,
fazendo da caneta o martelo e das palavras os pregos.
Assola-me de maneira particular, o desejo de consertar, não a natureza, mas o coração das pessoas, que é uma máquina complicada onde tudo acontece.
Gostaria de poder franquear a porta do coração das pessoas, nem que fosse preciso usar o ombro ou um pé-de-cabra, a fim de deixar lá dentro, uma caixinha contendo sementes de amor.
Amor para gastar na rua
Amor para distribuir às pessoas mais queridas
e amor para uso próprio."
Situação de Rua
Um brilho no olhar reluz gemido
Que alguém conduz fazendo um pedido,
Tentando suprir os que a vida consomem
Na grande carência existente de um homem.
Andando e catando opróprio alimento,
Respirando odores do próprio excremento,
Criam escudos na pele ao relento
Depois das feridas saradas ao vento.
Nos horrores da sobrevivência humana,
São doutores da experiência insana
Insurgida aos preceitos da vida.
Na grande cidade, mais querida...
Na idade racial da humanidade...
Ser um mendigo éidentidade!
Situação de Rua II
Uma águia trocando o bico a garrido
Além da alta montanha o reclama,
Esperando sozinha, sem alarido,
Aquém seu instinto oproclama.
Alguém pedindo a outrem um ouvido
Sussurra sobre o ombro um problema,
Tentando sozinho, sem ter um abrigo,
Por um diálogo, para esquecer um dilema.
Como aliviar as dores na solicitude
Dos passos da vida, se em atitude,
Uma criança quer mais que um abraço???
Na escuridão de um rua sozinho,
Um andarilho, menino sem ninho,
Como a solidão de um grande pássaro!
Queria olhar, olhei
Queria tocar, toquei
Queria uma flor, peguei
Queria sonhar, sonhei.
Queria cantar, cantei
Queria dançar, dancei
Queria abraçar, abracei
Queria beijar, beijei.
Queria amar, amei
Queria chorar, chorei
Queria gritar, gritei
Ao desabafar, desabei.
Queria alegria, alegrei
Queria esquecer, não sei
Queria ficar, mas fui
Queria me perder, me achei.
O ideal
é a gente se encontrar
parar pra conversar
tomar um chá
Temos muito pra falar
da vida, de lugares
na verdade o ideal
é matarmos a saudade
O ideal
é nos abraçar
deixar as ideais fluirem
sorrir, ser feliz.
O ideal
é a gente se envolver
deixar acontecer
viver.
O MENINO NOVINHO DA MINHA RUA
O menino novinho da minha rua,
de passos leves, sorriso no olhar,
tem a inocência que o tempo cultua
e o jeito doce que faz encantar.
Corre descalço, liberdade em brasa,
brinca com o vento, desafia o céu,
o dia é palco, a calçada é casa,
na vida simples, reina o troféu.
Os olhos brilham, reflexo do sonho,
o futuro é vasto, um mistério a se abrir.
No agora, tudo é riso risonho,
é puro, é leve, é de nunca partir.
E assim ele segue, na rua, menino,
sem pressa, sem medo, dono do instante.
Na dança da infância, encontra o destino,
e cada passo é um passo vibrante.
Sou assim: uma pessoa amável e fervorosa!
Sou braba e paciente.
Generosa e alegre
Eu sou simplesmente, Tereza Cristina
Sou o poeta no divã da vida
Pernoitando no labirinto do sonho
Sem rua, sem travessa e sem esquina.
Onde não há mapa definido;
Só há papel e tinta.