Morada
Então já não me ia sem ti. Não te ficava de mim, sem levar-me.
No desterrar partilhado, na descoberta crivada de anseio,
Nos revestimos renascidos na candura colhida.
E nessa luz feita morada, acolhemo-nos na lucidez enternecida.
Porque amar, é instruir-se no desvelar do outro revelado.
Esqueceram-se a chave,
mas pouco me importo
eu não quero que entrem.
Esqueceram-se a chave,
mas para quem eu a dei?
já não me lembre.
Não, eu não a dei,
pois a tomaram, por fim gostei;
Antes que tivessem levado.
Não, não esqueceram a chave,
pois aquela que vós abri;
Já faz morada por dentro.
Quanto de amor poderei eu guardar? Nenhum! Se o amor fosse pra guardar, ele deixaria de existir. Mesmo sendo algo de dentro, amor é porta aberta, vontade exposta, passarinho que voa; faz morada, mas não se prende. Porque amor é liberdade. O que a gente guarda mesmo é o sentir. Amor a gente liberta pra voltar. E ele sempre volta pra gente, pode acreditar.