Mfpoton
Um caracol...
De tanto encontrar
refúgio em mim acabei
aconchegando-me em concha
fechando-me em ostra
mariscando versos na maré
que vem como ondas
de ressaca cheia
em crescente quem sabe...
eu veja sereias
minguante das coisas
tristes e feias
mexilhando uma nova paixão
que como ondas
que vem e vão
sempre virá outra
talvez ainda maior
que arraste os caramujos
ou alise as algas
do fundo do mar.
Como resistir ...
um olhar a ti
cor de rosa
em botão
um botão de emoção
menina mulher
revelando em seus olhos
o fogo do amor
num despertar de pétalas
desabrochando
nas manhãs carameladas
de primeiros raios dourados
de pétalas ritmadas
em ligeiro carrossel
bordada em detalhes
e orvalhos da noite
a cada nova revelação
no sensível
aroma frágil
cristalino
no revelar das paixões...
Borboleta azul sobre meu jardim
a levar recados entre as rosas
ora fala com as amarelas...
ora fala com as vermelhas...
sempre com beijinhos de despedidas
após recado dado...
esvoaçante colorido dando vida e sentido
a planar sobre o canteiro
tão festiva como algazarra de criança
Ah!... que dia lindo...
colorido com tantas nuances de azul...
E a chegar mais borboletas...
listradas com amarelo e preto...
deve ser time de futebol!!...
Que festa no meu jardim...
com tantos cumprimentos, beijos e apertos de mãos...
E um silêncio tranqüilo...
apenas o ruído das folhas a rolar pelo chão,
passáros e o vento...
E a borboleta azul voando silenciosamente...
preenchendo tanto espaço e
colorindo a vida...
Olho a minha volta
encontro uma mulher azul
e uma pessoa vermelha
sei que não sou doida
não aguento mais tanta mascaração
não encontro mais ninguém
só tem fantasmas a volta
não suporto mais tanta solidão
pra onde foi todo mundo
só eu fiquei aqui
se me sinto tão só
porque não fui embora junto
não sei nem onde estava
ou que procurava
perdida em mim mesma
e agora pra onde vou
só encontro eu aqui
e não tenho mais ninguém
Preciso te reconhecer
nesse antro de malucos
pra nunca mais te perder
e não ficar aqui
sozinha... sem você.
Venha...
Seja o sol no meu dia,
para eu me sentir lua na noite
e refletir sua energia.
Seja orvalho no desabrochar da flor
nas gotas do seu suor.
Seja chuva para nutrir a terra,
e não torna-la árida da tua falta.
Seja o coração da minha mente,
o motivo do meu romance;
a fonte primaria de inspiração
dos meus versos.
Seja a essência desbravadora,
me proporcionando sentimentos
de segurança como complemento
da minha serenidade.
Seja a cumplicidade da minha
natureza... seja meu par.
Se me chamam de maluca
Maluca nem sei se sou
Vou para os neuróticos anônimos
Ah! Pra essa eu não vou
Prefiro os neuróticos atuantes
Pois ao menos vejo gente
Que não sejam como eles
Tão certinhos e corretos
Que me detonam o coração
Com tantas certezas
Que sei lá do que são
Se não tenho certeza nenhuma
Nem de nada nem de ninguém
Se ao menos busco dizer o que sou
Não quero ser dona de nada
Nem da droga da razão
Tomara eu cuidar de mim
E ainda ter que aturar os donos da questão.
grito do silencio...
tomado em fôlego por amor
grito do silencio...
quebrando tabus velados
como um grito no cristal...
quebrando
grito do silencio...
quebrando o espaço...
porque...
eu grito... EU TE AMO
mas apenas sussurrado...
em gritos rasgados por não me conter
e nem quero saber...
apenas grito...
queria gritar no pólo norte
entre icebergs...
para Deus ouvir o eco...
e você saber...
Algodão doce a preencher
o céu de cor de rosa
numa nuvem passageira...
e os olhos de criança...
A firmar o palito tão desajeitadamente,
e um novelo do tamanho da carinha
a grudar nos cabelos...
Para desespero...
A nuvem resolveu chover cor de rosa,
desta satisfação despreocupada...
lambuzada...
Educar seria mostrar sua ainda inabilidade
ou deixar sujar-se para que sinta a sua vontade.
E deixar que um passeio... seja um passeio...
uma singela descoberta de criança e pais...
Ruas escuras e desertas, silêncio profundo como
se não houvesse mais ninguém ali...
Antigos postes com luzes amarelas, afastados...
causando um sombreamento do remexido das árvores...
como fantasmas a correr pelo chão...
e o piar da coruja.
As folhas secas sob os pés... e a rolar ao vento...
Na espreita observação de manias...
Identificando a noite e o cheiro da floresta...
