Meu Olhar
Meu olhar para perto, de perto, leva-me para o real, meu foco.
Meu olhar para longe, de longe, me leva para fora do meu eu, me carrega para o inventado, me coloca na fantasia, meu sonho.
Flávia Abib
Estendo o meu olhar para os céus, e logo avisto um avião; um avião muito, muito, muito longe, que chega ser um pontinho em meio a imensidão azul.
E penso: nossa, se este avião cair agora mesmo, a notícia será propagada para o mundo inteiro em poucos minutos.
Agora comparo, as notícias da batalha recorrente entre o bem e o mal no planeta terra, eis o grande conflito, somos tão pequenos, mas todos os mundos, seres celestiais e o anjos nos acompanham, sim, somos notícias!
No palco da existência, fui um curioso desmedido em relação à vida. Meu olhar provoca o meu pensamento, que me diz em silêncio que a noite a imaginação não tem limites. A lua que desponta enorme por trás das montanhas ilumina as planícies com sua luz prateada. Sou envolvido pela mágica noturna e deixo-me encantar pela beleza sem igual. Minha alma percorre como se a ausência do sol fosse fator determinante para te encontrar mais que dura ilusão; a lua e minha amiga e não deixa isso acontecer. Boa noite
- DO SILÊNCIO -
Há nos traços do meu rosto
Há no brilho do meu olhar
Um não sei quê de saudade
Uma tristeza sem par!
Nos meus dedos levo gritos
De lágrimas cansadas
Levo culpas, levo medos
Levo sonhos, levo nadas!
Há no corpo que me veste
À amargura d'um Poeta
E na dor que não se cala
Uma tristeza concreta!
Do que fui já não me lembro
No que sou não há verdade
Serei sempre do silêncio
Este grito de saudade!
No Sepulcho de Alguém -
Descanso o meu olhar sobre uma lousa,
despojo final, sem luz nem Vida,
de Alguém que amei e Jaz repousa,
eterna, silenciosa e tranquila ...
Minha colcha de oiro fino e de cetim,
não pôde a fria tumba, docemente,
desfazer a cama de ilusões, amarga e sem fim,
que a Vida te fez viver, intensamente!
E o vento passa! Leva, traz, murmura!
Lânguidos suspiros, silêncio absorto, sonhos d'água ...
Invejo a tua campa, minha amada, solitária sepulchtura ...
Quem ama como eu sorri à morte!
Triste desespero, lamento, agonia, mágoa ...
Eu vivo - tu morres! Triste sina - má sorte!
Sozinho -
Ando na vida sozinho,
à deriva, como um louco,
meu olhar, coitadinho,
do destino sabe pouco.
Ando na vida sem assento,
por capricho ou solidão,
estou vencido, não há tempo,
meu cansado coração.
Ando na vida sem rumo,
à procura de um caminho,
estou perdido mas assumo,
anďo na vida sozinho!
Sombras Aflitas -
Trago o meu olhar vazio
no vazio da solidão
trago o destino marcado
e o meu corpo cansado
sem Alma nem Coração.
Peço à Vida coragem
peço à Vida mais Vida
que a luz do meu olhar
tal como as ondas do mar
por mim passa de corrida.
Na ausência do meu quarto
no silêncio desta cama
nas palavras que me gritas
entre sombras aflitas
está a dor de quem te ama.
Ponho os olhos no teu corpo
é um sonho, não me iludo,
tantas horas paradas
em palavras esmagadas
que me deixam quase mudo.
Folhas ao Vento -
Folhas caem ao vento
sobre a luz do meu olhar
como a queda do tempo
que me impede de sonhar!
E estrelas bailam no Céu
como silêncios no ar
e vejo os olhos de Deus,
então, espelhados no mar!
Por mim chama a solidão
que só leva a mau caminho
e ai do pobre coração
que faz dela o seu destino!
Há dor e esquecimento
na cama ao meu lado,
folhas caídas ao vento
sobre o chão do meu Passado!
