Monólogo
MONÓLOGO DA FOME
Eu estou com fome, meu senhor.
Perdi meu emprego, fiquei doente
E hoje moro na rua.
A covid matou metade da minha família.
De onde eu sou?
Não sou da Disneylândia, já morei na Ceilândia, na Estrutural,
No lago Azul, em vários lugares, nesses lugares em que as pessoas não desejam morar.
É hoje eu moro aruá, lugar em que muitos desejariam morar, para ter a liberdade que eu tenho, mas para morar na rua a pessoa precisa passar por onde eu passei, viver o que eu vivi.
Meu senhor, por piedade, diga-me, o senhor vai ou não me dar um prato de comida?
Quando vieres a aplaudir
talvez o palco esteja vazio
e o monólogo recolhido,
agora exausto e silencioso,
na solitária coxia da vida.
Monólogo
Anda, fala
Não ouço nada
Não escreve
Apenas se cala
O quê?
Não ouço você
Não vejo você
Miopia... Pia vazia
Não quero beber
Essa água amarela
Minha blusa de flanela
Eu perdi você
Fiquei com o silêncio
Insônia e monumento
Inerte, sem movimento
Assim lhe descrevo
Nada de desejo.
Monólogo da madrugada de auto conhecimento
Eu,sou eu
Mas quem sou eu ?
Eu não sei responder quem é eu
Ela é eu ?
Não,acho que ela é ela
Mas ela se parece tanto com eu
Mas até agora não respondi a pergunta,quem é eu?
Eu não consigo explicar quem é eu
Eu é eu,ou finjo ser eu ?
Eu nem sei quem é eu
Bom ,eu só sei que, eu é eu.
Monólogo de um ser apaixonado
Não agüento ficar distante
De você,
É como estar faltando
Alguma coisa em mim.
Não sei o quê!...
Gostaria de traçá-la
Nas nuvens,
Mas mesmo assim
Triste!
Pois sei que elas se desmancham!
Não sei se suporto
A sua distancia
Mas queria
Morrer abraçado
Com você!
Costuma ser farto o vocabulário no monólogo dos sinais e do silêncio. Esta comunicação é consideravelmente extensa e objetiva
Monólogo do eu.
Porquê?
Nunca, do nunca há satisfação?
Meu eu é implícito no ser...
Tropeço em qualquer distração,
Ímpeto do meu ser,
Só sei que nada sei...
Fazer é meu eu em metáforas,
Incomplexão do incomplexo,
Intrínseco,
Foda.
Né? Mato ou desmato?
No mato!
Incomplexão do ser.
Eu mesmo no mesmo...
Desconexo,
Do ímpeto do ser.
Monólogo do vazio.
Tudo desmorona, quando o ego vem à tona,
Minha Alma em estilhaços,
Lábios se fecham,
Se calam,
No escuro da dor do vazio,
Sozinho,
Sou escrava de mim,
Dos meus pensamentos,
Lamentos,
Tormentos,
Não me aguento mais,
Não sei como correr atrás,
Só queria fugir,
Desse mundo insípido,
Insosso,
Covarde,
Vadio,
Miserável,
Intragável
Que me esmaga todo dia,
Sem alegria,
Minha única companhia,
Canta e papel...
Como sempre,
Um nada.
Monólogo da solidão.
Eu sou assim,
Um quebra-cabeça,
Incompreensível,
Intrínseco e extrínseco,
Criptografia,
Hieróglifos,
Não sei de mim,
Sempre fui assim,
Aí de mim que o destino é o Só,
Sou meus versos,
Sou meus paradigmas,
Sou enigma,
Aí de mim que o destino é o só.
O monólogo alto,
O alto do monólogo,
Quando a consciência exterioriza em palavras o que você sente no peito,
Sem respeito,
As ideias me rasgam,
O sentimento me corta,
Me embaraça,
O relógio avança,
Enquanto a vida me dói.
O monólogo do tempo perdido.
Se existe algo que me arrependo é de não ter estudado naquele tempo...
Enquanto jovem me achava curtindo a vida,
Enquanto curtida estava sendo por ela,
Me sinto cansada e esmagada,
Pela luxúria e falta de empatia,
Da maioria que te passa por cima,
A dor dos que tem menos de todo dia me dói hoje,
Sem desistência sigo,
Correndo atrás do tempo perdido,
Esbaforida,
Mas, nunca vencida,
Embora insista a ideia da desistência a cada esquina,
A cada tombo,
A cada gongo que se experimenta dia à dia,
Me sinto presa,
Escravizada pelo sistema,
Embora tenha prazer em servir,
O prazer de quem me pisa,
Parece ser sempre maior,
Eu quero vencer,
Mas, não quero me tornar desamor,
Não quero ter o peito petrificado em ouro,
Quero permanecer sendo sangue, quente, amor,
Que o prazer de ajudar não me deixe,
Prefiro a morte,
Ao viver como esses defuntos em vida,
Que fedem e ferem,
Que se acham maiores,
Embora em fim,
Na partida se tornaram desnudos e suas partes em decomposição,
Como todo cidadão,
Turbidez,
Desabafo,
Fácil,
Poucos vão ler,
Talvez ninguém,
Porque no mundo de hoje,
Ninguém se importa.
O monólogo da depressão.
Eu só queria ter um motivo para levantar da cama,
Nesses dias escuros, onde tudo perdeu o sentido,
Tudo desmoronou,
Enquanto isso, respiro,
Sobrevivo, sem vontade de viver a realidade,
O mundo dos sonhos se torna mais coerente,
Patino, sem quebrar essa corrente, essas,
Não interessa,
Quem vê de fora não compreende,
Não sabe o quanto dói, não entende,
A luta é pesada,
As vitórias ingratas,
Eu só queria partir,
Sumir daqui,
De tudo, de todos e até mesmo de mim,
Dar um fim,
Enquanto isso, respiro,
Resisto,
Como um cisco no vento,
Mas, ainda...
Empurro com a barriga,
Sem força, sem vontade,
Numa vida inodora, insípida e invisível,
MONÓLOGO – vem do Grego MONOS, “um” e LEGEIN, “falar”. Indica que uma única pessoa é responsável por nos impor uma série de argumentos, sem ouvir outras partes. As aulas não podem ser um monólogo por parte d@s professor@s! O diálogo é fundamental!
Monologo
.
Se me fosse meu o teu amor
Não me haveria assim
Tamanha dor,
.
De não ter a quem eu amo
E me lhe entregar
A esse amor.
.
O meu prologo de dor,
Que de mim se apoderou,
Não minorou o meu amor.
.
Só aumentou a minha voz
No ecoo forte do silêncio
Em que lhe entrego o monólogo deste amor.
.
Edney Valentim Araújo
1994...
O monólogo não precede o silêncio
Não em uma mente barulhenta
São os gritos que ninguém ouve que ensurdecem
Não há trégua quando se luta contra si mesmo