Moça Linda
- Eu compreendo-a perfeitamente. É uma moça [...] ainda jovem no corpo, mas velha n'alma. Quando se atira a esses excessos de depravação [...] atordoa-se, embriaga-se e esquece um momento; depois vem a reação, o nojo das torpezas em que rojou, a irritabilidade de desejos que a devoram e que não pode satisfazer; nestas ocasiões tem suas veleidades de arrependimento; a consciência solta ainda num grito fraco; a cortesã revolta-se contra si mesma. Isso passa no dia seguinte. Eis o que é Lúcia; daqui a algum tempo o hábito fará dela o mesmo que tem feito das outras: envelhecerá o corpo, como já envelheceu a alma.
O amor é brega
viola uivando pra lua
vela pro santo
nome na macumba
beijo doce
de moça de quermesse
andar de cio
brincando um flerte
beliscão safado
no trem lotado
desejo invadindo
a próxima estação
rima pobre rica de malícia
verso infiltrado na lição
o amor é isso
uma canção do Roberto
um soneto do Vinícius
Pois, quando um homem busca uma aventura passageira, escolhe geralmente uma moça que não seja bonita demais.
Mãe menina escutei de alguem quando os vi chorar: no sofrimento é que crescem.
Hoje, mãe moça aos 77 anos preciso crescer nas horas que choro escondida.
Moça Nordestina.
A nordestina é faceira
bonita formosa e bela
se a menina for solteira
ainda é moça donzela
se bulir, fizer besteira
é na base da peixeira
Que o cabra casa com ela.
Há uma sereia dentro de você.
Moça, há uma sereia dentro de você.
Eu consigo a ver, ela está dormindo num belo e prazeroso sono.
E, a qualquer momento, ela pode acordar e encantar o mundo.
Deixe-a livre.
Liberte-a desse sono e encante o mundo junto a ela.
A Moça Do Sonho
Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Toque seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó
Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu
Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez
Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais
“Amor é diverso. É um casal de idoso no banco da praça. É a moça e o rapaz brigando porque não querem terminar, mas não sabem mais continuar. É o menino de cinco anos levando uma flor para a “amiguinha”. É o menino apaixonado pelo menino. É a menina apaixonada pela menina. E nenhuma dessas faces atrapalha a vida alheia. Nenhuma espécie de amor foi feita para não caber no mundo. Até ele, o tal do amor, depende de como se vê.”
Preciso confessa-lhe moça, a princípio tive medo de amar.
Tive medo de não conseguir corresponder todo aquele carinho e amor que havia recebido desde o início por você.
Mas hoje, olhando pra gente e para os momentos inesquecíveis e surpreendentes que já vivemos em tão pouco tempo, percebo que foi bobeira ter todo aquele receio e não lhe entregar meu coração.
Foram tantas cicatrizes. Tantos amores que eu achava que era pra valer e não eram.
A vida me fez amadurecer. Me fechei para esse mundo.
Mas de repente veio você, com toda a sua ousadia e toda a sua magia e me fez sorrir novamente.
Hoje me vendo em seus olhos, percebo que já não sei mais viver sem você, sem te ver, sem o teu amor.
Perdoe-me se ainda não consigo demonstrar todo o carinho que mereces de mim. Mas acredite, o futuro não mais me assombra. Meu presente tem sido assustadoramente encantador ao seu lado.
E assim como entregaste teu coração a mim eu me entrego por inteiro à ti, minha pequena.
Homi , cabra seu minino
Rapaiz dexe de besteira
Num permita a moça ir imbora
Que nem carne e macaxeira
Essa coisa de orgulho
De mostrar que não se importa
Pode acabá te fazendo
Batê com a cara na porta
Ela tá é te querendo
Tú viu aquele sorriso?
Se isso num bulí contigo
Outro cabra pode achar
A porta do paraíso
Homi, a moça é jeitosinha
E vocês já cunversaram
Dexe di enrolação
Peça logo a sua mão
E se acerte com o vigário.