Nos instintos natural da noite...
sucumbindo-a loba...
as vezes gosto de zoar e
não apenas falar sério
e como escape da vida
ou de mim mesma
se emoção é seriedade
pra mim escapa
em confusão d'alma
pois sou água...
faço rimos de versos...
mas de correntezas
nem sei...
se profundas escapo,
prefiro o fluir natural e leve
zombeteiro como de um
peixinho colorido palhaço
O melhor beijo vem
acompanhado do olhar
aquele olhar... cobiça do amor
desvairado... sem pudor
ofegante...
não suportando mais ficar calado...
as juras do teu amor...
no seu olhar sedutor...
Um caminho parece sem saída
Num olhar restrito e com fim...
Quem sabe! Talvez uma curva...
Entremeada entre cordilheiras espetadas
Se abrindo em uma paisagem...
De um céu sem fim...
De um azul dourado sobre águas...
A te conter um murmúrio...
Olhos marejados,
e um suspiro...
Deixe uma árvore se expandir na sua plenitude
para expressar toda sua dádiva de vida,
e assim essa energia ser expandida e disseminada.
Do contrário a energia fica retida não sendo liberada.
Assim como nós...
Se um árido deserto.
Tem uma esterilidade que assusta
e ao mesmo tempo uma beleza que extasia.
Retendo encantamentos como num paraíso,
a nos fazer pensar no fascínio da natureza
e em como ela pode ser pródiga
A natureza sempre se transforma... e nos transforma
Basta olhar-mos para termos a certeza
Da força da sua presença e em como ela atua
O segredo esta no resgate da essência da natureza
Pra aquilo que fomos criados e não ao que inventamos
Vi minha sombra no espelho
E pensei não ser eu
Parece que fugi de mim
E não sei pra onde fui
Fiquei a pensar, por que
Daquela imagem fria
Foi que então percebi
Que meu coração não estava ali
Tentei, busquei
Saber em que canto se enfiou
E descobri num pássaro que cantava em flor
Um canto de lamento e dor
Uma lagrima em meu rosto brotou
E como pedra rolou
Na flor que desabrocha em cor
A frieza de um amor
Meu coração se despedaçou
Em pedacinhos rolou
Numa praia se formou
Para eu construir castelinhos...
Se estou aflita você me acalma
Se estou perdida você me aponta um caminho
Se estou ansiosa você me faz acreditar
Se estou iludida você me mostra uma realidade linda
Se estou chorando você me faz rir
Se estou vaidosa você me mostra que a simplicidade e mais fácil
Se estou triste você me acalenta
Se te desejo você me realiza
Tudo isso eu consigo só de olhar pra ti
Só porque estou te amando...
O coração esvaziou
Acabou-se o tormento
A boca selada sem lamentos
Não mais se empadece
Na ânsia do momento
De olhos vazios
Com serenidade triste
Num pacato arrependimento
Dos pensamentos ardentes
Que sumiam com o chão
Te confundiam a alma
Que subiam a mente
Numa estranha confusão
Agora sozinho sem sofrimento
Numa enorme imensidão
Qual a real do irreal
Como saber ate aonde não sou louca
Não quero ser micha,
nem tampouco perfeita
Se o que sinto é verdade
Como saber sem ver o brilho dos teus olhos
Nem sei se falo de mim
Espelhando-me em ti
Ou delírio de volúpia na minha loucura.
Ou tenho medo de tocar
E a realidade se apresentar outra
Meu sonho se desmanchar
O encanto se quebrar
E eu me descobrir outra
Não... Não consigo parar de te olhar
Me perguntar tantos será!...
Se não posso acabar
Pois acabaria comigo
Ficaria como zumbi
A entender menos que antes
O que faço para aquietar minha mente
Aquietando a sua...
Acreditando que difícil e fácil não existe
O que sinto sim
Só não sei se real a realidade
O que faço...
Bater em sua porta no meio da noite
Sem que você saiba quem sou...
Louca de amor
Posso rir, se nada existir
Ou não suportaria este riso
Ao invés de suspiros...
Das minhas impressões
reflexões
resultam as expressões
resultado do exterior
assimilado pelo meu verdadeiro sou
somatizado com sabores e dores
digo quem sou
a quem queira saber
não sou ninguém
nem mais nem menos
diferente
vim ao mundo curtir
cheguei aqui encontrei muita burocracia
vou levando
sem muitas pretensões
a não ser te conhecer...
Vou achar um caminho inverso,vou...
Incerto do destino
Deste nem quero saber
Apenas saltar à certeza do destino
Vagante colhedor de estrelas
Amante da natureza
Generoso despertar
Alçar meus anseios
Buscar quem me procura
Unicamente por me entender assim
Nada querendo mudar
Descobrindo-me
Ao invés de quem me anula
O coração já não suporta mais
Essa fantasia lírica
Me arrancando os impulsos das entranhas
E me jogando na vida
Esfacelando-me a certeza colorida
Lançando-me numa realidade crua
Da qual me dispo dos encantos
Das puras suposições minhas
Caio patinando a esmo
Por não encontrar fantasias
Da maneira que sinto
Neste mundo hostil
Preciso me reinventar
Buscando o que aqui não vim procurar
Meu mundo não é daqui
Não posso reinventá-lo
Então vou reinventar a mim...