E Anoiteceu -
Há no frontispício do meu olhar
a mácula d'um vazio indefinido ...
E anoiteceu!
Fez-se escura a minha Alma
cheia de turva solidão.
Longe do Céu, longe da Terra,
longe de todos os sonhos
nada sei do meu silêncio.
Há ainda um qualquer destino
por cumprir,
coisas por viver, vontades por abrir.
São abismos! Profundos, silenciosos ...
São vales! Densos, parados ...
São montanhas! Penedos que se erguem
entre mim e a vida. Entre a Vida e Deus.
Estou cansado!
Há no frontispício do meu olhar
a mácula d'um vazio indefinido ...
E anoiteceu!
"Defrontando-me aos livros que aqui expõem ao meu olhar, vem ao meu ser uma certa apreensão ao que antes era da minha vontade e hoje ejeta a cada instante em que eu visualizo. Como disse uma vez Carlos Drummond de Andrade. " Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante." o que atualmente, guarda este mesmo sentido em minhas ações momentâneas."
"Ninguém enxerga o que vejo nos meus olhos; por algum motivo, meu olhar é sério e morto, como um reflexo silencioso da minha alma."
Poeira estelar.
Céu noturno
Pra onde se dirige meu olhar.
E fico a me perguntar: de que partícula sou... como aqui vim chegar?
Mergulho profundamente nos processos cósmicos que moldam este mundo...
Vou em busca de respostas...
E vou até o fundo.
Chego à minha raiz – nuvens cósmicas gigantes... as nebulosas.
Entrelaçaram-se elas num balé cósmico.
Chegam a um frenesi sem igual.
Explodem numa explosão fenomenal.
Olho o céu noturno.
Em busca do meu passado.
E repito sempre palavras que em algum lugar li: “eu, universo de átomos, um átomo no Universo”.
É estranho estar aqui agora simplesmente a fazer disso versos.
É com o coração cheio de gratidão que eu recebo o amanhecer, reorganizo meu olhar, rego minha esperança, sereno o coração e abro a janela da alma para receber mais um novo dia.
O que terá acontecido quando o meu olhar morreu nos teus olhos
O que foi que aconteceu quando sua vóz em meus ouvidos desapareceu
O que foi que aconteceu quando soube que era amado
Aconteceu a grande cena, amar o que me foi dado pelo vento, amar os olhos que afundaram os meus sem relutância, amar a sinfonia da voz perdida nos meus ouvidos e a proibir-me a não demonstrar amor sempre sempre que o vento soprar.
vc
Acho que, inexplicavelmente passamos a nos pertencer, no instante em que meu olhar indiscreto por displicência ou malícia colidiu com os olhos teus.
A poesia é a cor que pinta meus sonhos, que aquarela meu olhar e dá cor ao meu sorriso.
É ela que embaralha as letrinhas em meu olhar, rima uma palavra com outra, versa a vida em toda a sua extensão e a distribui em versos.
É a poesia que cadencia o som do mar com as batidas do meu coração e serena se espraia em tudo que o meu olhar toca, tudo que minha alma alcança.
É ainda a poesia que me envolve, ora com serenidade de brisa, ora com a força de uma tempestade até desaguar nos olhos e em cascata escorrer pelas lembranças.
É a poesia que nas noites de solidão acalenta minha alma inquieta, afaga minha saudade e aquece meu coração.
É a poesia que chega com a escuridão da noite e me faz companhia de dia.
É ela que se faz saudade quando a nostalgia puxa a cadeira e sem pressa senta-se ao meu lado.
É a poesia que pinta o quadro do dia com as cores da minha emoção, com as nuances de vida que brilham em cada estação.
A poesia está nas minhas horas de espera, na chegada e na partida, no que sou, no que fui e em tudo que ainda serei.
Que a ferrugem do tempo não endureça o meu olhar e que eu nunca perca a sensibilidade, a delicadeza, a capacidade de enxergar beleza nas miudezas da vida.