Milho

⁠Não há quem resista
muito muito além
de uma Festa Caipira
um saboroso Milho cozido
que nunca nos decepciona
e merece sempre
o seu lugar de honra
como parte da memória
e da nossa escolha.

⁠Um Bolo de Milho-verde
vai bem a qualquer
hora do dia ou lugar,
Não é difícil de fazer,
se não sabe e só aprender
para ter o prazer de saborear.

⁠Torta de Milho
com Carne Seca
bem feita enfeita
a mesa e traz sabor
que é uma beleza.

⁠Um saboroso Milho na brasa
com manteiga temperada
sempre deixa a gente
com água na boca e encantada.

⁠Vem prá Corrida do milho,
corre comigo que no final
estarei para sempre contigo.

⁠Separei o flocão de milho
para fazer um Manauê
com amor e muito carinho
para você se derreter,
E quem sabe o meu
amor você vir a querer.

⁠Com um café quentinho
nada melhor do que um
amoroso Bolo de Milho
como um gesto de carinho.

⁠Encontrei uma receita
Cocadinha de Milho Verde
para preparar com carinho
para a nossa Festa Junina,
Sei que tenho tudo aquilo
que te encanta e fascina,
sou eu a dona de toda
a poesia que em ti habita.

Cuscuz.⁠

Isso é fruto da natureza
vem do milho esse prazer
do nordeste é a riqueza
que faz nosso povo viver
e um bom cuscuz na mesa
do Plebeu à Realeza
todo mundo quer comer.

⁠Quem quer, colhe o milho;
Quem não quer, rejeita o mingau.

⁠Na saúde a gente investe
porque milho tem proteínas
pra gente passar no teste
vencemos secas e ruínas
como torresmo é pro Sudeste
o cuscuz tá pro Nordeste
quanto o queijo tá pra Minas.

⁠Se o milho de pipocas não passar por alta temperatura, não pode se transformar em belas flores.

⁠Acede nossa paixão
Oh São João
Com a canção que nos anima
Com um gesto de menina
Trás o milho para junina
Que nos traz muito calor

Sobre querer colher sem plantar...

Deus não vai te levar o milho sem palha e já ensacado na porta da sua casa, tocar a campainha e colocar ele lá dentro sem que você se esforce.

Mas se você plantar as sementes, Deus provavelmente irá te mandar a chuva para que essas germinem, e assim você possa colher o milho quando for a hora.

Na vida, todos buscamos algum resultado, mas poucos querem de fato pagar o preço. E a grande maioria não faz questão de exercitar o dom da paciência...

Quem tem pressa em comer mas não quer acender o fogo, ou come cru, ou vai dormir com fome.

A fé que rege a vida da noviça
Perde quando o vício do hábito a despir
Se ajoelhar no milho e se humilhar
Se arrepender, rezar, se revelar

Marrom glacê, garçon, pavê, pa ri, pardon
O Ratatouille, o queijo e o rondeli
Jogar, jurar, jorrar, chover, dormir
Urrar, berrar, chorar, morrer de rir

⁠Ao suportar o calor do fogo, a dura semente do milho se transforma num alimento belo e macio. Assim somos nós ao nos deixarmos lapidar pelo provisório sofrimento.

"⁠Nos balaios de cipó carreguei a palma para o gado, descasquei as espigas de milho e botei as vagens de feijão de corda que colhi na roça. Eles são de serventia para o meu trabalho no campo”.
Mãe Zuza (1914-1990).

ANDARILHO PEREGRINO

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Trem sem trilho
Gramíneas sem milho
Maquinista valdevino

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Peralvilho sem chegada
Bicho campesino
Correndo pela estrada

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Com alma de aventureiro
Espírito forasteiro
E sonho de menino

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Remendeiro do passado.
Vidente paladino
De futuro indecifrado

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Cego romeiro errante
Perdido de mim, clandestino
Fugido da vida, viajante

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Garimpeiro de ilusão
Na gruta incerta do destino
Passarinho sem alçapão

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Destemido caçador
Adulto pequenino
Semente de lavrador

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Vagamundo alienado
Missivista traquinino
Estafeta sem recado.

SOU ANDARILHO PEREGRINO
Funâmbulo da fatalidade.
Passadas de bailarino
Galgando felicidade.

Bolos da Marta

Tem bolo de milho
Pro café do pai,
Pro café da mãe
E o lanche do filho.

Tem bolo de queijo
Com gosto de beijo de lá da canastra.
Tem de chocolate, cenoura, laranja
Limão e aipim.
Quando o cheiro se alastra
Com cravo e canela é bolo de pudim.

Leva bolo freguesa
Põe bolo na mesa, de segunda a quarta
Na quinta e na sexta
Tu leva uma cesta de bolos da Marta.

Pro fim de semana
Tem bolos da mana
Com gosto de festa
Leva bolo freguês
Deixa um dia do mês
Para o bolo floresta.

mingau

e por falar em milho
rala-se no ralo grosso
panela e açúcar no fundilho
cravo e canela um colosso
pra gosto e temperar
e não ficar ensosso...
meche, meche sem parar
no fogo, um alvoroço
olha o leite pra engrossar
quero ver se alguém resiste
este doce paladar
de igual não existe
da roça pra qualquer lugar
mingau de milho verde, hummm!
os beiços a lambuzar
de um sabor incomum
pode acreditar!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
27/09/2019, sexta feira
Araguari, Triângulo Mineiro