Mim Mesma
Estou feita em pedaços porque te amo. Te amo mais do que a mim mesma.
Te amo tanto que me esqueço de mim e vivo por ti
“No fundo eu sei que o sentimento não morreu, mesmo não admitindo nem a mim mesma, mas eu o guardei lá, no fundo, na última gaveta, e a tranquei com correntes e cadeados. É difícil, as vezes ele tenta escapar. Mas eu me proibi a sofrer por aquilo novamente, mesmo que ele invada meus pensamentos de vez em quando, esqueço que as lágrimas existem, não vale a pena, não mais. Luto com meus pensamentos até que a gaveta pare de se agitar. Há coisas novas a serem guardadas em gavetas mais importantes.”
Fiquei imóvel com os olhos rendidos e perdidos em mim mesma.
Aos poucos a água tomou-me o corpo e os braços se abriram.
Tudo, ao meu redor, rodava lento.
Os pensamentos sangravam-me em gotas.
Uma arrastada eternidade tirava-me o foco de todo resto.
Vesti-me de um delírio solitário.
Abracei os meus desatinos.
Abocanhei os sons distorcidos.
Não senti frio, tão pouco o calor.
Uma sensação única devorou-me toda.
Não lutei contra.
Deixei-me levar.
Flutuei.
Apenas flutuei
.
.
.
Não posso fugir de mim mesma,
sou a soma de todos os meus
atos e pensamentos,
resultado do meu passado
e do aqui agora, e vivendo
na intensidade de mim
tornei-me única.
A cada amanhecer,
tenho gestado a mim mesma,
e a mim mesma, também parido.
E nestes muitos renascimentos
_ várias vidas dentro de uma só _
tenho notado muito de mim mesma.
Tropecei em mim mesma ao tentar me mudar. Vi que pra mim não tem mesmo jeito. Sou assim e vou morrer assim do jeitinho que você me ver.
Ridícula, sou eu. Que falo por aí que odeio mentiras mas sou obrigada a mentir para mim mesma todos os dias.
eu sou feliz por mim mesma, a minha existência é a essência do meu bem estar, não posso, não devo, e não vou resumir ou centrar minha felicidade a outra pessoa que não seja eu. Assim como todos, já passei por barras pessadas, mas não posso culpar o mundo, ou me sentir vitima de nada... não sou coidada... então ser feliz é meio que inerente a minha vida....
não consigo conviver bem, com alguém que acha que a felicidade esta no outro, ou em coisas, ou em ter, e não dentro de si mesmo,
Segredar o meu pensar
Minha dor é sentir-me iludida por mim mesma, por meus conselhos pretensiosos,
Por esta cabeça de vento que sempre encontra motivos para enganar-se dentro do mesmo mundinho frio, escuro e triste.
Minha ilusão é acreditar que pessoas podem ser tão sinceras quanto eu ao falarem de suas vidas, ao se envolverem de modo limpo e sem maldades.
Minha tristeza é permitir ser enganada sempre que vejo um sorriso brilhante na face da mentira, é sorrir de volta dando em dobro sem receber a certeza do outro.
Minha angústia é remoer noite adentro o quanto sou fácil de ser enrolada, a me sentir uma adolescente num primeiro encontro.
Meu desespero é esperar, esperar o que não se sabe se vai voltar olhar, olhar e nada mudar porque o passo principal já foi dado, o passo errado.
Meu tormento é chorar por dias da mesma dor que não muda, não passa, não acaba.
Meu medo é continuar sendo quem sou esquecendo sempre de onde vim e pra onde vou, passando horas dando voltas pelo quarto, me olhando no espelho esperando que ao menos aquela imagem de mulher fraca e devastada me responda quem sou eu...
Meu momento de dizer que acabou e que não mais sentirei teu cheiro por entre os meus cabelos, é o momento que mais me destrói, é o instante em que vejo diante dos meus olhos, a tua imagem me dizendo adeus.
Minha prova de que ainda existo após não querer existir, é necessitar buscar uma saída para não sucumbir de tanta tristeza.
Minha falência é ter a certeza de que logo que o sol raiar e as folhas secarem, num outono qualquer, tudo voltará a acontecer, e novamente verei face a face meu verdadeiro eu, um eu que sente a dor, sofre a ilusão, transborda de tristeza, decai de agonia, sente medo do depois, dá asas a imaginação, mente pra si mesma, se dedica a encontrar, mas não morre de paixão.
Porque resta a esperança de quem sabe encontrar o que não há em meus meados, de pensar e logo amar.
Resgato-me lá do fundo, sinto o cheiro do verão, outro dia é outro tempo, outras marcas, outro olhar, outra face do segredo, que jamais irei contar.
E como o vento bate aleatoriamente em meus cabelos em ordem ao contrária...
Prometi a mim mesma que iria relevar a perda, e começar subir tudo de novo. Porque, tudo isso se resume a uma pequena camada de falta de conhecimento, e um pouco de preocupação alheia. Meus cabelos estavam tão bagunçados quanto a minha cabeça, e me deixaram ainda mais confusa com relação a alguma coisa que na verdade não tinha tanta importância assim. Eu achei que um café fresco e um cigarro pra tentar esquecer, esqueceria. Me virei e fui correndo embora, corri daquela festa cheia de pessoas desconhecidas das quais tinham um olhar quase mais vazio que o meu. Eu sabia que não iria ir pra casa, eu fui pela outra rua e parei na frente da tua casa. E lembrei do olhar irônico do seu pai me dizendo que era bom me ver de novo, e que ele no fundo sabia que era impossível sermos só amigas. Mas de novo, desviei o caminho e fui parar em um lugar vazio, onde só ficavam os fumantes na área interna. Estava tremendo de frio, eu não sabia pra onde ir, não queria voltar pra casa, era tão cedo. Não queria dar aquele ar de boazinha que sempre chega no horário certo. Eu morava sozinha, trabalhava sozinha, eu era uma prisioneira das minhas próprias regras. Eu era satisfeita por ter-me em minhas próprias mãos. Afinal, alguém precisa cuidar de mim, nem que seja eu mesma. Mas já estava cansada disso, já estava de saco cheio dessa reciprocidade inexistente, eu estava perdida no meu próprio mundo indeciso, e nas minhas palavras complicadas. Mas já nasci assim, complicando o mundo, deixando tudo mais difícil. Mas à algum lugar, a de ter alguém que se acostume, com seu próprio jeito, com seu próprio manifesto. Com sua própria bola de cristal.
Em algum lugar...O vendo ainda bate desesperado em meus cabelos, fazendo com que a minha paciência chegue ao fim, e saia correndo novamente sem saber pra onde ir.
.. Só desejo um pouco de felicidade pra mim mesma,
porque com o resto do mundo eu sempre me preocupei.. Tá na hora de me amar nem que seja um pouquinho..