Moradores de Rua
Mudanca vida afora,
Num ilimitado de ruas
Escuras
Rústicas,
Perdi livros,
O livro de mão em mão ,nasce.
O mesmo acontece com a vida!
Na manhã de hoje conheci, próximo a Rua Irineu Marinho, subindo pela Rua Riachuelo, passando em frente ao antigo prédio do Jornal O DIA, próximo ao bar do Seu Zé (ufa!) um homem muito parecido com o Henri Cristi - cabelo grande no estilo miojo e barba rala; uns 60 anos; Costuma ficar naquele sinal de trânsito exatamente em frente ao antigo prédio do jornal, quando fecha, indo de carro em carro vender o EXTRA; Aquele sinal que tem em frente ao túnel. Profissão: vendedor de jornal. O nome dele é Juaci. Diz que vende jornais percorrendo as ruas do Centro do Rio. Descobri que ele não vive só dos jornais que vende no sinal. Tem clientes pedestres também e, por isso, me explicou com simpatia a pontualidade que o trabalho exige para fazer a entrega aos clientes e agradar a todos, como também chamou a atenção a alegria que demonstra na execução desta tarefa. Faz entrega com música. Entrega o jornal, recebe o dinheiro, dá o troco,tudo com fundo musical. Só que essa música não é qualquer música. Não sei como, mas o certo é que Juaci sopra por entre os lábios semicerrados, deixando escapar um som muito parecido com o que se obtém quando se sopra através de um pedaço de papel fino colocado sobre um pente. O repertório, pelo que observei, é atualizado. Música nova, transmitida pelo rádio. Ele não deixa os jornais em uma mesa, na calçada, como as meninas do jornal Metro. que também dividem o espaço com ele. Ele carrega todos a tiracolo, e ainda me mostrou que sofre de uma paralisia parcial que lhe dificulta os movimentos do braço e pernas esquerdos. Por isso, dá o passo com a perna direita com apoio da perna esquerda semi-paralisada, e depois, firmando na direita, levanta o tórax e impulsiona com o resto do corpo a perna doente, atirando-a para frente. Isso tudo é muito rápido rs. O braço esquerdo, o doente, Juaci utiliza para apertar os jornais de encontro ao corpo. Esse braço, aliais, já vive normalmente encostado ao tórax por força da doença. Ele é fraco de corpo mas forte de espírito. A doença em nada o afeta. Não sei, mas tenho a impressão que o bom jornaleiro faz da sua entranha e diferente andadura um suingue para rimar suas músicas. De fato, os compassos das marchinhas que também "sopra", já em ritmo de carnaval, são rigorosamente cadenciados de acordo com seu esquisito modo de andar. Assim, se a música é ligeira, Juaci acelera o passo. O certo é que ele não perde tempo com o cliente. Não quer, não quer. Nem dá bola. Mas se quiser, os jornais são vendidos rapidamente. Segundo ele, é a técnica "PPV". Pagou, Pegou, Vazou! Como fiz com Francisco ontem, perguntei a Juaci sobre a concorrência. Ele disse que, no passado, sofreu com a proliferação das bancas de jornais dos italianos que, aos poucos, montaram o poderoso "trust", dominador dos pontos situados nas esquinas mais movimentadas da cidade, e contra os quais, segundo ele, "nem a prefeitura ganha quando tenta enquadrá-los nas exigências da lei". Por outro lado, a poluição sonora provocada pelos aparelhos das casas vendedoras de eletrodomésticos também atrapalha ele na hora de fazer seus "sopros musicais". Diz ele: "Não trabalho em frente as Casas Bahia, nas do Ricardo, no Ponto Frio, nem nas Americanas. É um inferno!". Segundo ele, o som promove suas vendas com as pessoas que estão de bom humor. O triste, é que o progresso esmagará Juaci e toda sua fonte de renda já já. Se for verdade, Juaci - que diz que nada mais sabe fazer além de vender jornais - também, assim como muitos de nós, terá que se reinventar no mercado. O que muda no mercado para um jornalista, muda para Juaci também. De certo modo, Juaci é um colega da imprensa. Vende jornais há 34 anos. Quando eu ainda estava quase chegando ao mundo. Uma coisa é certa: deixará saudades para os clientes da Riachuelo.
MEIA LUZ
Um carro escuro
À meia luz da rua
Parece um quarto
À sete chaves
Escondendo segredos
- Reveladores
Ofertando riscos
- Tentadores...
Um quarto
À meia luz
Parece um carro
À luz da Lua,
Abandonado naquela rua
Guardando segredos
- Audaciosos
Chamando a atenção
- CURIOSOS!
Romances quentes,
Envolventes
Pontualmente eternos
E sinceros...
Um carro
Em minha rua,
Um quarto
À luz da Lua...
Crianças fora da escola
nas ruas pedem esmolas.
Dormem nos bancos da praça,
nos viadutos ao relento.
Dias de frios e vento
cobrem com dores e mágoas,
carentes de amor e pão.
Maltratadas e exploradas,
vagueiam sem rumo e drogadas
matam por alguns trocados.
Crianças sem esperanças,
caminham soltas, acuadas
E cansadas de sofrer
vagabundeiam por aí
porém, ninguém quer ver.
A vida novamente bateu a minha porta
Para mostrar quem era.
Levou toda a minha tranquilidade
Que pensei ter conquistado para sempre.
Ela bateu a minha porta
Tomou conta da minha energia
Para mostrar de perto o meu drama.
Eu, homem formado,
Deitei na cama como um menino.
Porém, naquele momento,
O tempo tinha me levado muitas pessoas
Nem colo eu tinha
Olhei para a única coisa que me restava:
Uma janela.
