Moinho
O que significa, afinal, escrever? É como um moinho de vento que também pode ficar sem grãos. Mas a pessoa inteira é como um aparelho de Estado, por vezes em grande desunião, sem governo, meio devastado, incapaz de responder como um todo ao mundo exterior. Às vezes, escreve-se movido por uma certa força, e às vezes tenta-se ganhar força escrevendo.
''A vida é um moinho, e constantemente lutamos para quebrar as hélices que forçam a moer nossos sonhos"
NO MOINHO DA NAÇÃO
A vida é como um moinho e para fazer a sua farinha precisa da mó de cima e da mó de baixo! O problema só vem dos moleiros e de quem compra a farinha!
António CD justo
A Casa de Limões
Numa tardinha
Me atordoaram
C’um causo.
Encostado do
Moinho da Sardinha,
Perambulava um garoto,
Que vivia numa casa
Feita de limões.
Ouvi um cochicho
Sobre um jovem Javali
Que se tornou padeiro.
E outro buchicho
Sobre um centenário Jabuti
Que se formou doceiro.
Mas este boato
É de maior capricho,
O aposento do guri
No topo dum limoeiro.
Construção ecológica.
Amarrava a dentaria
Sua hospedaria.
Parecia até mágica
Bruxismo ou feitiçaria.
Agora eu entendia
Quando minha mãe dizia,
Que existiam pessoas amargas,
Difíceis de manter relações.
Também pudera serem azedas,
Vivendo numa Casa de Limões.
Tenho o coração moído pela mó de vossa voz
O moinho de minha'lma esmiuça a ânsia incontida de sua presença
Que Deus perpetue em mim o dulçor de sua voz.
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés
Seu querer é genuíno, ainda assim sopro incapaz de teimar. Não moverá moinhos em coração que sofre de tormentas.
A vida é essa contante troca de cenários. Eu ainda tenho essa fraqueza. Aceitar mudanças. Não de casa, não de cidade. A mudança que me desnorteia é a das pessoas. Que bom seria se todas continuassem como aquelas que ainda habitam nas minhas memórias, rindo, brincando, correndo. Sem mágoa. Sem intriga. Sem fofoca. Talvez as pessoas matem muito sua essência quando crescem. Talvez olhem muito para si e menos para os companheiros de jornada. Minha fraqueza ainda é essa: Quanto o vento da mudança sopra, eu ainda me seguro para não sair voando, ao invés de construir meu moinho de vento.
Em tardes de céus azuis que acabam cinzentos
Um silêncio alienado ecoa nos pensamentos,
É eleição mascarada, manipulação e banquete,
Moinhos de vento capturados em um tapete,
A farsa enganada por uma realidade atualizada
Encoberta de lama e sangue de encruzilhada.
SEMPRE DO MESMO JEITO
É sempre do mesmo jeito
A mesma escalada à frente
O vento rodando o moinho
O sol batendo no rosto
O corpo transpirando forte
Festejos e saudações
O sangue correndo nas veias
Palpitando a alegria e a emoção
O sorriso a boca
A fala mansa e tímida
Nada sei responder
Ponho-me em meu lugar
A saber que a distância
É a instância do presente
Direito somente a calar
O moinho há muito girou
Tudo mudou,
Inclusive o que se sente
Sou D. Quixote
sem Sancho Pança e sem armaduras,
enfrento minha luta contra os moinhos de vento...
É uma luta inútil.
Por isso mesmo, é uma luta que vale toda a pena do mundo.
A vida joga pesado
Acho que a vida gosta de jogar pesado algumas vezes.
Tem momentos que ela te joga em redemoinho em alto-mar e,
quando você pensa que vai se afogar,
ela te puxa e você vem à tona, ela te traz para terra firme de novo.
Em outros momentos ela te joga em fogueira ardente e,
quando você está se queimando e pensa que não vai suportar,
ela resfria para você respirar.
Umbelina Marçal Gadelha (Umbelarte)
Vejo a vida como uma ilusão onde realidade e loucura se entrelaçam, mas ainda assim sigo em frente como um moinho, movido pelo vento da existência e ciente de que cada momento é uma oportunidade de aprendizado e evolução.