Mona Lisa
Mas é que às vezes acho que a sorte é só o tempo. No seu tempo certo.
E me abrigo nessa vã percepção do acaso. E me tranquilizo.
Eu ainda tenho sonhos.
Ainda faço planos. Ainda acredito no impossível.
Ainda me permito fantasias, ilusões, utopias...
Aliás, minhas escolhas exigiram mais de mim do que eu havia imaginado. E eu preciso de força para resistir à minha fraqueza. Para não me entregar. Preciso me manter inabalável. E forte.
Talvez nunca seja tarde para tentar. Eu só espero que nunca seja tarde para viver. Ainda preciso de muito tempo para isso. Eu acho. E talvez o tempo nem exista, mas ainda assim, eu desejo que haja tempo, pra tudo que eu precisar.
A vida às vezes me cansa. De uma lassidão surpreendente. Cansaço de dever comprido. Fadiga de quem quer mais. Mais vida para viver. E reviver um novo ciclo.
Aprenda a olhar só pra você, a realizar só por você, a amar só a você. E quando conseguires, todo o resto já terá se realizado.
Haverão novos obstáculos, novas cargas a serem carregadas. Tudo deve ser vivido no seu tempo. E desfrutado no seu momento. Até que se perca o sabor. Aí então é hora de se libertar. E praticar o desapego.
Vivo à espera das idéias. Da força que de súbito nasce em mim jorrando sem cessar em forma de palavras. De me surpreender com a imaginação, que às vezes me leva a ser além do que sou. De desvendar o mundo para o qual de quando em quando minha mente me conduz.
Sentir. E ser. Isso me basta.
Não me pergunte quem sou. Não me dêem a difícil tarefa de me descrever, não sei se encontraria em meu vasto vocabulário palavras para definir o que sou.
Na realidade desconheço.
Eu não quero me entender, não pretendo me decifrar.
Perderia toda a graça de me ser.
O que me encanta em não saber quem sou é o mistério. Me excita a quase descoberta da matéria que me constitui. O prazer de desbravar cada pedaço de vida espalhado pelo tempo. Tentar juntar os cacos do que sou.
Gosto de me encontrar no oco de mim, de sentir o sabor desconhecido das minhas sensações. Como provar um fruto até então desconhecido. Descobri o doce e o amargo que existe no meu eu mais profundo. Experimentar ser o que sou. O que não sei se sou.
Sinto o êxtase quando caio no vazio de mim mesma e chego ao âmago do meu ser. Chego a essência. Mas não decifro a matéria. Não vejo.
Apenas sinto o que sou, mas a descoberta cai no largo do esquecimento quando retorno ao meu extrínseco. Quando me perco novamente.
Sou só mistério, matéria oculta e incompreesível a mim mesma.
Se ousasse me revelar talvez deixasse, eu, de existir. Não quero conhecer.
Quero apenas sentir. E ser.
É vasto. E me basta.
PAZ.
Busca interminável pela harmonia consigo e com o mundo. Pela sensação de viver livre e leve, sossegado, distante das inquietações que nos perturbam. A paz é um estado de intimidade com o próprio 'eu ' , o silêncio que acalenta o nosso coração fazendo-nos transcender o nosso próprio ser.
O desejo de calma, mesmo quando o coração está frenético. É poder degustar cada sentimento sem obstáculos.
Ser livre para sentir.
É a força que supera a guerra, a coragem que sobrepõe-se ao medo. A sensação de estar longe de toda a negatividade.
É sentimento que nos eleva. Vasto. E em todas as suas abrangências, pela lei, pela força, eterna, mundial, interior, ela não acontece, mas nasce e somente pode ser cultivada dentro de cada um.
Cultivemos, sejamos a paz!
Eu posso todas as coisas. Eu tenho todos os sonhos. Tenho em mim os desejos do mundo. Quero o impossível.
Não sei. Uma vontade louca de cessar o pensamento, de estagnar meu coração. Tento fugir de mim e sempre me encontro no fim.
Falar de Felicidade é muito mais simples do que eu entrevia. Sentir é que é difícil. Deixar-se sentir é que complica.
Seria inútil contar minunciosamente cada detalhe do que eu sou. Desnecessário. Você tira sempre suas próprias conclusões.
Cronologicamente. Milimetricamente. Está tudo no mesmo lugar. O de sempre. O de sempre me acontece diariamente. Sempre.
Só depois de quebrar a cara é que percebemos que estávamos agindo errado. Só depois que a gente sofre ( e sofre muito, não é pouco não!) é que percebemos que de nada adiantou o sofrimento.
Quando o mundo é demais para mim eu me refugio nesse meu mundinho de utopias, de sonhos, fantasias. Só pra descontrair.