Através dela eu vi o lixeiro,
Vi o vendedor e uma pessoa que atravessava a rua.
Num primeiro momento, tive pena da minha fragilidade.
Mas, a força da fé e da honra me fez levantar.
Com a humildade apreendida,
Pude fazer como homem:
Que mesmo sem saber o que fazer
Escuta seu coração
Sem perguntar por que bate.§
A LUA
Dizem que em noites sem fins,
Os namorados passeiam,
Por praças ou jardins,
Sem perceber quem os rodeiam.
Debaixo da lua trocam,
Beijos e juras de amor,
Olhares e abraços que provocam,
Em outras faces o rubor.
Dizem que é a lua dos apaixonados,
Ou os apaixonados da lua.
De corações alados,
Com os pés descendo a rua.
Autor: Agnaldo Borges
10/10/2014 - 22:40
TRAVESSO
"Quero um peito travesseiro, que cheire a capim-limão, em que se possa atravessar o mundo inteiro - ser onde sonho e faço de chão. Desejo que, qualquer planeta que orbite ao redor de mim, deixe o medo para o fim ou até que a lua volte. Subirei em minhas sobrancelhas para ver o meu amor passar naquela rua, até o gosto me vir à boca, e eu sorrir sem respirar. Pois, do ventre donde que saí, hoje há parreiras e vinho etílico. Preu - que sou travesso - já não o meu lugar."
Fabrício Hundou
ORAÇÃO FORTE PARA QUEM AMA FUTEBOL DE RUA
Que Deus oferte o nascer de milhões de clássicos de golzinhos de rua pelo mundo!
Que Deus oferte proteção a cada menino correr atrás da mãe bola.
Que Deus oferte a blindagem contra os narco traficantes que buscam adotar os atletas dos campos de asfalto.
Que Deus empodere resistência a cada trave feita de chinelas de dedos contra os carros que tentam derruba las enquanto o classico rola nas vielas, ruas e avenidas do mundo.
Que Deus oferte as farmácias do mundo muito Merthiolate e Band-aid para ajudar nas contusões das tampas dos dedões de nossos pequenos.
Que Deus oferte proteção a mãe bola contra os cachorros destruidores de bola dos vizinhos pernas de paus.
Que Deus oferte paciência para os meninos dos times de fora que esperam para jogar.
Que Deus oferte resistência a mãe bola que aguenta o rolar na lama asfaltica quente.
Que Deus oferte proteção as solas dos pés dos meninos desprovidos de um par de ténis surrado.
Que Deus oferte energia as mães dos meninos que gritam para os pequenos irem a escola.
Que Deus oferte vida longa ao time com camisa e ao sem camisa, pois esse é o maior clássico do futebol mundial.
Que Deus oferte belas amizades, risadas, alegria, paz e união aos seres humanos que jogam e jogarão golzinho de rua!
Vida longa a mãe bola, pois aqui vive um sonhador que ama futebol.
Namaste e bora lá, pois a mãe bola quer ecoar vida pelo mundo!
No picadeiro cheio de luz
Há muito o que se ver
Senhoras e senhores!!!
Grita o palhaço da entrada, todo listrado de cores
Entrai! pois não custa nada, na saída é que se paga!
Entra o palhaço em cena, explode a multidão!!! \o/\o/\o/
Ri palhaço! corpo de borracha e de aço! Rebola como uma bola, tem dentro não sei que mola, que grune, emperra, geme, zuni e faz Sorrir.
Sou da rua
-Sou da rua...
Meu compromisso é com a lua...
Com o sol não quero caso!
Deus do céu compreenda,
esta tórrida tormenta!
-Ser a noite inspiração...
-Ser egrégora o balcão...
-Ser o vinho religião...
Sou da rua, não tem jeito!
Enterro culpa ao peito...
Só sei florescer do chão!
☆Haredita Angel
Esta noite não há lua,
sozinho por aí vaguei na rua,
a sua procura eu estava,
porém não a encontrava,
de repente compreendi,
e acabei com meu tormento,
você sempre estará aqui,
dentro do meu pensamento.
O sistema do SISTEMA
Grito... Grita, grita alto, mais alto, mais alto ainda!
Não que o teu grito não seja alto o suficiente
para ser escutado por todos.
É muito mais alto do que tu podes imaginar.
O sistema é que se cala, finge-se de morto.
O problema não está no teu grito e sim na deficiência do sistema,
que finge não haver qualquer problema em seu engenho magnífico.
Que finge não ouvir o quão alto e desesperado são os teus gritos
e o de todos que gritam, mesmo que gritem por dentro, em silêncio
silenciados, inauditos, sob interdição.
O sistema é a máquina mais perversa e controversa já criada.
Mais até que a bomba atômica - que só é utilizada em ocasiões especiais.
O sistema é uma máquina criada para operar na dimensão do perverso
sua função não é trucidar os sujeitos, nem moê-los feito insetos
nem mesmo criar monstros sociais totalmente adaptados à sua incoerência.
Isso é deficiência humana mesmo!
Provocada por mal caratismo, ingerência e incompetência ao manuseá-la.
Em seu modo cotidiano mata, estripa, dissimula...
Inaugura placas de cobre com letras douradas, estátuas e totens
em homenagem a seus feitos incríveis.
Por fim, ostenta em praça pública toda essa maldade.
É larga a rua dos anos, onde a luz pouco existe, o amor nos esquece, onde se sobe e desce e a morte nos apanha e nos acolhe em triunfo.
Na Praça da Sé estava um anjo a resguardar.
Humildemente humano ali no seu lugar.
As forças do mal foram atentar o anjo correndo a mulher foi a salvar
Mas a carne humana é fraca foi de falhar.
Mas o anjo se contentou com o seu lugar de volta para o céu onde deve estar.