Minha Idade Depende

Cerca de 89935 frases e pensamentos: Minha Idade Depende

Decidi então tomar como guia de minha nova análise a atração que eu senti por certas fotos. Pois pelo menos dessa atração eu estava certo. Como chamá-la? Fascinação? Não, tal fotografia que destaco e de que gosto não tem nada do ponto brilhante que balança diante dos olhos e que faz a cabeça oscilar; o que ela produz em mim é exatamente o contrário do estupor; antes uma agitação interior, uma festa, um trabalho também, a pressão do indizível que quer se dizer. Então? Interesse? Isso é insuficiente; não tenho necessidade de interrogar minha comoção para enumerar as diferentes razões que temos para nos interessarmos por uma foto; podemos: seja desejar o objetovo, a paisagem, o corpo que ela representa; seja amar ou ter amado o ser que ela nos dá a conhecer; seja espartamo-nos com o que vemos; seja admirar ou discutir o desempenho do fotógrafo, etc.; mas esses interesses são frouxos, heterogêneos; tal foto pode satisfazer a um deles e me interessar pouco; e se tal outra me interessa muito, eu gostaria de saber o que, nessa foto, me dá estalo. Assim, parecia-me que a palavra mais adequada para designar (provisoriamente) a atração que sobre mim exercem certas fotos era "aventura". Tal foto me advém, tal outra não.
O princípio da aventura permite-me fazer a Fotografia existir. De modo inverso, sem aventura, nada de foto. Cito Sartre: "As fotos d eum jonal podem muito bem 'nada dizer-me', o que quer dizer eu eu as olho sem pô-las em posição de existência. Assim as pessoas cuja fotografia vejo são bem alcançadas através dessa fotografia, mas sem posição existencial, exatamente como o Cavaleiro e a Morte, que são alcançados através da gravura de Dürer, mas sem que eu os ponha. Podemos, aliás, deparar com casos em que a fotografia me deixa em um tal estado de indiferença, que não efetuo nem mesmo a 'colação em imagem'. A fotografia está vagamente constituída como objeto, e os personagens que nela figuram estãos constituídos como personagens, mas apenas por causa de sua semelhança com seres humanos, sem intencionalidade particular. Flutuam entre a margem da percepção , a do signo e a da imagem, sem jamais abordar qualquer uma delas".
Nesse deserto lúgrube, me surge, de repente, tal foto; ela me anima e eu a animo. Portanto, é assim que devo nomear a atração que a faz existir: uma animação. A própria foto não é em nada animada (não acredito nas fotos "vivas") mas ela me anima: é o que toda aventura produz.

Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações.

Amor da minha vida daqui até a eternidade.

Quando toca uma música bonita, minha ironia assovia mais alto. Um assovio sem melodia. Um assovio mecânico mas cuidadoso, como tomar banho ou colocar meias. Outro dia tentei chorar. Outro dia tentei abraçar meu travesseiro. Não acontece nada. Eu não consigo sofrer porque sofrer seria menos do que isso que sinto.

Devo ser a FIONA pois só aparece OGRO na minha vida.

“Mas o sentimento de inadequação, de estrangeirismo, carrego dentro de mim. Talvez seja da minha natureza não me sentir pertencendo a lugar nenhum, em lugar nenhum.”

Meu silêncio é minha auto-defesa.

Sacudir você e dizer que você é um otário porque está me perdendo dessa maneira. Minha vontade é esquecer você. Apagar você da minha vida. Lembrar de você a cada manhã. Pensar em você para dormir melhor. Então eu percebo: IT’S ME, e minhas vontades são bipolares demais. Só o que não é bipolar demais é a minha ganância por te ter. Sim, eu escolheria você. Se me dessem um último pedido, eu escolheria você. Se a vida acabasse hoje ou daqui a mil anos.

Vamos apreciar sem vertigem o tamanho de minha inocência.

Eu confio na minha beleza. Eu não confio é no bom gosto dos outros.

Quando meu celular tocar e eu vir que é você, eu vou deixar tocando… afinal, o toque é a minha música preferida!

Até hoje eu não sei se o nosso grande problema é o seu apego idiota a sua liberdade, ou a minha bipolaridade maldita que na nossa história, de alguma forma, é abafada por essa sua escolha de ter a mim e ao mundo, sem abrir mão de nenhum dos dois. Também não sei se o que me prende tanto a você é justamente essa impossibilidade de sermos, finalmente, nós. Mas alguma coisa me prende, e me prende demais.

A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.

Fernando Pessoa

Nota: Trecho de poema publicado no livro "Poesias Inéditas (1930-1935)", de Fernando Pessoa. Link

...Mais

“Você já não faz parte da minha vida e eu não me importo mais com isso.”

A minha vida é um todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns aos outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda humanidade.

Toda a parte mais inatingível de minha alma e que não me pertence – é aquela que toca na minha fronteira com o que já não é eu, e à qual me dou. Toda a minha ânsia tem sido esta proximidade inultrapassável e excessivamente próxima. Sou mais aquilo que em mim não é. E eis que a mão que eu segurava me abandonou. Não, não. Eu é que larguei a mão porque agora tenho que ir sozinha.
Se eu conseguir voltar do reino da vida tornarei a pegar a tua mão, e a beijarei grata porque ela me esperou, e esperou que meu caminho passasse, e que eu voltasse magra, faminta e humilde: com fome apenas do pouco, com fome apenas do menos.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Dorme, minha pequena
Não vale a pena despertar

Sei o que é o absoluto porque existo e sou relativa. Minha ignorância é realmente a minha esperança: não sei adjetivar. (...) Olhando para o céu, fico tonta de mim mesma.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Divagando sobre tolices.

...Mais

Tenho fé em mim mesmo, a minha experiência com Deus é por aí, sou muito pragmático, cético. Sou otimista. Se não fosse, num certo momento eu teria dançado. Mas, em relação à minha vida, o que está acontecendo é uma busca muito grande de felicidade que eu estou encontrando.

Deixa-me conduzir

Deixa-me mostrar minha dança, meu prazer, meu desejo
Deixa-me conduzir...
Deixa-me saciar tua sede com meu néctar
Deixa-me arrancar suspiros de teu âmago
Deixa-me tornar menina e mulher em teu colo
Em tua cama, em teu chão...
Deixa-me dominar, implorar, mandar
Arranhar, morder e chupar
Deixa-me conduzir...
E, após tudo isso,
Deixa-me dormir aninhada em teus braços cansados,
em teu corpo suado,
sentindo teu coração, tua alma

E então, conduza-me
Com a maestria de tua poesia.