Meu nome
OS MEUS PROVEITOS
Eu amo tudo o que fiz
Porque eles me apontam agora
E sabem do meu nome
E se compõem de um tanto de mim.
Eu amo o que não fiz
Porque eles me apontam o jeito da feitura
E minha cabeça racha-se em pensar
Será mais bonito, terei mais sabido
E tudo o que eu fiz
Para me felicitar ainda mais
Se deram às pessoas do mundo
E muitos delas falam de mim
E sabem do meu nome.
Tudo o que eu ainda não fiz
Agora está pra ser feito
E eu já tenho os modelos
Um depósito cheio de manequins provadores
E o que eu vou fazendo
Vou sabendo em que cabeça caberá
Como uma coroa encomendada.
ACONTECE
Chamaram pelo meu nome e eu atendi
Mas não havia ninguém daquela voz
Não encontrei ninguém na sala
Enganei-me pensando: vem da rua
Só que era domingo o dia triste
Quando as pessoas dormem
Umas por sobre as outras
No conforto e na preguiça próprias do dia.
Ninguém bateu à porta e quis entrar
Sentado à minha frente
Discutimos futebol
Falamos de poesias.
Posto o espelho no meu quarto
Fui ver o meu rosto, meu aspecto
E ninguém ocupara o espelho
Especioso retocava os meus sinais.
Passar você pro meu nome
Vou fazer uma procuração
Tirar recibo e até certidão
Pois hoje vou registrar você
De vez em meu coração
Quero que tudo seja registrado
Carimbado e autenticado
Pois até dos nossos beijos
Vou fazer um certificado
No fórum do amor
Vou procurar pelo senhor Dr.
Pois com sentimento não se brinca
Muito menos com amor
Com duas fotos 3 X 4
Vou fazer o testamento
Deixar tudo no jeitinho
Pro dia do casamento.
Lailin
Meu nome é Lailin
Que absurdo
Que diabos é uma Lailin no mundo?
Os médicos do Sirio Libânes me atenderiam?
As enfermeiras mediriam minha pressão?
Seria tratada como humana?
Uma equipe operatória me proclamaria uma unidade?
Em suma: Aqueles que foram eleitos para cuidarem da nação, assumiriam a mais pequena responsabilidade por mim?
Vejo-me no espelho
e reconheço a minha fatuidade
Tenho tempo apenas de rir de mim mesma
e da minha dor.
Traço metas, defino prioridades, luto contra as adversidades e sempre chego onde quero.
Meu nome?
DETERMINAÇÃO!!!
A solidão é meu nome
convém-me ossos roer
e sem visão d'outro norte
lastimo a dor de meus cortes
desditoso por aceder
vegetando, sem viver
me amofinando entre enfados
há cada dia há um fado
d'invernos que me consome
a solidão é meu nome
d'infernos fui apenado.
Quanto mais você diz que ninguém se importa com você, mais eu me pergunto quando meu nome virou ninguém.
O mar das minhas mágoas
Já não chama p'lo meu nome
Mas nos meus olhos profundos
Passa um vento que consome
Todas as mágoas do mundo.
Porque eu amo a poesia!
Amo a rosa que nasceu
Entre a noite e a madrugada
Que em seguida floresceu
Mas ficou abandonada ...
E hei-de amar o amanhã
No cantar dos seus regatos
Hei-de amar a multidão
Levar o Fado nos meus braços
Com amor no coração.
Os meus olhos não se esquecem
Dos sorrisos que fizeram
Ao chorarem docemente
O destino que me deram
Tantas vezes tristemente.
Amo a dor que já não dói
E os silêncios que ela faz
Amo a luz do meu olhar
A magia que ela traz
Ao ver os dias a passar.