Urbano Sertão
É uma moça sem definições,
com suas próprias opiniões.
Muitas vezes chamada de anarquista,
noutras, feminista.
Mas, na verdade,
essa moça é uma infinidade de ideias,
de controversas
e de intitulações.
Disseram que pareço patricinha
Tenho cara de menina mimada
Que nada,
Minha cara é de moça
Moleca barbada
Rio de tudo
Faço nada.
Pois é,
Sou criança espevita
Roubo doces, cafunés
Ataco pães e bananadas
Viu,
Quando menos esperam
Tou na escada
Subo, desço
Pulo...
Tou nem ai
Se não gostam
E eu,
Sabe ?
Nem ai pra isso !
Chore. Moça, deixe suas lágrimas caírem. Permite-se. Seu coração é um jardim e ele precisa florescer....
Moça, "eu te avisei" seria um tanto óbvio para você.
Vamos dispersar os clichês da vida, a sua dor já é um deles.
Cá estamos nós de novo, nesse velho dilema entre poesia e solidão.
Eu sempre apareço quando você se esconde, sabemos bem...
Alguém tem que segurar a barra, eu uso as letras, você as lágrimas.
Ninguém precisa saber, vou te desfaçar de pedra outra vez.
Pegarei alguns papeis velhos, apontarei seus lápis antigos, e não se preocupe comigo...
Sobre estar só, eu sei.
-Monólogos com o Eu Lírico
Sabe meu caro, a moça já se iludiu tantas vezes, já criou expectativas aonde não deveria criar, já depositou confiança em quem não merecia um crédito da praça, já se frustrou em relações, já se enganou com pessoas que achava que conhecia, já amou sem ser amada, já chorou baixinho em seu quarto porque não queria dividir a sua dor com ninguém, já gritou de raiva enquanto a música estava às alturas, pra que assim ninguém pudesse perceber esse momento de extravaso. Era o que ela precisava fazer no momento, para não deixar o desespero e a loucura falar mais alto.
Mas agora meu caro, com ela é diferente. Ignorou, ela manda embora. Tratou com indiferença ela te deleta da agenda e do coração. Aprendeu a usar bem o seu tempo. Hoje ela sabe que nada nesse mundo vale uma lágrima se quer.
E por fim, decidiu guardar todo amor que existe em tua doce alma para quem realmente merece de verdade.
Amor em caixa
- Está procurando por algo especial, moça?
“Estou. Sabe um amor daqueles que a gente só vê em filme? Pronto, era por um desses que eu tava procurando... Você vende dele aqui? É que eu queria um desses pra mim... Queria um amor pra ter saudade, pra fazer os olhos rirem, pra fazer o coração pular de alegria quando o ver. Um amor pra amar. Mas acho que isso é só coisa da minha cabeça, né? O último que eu vi tava numa estante. Parado, acabado. Morreu. Eram dois, um colado no outro, como um quebra-cabeça de sentimentos... Só que um morreu, e quando isso aconteceu, o outro sentiu-se vazio. Era vazio por dentro e por fora; era vazio porque não existia mais ninguém que ele pudesse amar; era um vazio que tinha nome: tristeza. Cheio de tanto vazio, fez-se morto. Morreu junto, porque sua metade não estava mais com ele. Morreu de tanto amar. Era um amor desses que eu queria pra mim. Assim, especial. Era isso que eu tava procurando, mas deixa pra lá... Um amor assim não existe mais, não... O último desses que eu vi, acabou guardado numa caixa de lembranças”
- Não, não... Só uma blusa pra frio. Você tem?
Ela veio
Moça formosa
Me trouxe o presente
Cuidou de mim
Remendou minhas partes
Lustrou minhas asas
Queimou as correntes
Levou as desculpas
Iluminou meu caminho
Ela veio
Moça formosa