Moinho
Um moinho de complexidades mora em mim,
Vidas alheias ganham a sua significância em mim;
Eis que sou o que afirma acima do linguajar humano, que no homem habitam o caos e o paraiso,
Os meus se manifestam na grandeza do pensamento hibrido não dada os homens;
Sois todos fragmentados e não vedes;
Um mundo os meus vem criando para os vindouros;
Aceitei que dores me rasgassem para que avida fosse atribuída aos que desmamaram da miserabilidade e imundice dos homens;
Quem sou?
Ora, eu sou aquele que é;
Aquele que está acima da arrogância alheia;
Aquele que temido é, e em simultâneo amado;
Os magos beberam da sabedoria do meu falar, eu não fui até eles, mas eles até mim;
Amorteci a audição para que as palavras dos tolos não me caíssem próximo aos ouvidos;
Bem disse-vos não sou para este mundo, e recusates tal verdade;
Ora, vou-me deste lugar vosso, está na hora;
A dor não combina com os humanos, e nisso consagramos o manifesto do Eu ainda mais acima do vós;
Me vou para todo sempre;
Que ninguém ousa em tocar as minhas vestes e tão pouco as minhas cinzas, senão os meus;
In, The last Sanctus
Tenho tristezas que riem
Tenho alegrias que choram
Porque o que reverbera em mim
É vida, moinho em movimento
Assim eu vivo cada momento
Com pressa, e sem demora.
A Casa de Limões
Numa tardinha
Me atordoaram
C’um causo.
Encostado do
Moinho da Sardinha,
Perambulava um garoto,
Que vivia numa casa
Feita de limões.
Ouvi um cochicho
Sobre um jovem Javali
Que se tornou padeiro.
E outro buchicho
Sobre um centenário Jabuti
Que se formou doceiro.
Mas este boato
É de maior capricho,
O aposento do guri
No topo dum limoeiro.
Construção ecológica.
Amarrava a dentaria
Sua hospedaria.
Parecia até mágica
Bruxismo ou feitiçaria.
Agora eu entendia
Quando minha mãe dizia,
Que existiam pessoas amargas,
Difíceis de manter relações.
Também pudera serem azedas,
Vivendo numa Casa de Limões.
Saudade
Ah, se eu fosse moinho
Sugar todo vento...
Seria eu a energia
Aquela que sopra do norte
Sendo tu o ar em movimento.
Jamaveira
"Sorrio!...
Minha vida é um rio."
Embora águas passadas
não movem moinho,
o meu sonho
ficou no passado,
tentei resgata-lo, mas, o curso das águas não param,
e levam
tudo de melhor
que um grande amor
pode oferecer ao ser humano.
*
Tenho mania
de olhar a minha volta,
e enxergar poesia,
e nesta jornada sempre vejo um aceno, sim, um vislumbre de eternidade,
um dia
a fantasia
se tornará realidade!...
***
(Francisca Lucas)
Como um moinho de vento, que marca a passagem das brisas e vai girando, a vida passa pela gente e a gente passa pela vida, girando, superando, aprendendo, ressignificando os ciclos e evoluindo com cada experiência.
Ó velas do meu moinho,
rodízios da minha azenha,
vão rodando lentamente
esperando que a morte venha.
I
Há qualquer coisa no rosto
desse teu ser pachorrento,
como quem espera o vento
nas belas tardes de Agosto…
O que me causa desgosto
é ver o teu descaminho,
deixo neste pergaminho
saudades do teu passado,
e ao ver-te abandonado
ó velas do meu moinho.
II
Foste um símbolo da vida,
remoeste farinha a rodos,
foi pena não dar p´ra todos,
como é triste a despedida...
Foste pão numa guarida,
imperador real da brenha...
O meu ser em ti se empenha
em ser cantante e moleiro,
ó águas do meu ribeiro,
rodízios da minha azenha.
III
Rodopiando a nostalgia
onde o meu ser nada viu,
não laborou, não sentiu,
nem fez de ti moradia...
Resta a minha simpatia,
o supor de quem não sente,
recordar o antigamente,
enaltecer a nossa História,
E os meus versos, na memória
vão rodando lentamente.
IV
Rodam como uma moagem
com carradas de cultura
e os sinais de desventura
dão-me gritos de coragem...
São murmúrios da mensagem
celebrada na resenha,
pra que o vento nos mantenha
sempre a par do seu saber,
e todo o mais é só viver,
esperando que a morte venha.
Em tardes de céus azuis que acabam cinzentos
Um silêncio alienado ecoa nos pensamentos,
É eleição mascarada, manipulação e banquete,
Moinhos de vento capturados em um tapete,
A farsa enganada por uma realidade atualizada
Encoberta de lama e sangue de encruzilhada.
SEMPRE DO MESMO JEITO
É sempre do mesmo jeito
A mesma escalada à frente
O vento rodando o moinho
O sol batendo no rosto
O corpo transpirando forte
Festejos e saudações
O sangue correndo nas veias
Palpitando a alegria e a emoção
O sorriso a boca
A fala mansa e tímida
Nada sei responder
A vida é essa contante troca de cenários. Eu ainda tenho essa fraqueza. Aceitar mudanças. Não de casa, não de cidade. A mudança que me desnorteia é a das pessoas. Que bom seria se todas continuassem como aquelas que ainda habitam nas minhas memórias, rindo, brincando, correndo. Sem mágoa. Sem intriga. Sem fofoca. Talvez as pessoas matem muito sua essência quando crescem. Talvez olhem muito para si e menos para os companheiros de jornada. Minha fraqueza ainda é essa: Quanto o vento da mudança sopra, eu ainda me seguro para não sair voando, ao invés de construir meu moinho de vento.
Ponho-me em meu lugar
A saber que a distância
É a instância do presente
Direito somente a calar
O moinho há muito girou
Tudo mudou,
Inclusive o que se sente
Sou D. Quixote
sem Sancho Pança e sem armaduras,
enfrento minha luta contra os moinhos de vento...
É uma luta inútil.
Por isso mesmo, é uma luta que vale toda a pena do mundo.
Seu querer é genuíno, ainda assim sopro incapaz de teimar. Não moverá moinhos em coração que sofre de tormentas.
Vejo a vida como uma ilusão onde realidade e loucura se entrelaçam, mas ainda assim sigo em frente como um moinho, movido pelo vento da existência e ciente de que cada momento é uma oportunidade de aprendizado e evolução.
A vida joga pesado
Acho que a vida gosta de jogar pesado algumas vezes.
Tem momentos que ela te joga em redemoinho em alto-mar e,
quando você pensa que vai se afogar,
ela te puxa e você vem à tona, ela te traz para terra firme de novo.
Em outros momentos ela te joga em fogueira ardente e,
quando você está se queimando e pensa que não vai suportar,
ela resfria para você respirar.
Umbelina Marçal Gadelha (Umbelarte)